SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 16
Bases da Interação Antígeno- Anticorpo Aula 3 Maio de 2003
A interação antígeno-anticorpo é tradicionalmente classificada em primária, secundária e terciária. O primeiro caso se entende como o fenômeno em si  da ligação ag-ac. Os efeitos imediatos desta ligação, como a precipitação ou a aglutinação dos comple-  xos, são entendidos como a interação secundária. Por  reação terciária, compreende-se os efeitos biológi-  cos gerados, como o processo inflamatório iniciado pela ativação do sistema complemento ou pela de- granulação de mastócitos e basófilos. A seguir, serão abordados alguns aspectos desta interação, fundamentais para a compreensão das aulas seguintes, onde serão apresentadas  as aplicações práticas da mesma.
O anticorpo é constituído por quatro cadeias  polipeptídicas, possuindo  dois sítios  de ligação ao antígeno. Antígeno cadeias sítios de ligação anticorpo = imunoglobulina
O anticorpo é formado de duas cadeias leves e duas cadeias pesadas unidas por pontes dissulfeto .
as  classes de  imunoglobulinas Nos mamíferos existem cinco tipos de cadeias pesadas (  e  ) e dois tipos de  cadeias leves (  e  ). As  cinco  diferentes  cadeias  pesadas formam cinco classes de anticorpos: Todos anticorpos  aqui apresentados, es- tão na forma mono- mérica. IgA e IgM apresentam formas poliméricas IgG IgM IgD IgA IgE
O   anticorpo secretado é essencialmente uma molécula bifuncional  na  qual as  regiões  V (variáveis)  estão primariamente relacionadas com a ligação ao antígeno, e  as  porções C (constantes) interagem com  receptores  celulares. As  regiões hipervariáveis  estão  localizadas na região variável e os  resíduos destas  regiões interagem especificamente com o antígeno. REGIÃO VARIÁVEL SÍTIO DE LIGAÇÃO DO ANTÍGENO. REGIÕES CONSTANTES REGIÃO  DA  DOBRADIÇA Extremidade amino-terminal (NH 2 ) Extremidade  carboxi-terminal  (COOH)
Estrutura espacial do anticorpo Cadeias pesadas Cadeia leve Fc Fab Sítio de ligação do antígeno
Modelo espacial do sítio de ligação do antígeno em um anticorpo. As regiões variáveis das cadeias pesadas e leves são mostradas em azul e amarelo. As  cadeias em  vermelho compõem o sítio de ligação,  evidenciando os  resíduos  de aminoácidos,  nas  regiões  determinantes de  complementariedade (CDR), que fazem contato com o antígeno.
Observe: uma região da molécula é responsável  pela ligação ao  antígeno enquanto  uma  região  diferente  promove  as  chamadas  atividades biológicas, que incluem  a  fixação do complemento, a ligação da  imunoglobulina à tecidos do hospedeiro, às várias células do sistema imune etc. RECEPTOR DE  Fc MICRÓBIO 1 - SE LIGA AO ANTICORPO MICRÓBIO 2 - NÃO SE LIGA AO ANTICORPO LIGAÇÃO DO Fc AO FAGÓCITO LIGAÇÃO DO Fc AO COMPLEMENTO Fab: fragmento que se liga ao antígeno Fc: fragmento cristalisável – responsável pelas atividades biológicas mencionadas. Fab Fc
Os anticorpos são altamente específicos para a  conformação tridimensional do epítopo . EPÍTOPO Epítopo ou determinante antigênico:  porção, região do antígeno que se liga no anticorpo.
As  moléculas  de  anticorpo  não  se  ligam  ao  antígeno como um todo. Vários anticorpos podem reconhecer num mesmo antígeno, uma ou várias pequenas regiões diferentes (os já  mencionados epítopos). Antígenos monovalentes  Antígenos multivalentes
O antígeno pode ser então: monovalente ( como um hapteno ) ou  multivalente ( como um microrganismo ). hapteno com  um único epítopo microrganismo com diferentes epítopos Hapteno : qualquer molécula que é incapaz de, sozinha, induzir uma resposta imune, mas que é reconhecida pelo sistema imune  como estranha.  O hapteno conjugado a um carreador pode induzir uma resposta imune. O carreador é qualquer molécula maior, imunogênica, que transporte o hapteno.
Uma boa adaptação entre o determinante antigênico e o sítio combinatório do anticorpo fornecerá amplas oportunidades para o surgimento de forças atrativas intermoleculares e poucas oportunidades para a ação das forças repulsivas. Boa adaptação Adaptação precária Epítopo Epítopo
ANTICORPO ANTÍGENO Forças de atração intermoleculares A ligação do antígeno com o anticorpo  se  dá pela formação de múltiplas ligações não-covalentes entre  radicais do antígeno e aminoácidos do anticorpo, do local de união. Embora as forças de atração envolvidas nestas  uniões (especialmente pontes de hidrogênio, forças eletrostáticas, forças de Van der Waals) sejam  individualmente fracas, em  comparação com as ligações covalentes, a multiplicidade das ligações resulta em uma energia de ligação suficientemente forte. As forças hidrofóbicas repelem moléculas de água Pontes de hidrogênio O N O N Eletrostática - - Van der Waals -  + +  - +  - -  + Hidrofóbica Exclusão da água + +
Reatividade  Cruzada Quando alguns dos epítopos de um antígeno A  são compartilhados por um outro antígeno B, uma parte dos anticorpos dirigidos para A também reagirá com B. Reação específica Reação cruzada Ausência de reação A  ESPECIFICIDADE  da ligação Ag-Ac reflete justamente este perfeito encaixe do  epítopo no sítio de ligação. A  AVIDEZ  reflete a intensidade de interação de anticorpos para diversos epitopos. A  AFINIDADE  reflete a intensidade de interação de um anticorpo para um epitopo.  Epítopo não compartilhado. X’ Y Epítopo Y compartilhado Antígeno imunizante X Y Z Anti X Anti Y Anti Z
FIM

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

ICSA17 - Antígenos e anticorpos
ICSA17 - Antígenos e anticorposICSA17 - Antígenos e anticorpos
ICSA17 - Antígenos e anticorposRicardo Portela
 
ICSA17 - Introdução e Conceitos Básicos em Imunologia
ICSA17 - Introdução e Conceitos Básicos em ImunologiaICSA17 - Introdução e Conceitos Básicos em Imunologia
ICSA17 - Introdução e Conceitos Básicos em ImunologiaRicardo Portela
 
Resposta imune celular
Resposta imune celularResposta imune celular
Resposta imune celularLABIMUNO UFBA
 
Imunidade adaptativa
Imunidade adaptativaImunidade adaptativa
Imunidade adaptativaSilas Gouveia
 
Introdução à imunologia
Introdução à imunologiaIntrodução à imunologia
Introdução à imunologiaMessias Miranda
 
ICSA17 - Ativação de linfócitos B e Resposta Imune Humoral
ICSA17 - Ativação de linfócitos B e Resposta Imune HumoralICSA17 - Ativação de linfócitos B e Resposta Imune Humoral
ICSA17 - Ativação de linfócitos B e Resposta Imune HumoralRicardo Portela
 
ICSA17 - Resposta Imune a infecções PDF
ICSA17 - Resposta Imune a infecções PDFICSA17 - Resposta Imune a infecções PDF
ICSA17 - Resposta Imune a infecções PDFRicardo Portela
 
Estrutura e funções dos anticorpos para alunos
Estrutura e funções dos anticorpos para alunosEstrutura e funções dos anticorpos para alunos
Estrutura e funções dos anticorpos para alunosGildo Crispim
 
Citocinas da imunidade inata e adquirida
Citocinas da imunidade inata e adquiridaCitocinas da imunidade inata e adquirida
Citocinas da imunidade inata e adquiridaLABIMUNO UFBA
 
Anticorpos Monoclonais
Anticorpos MonoclonaisAnticorpos Monoclonais
Anticorpos MonoclonaisLABIMUNO UFBA
 
Imunidade ativa e passiva
Imunidade ativa e passivaImunidade ativa e passiva
Imunidade ativa e passivaMessias Miranda
 
Imunidade Adquirida - Humoral
Imunidade Adquirida - HumoralImunidade Adquirida - Humoral
Imunidade Adquirida - HumoralIsabel Lopes
 
Reações de Hipersensibilidade
Reações de HipersensibilidadeReações de Hipersensibilidade
Reações de HipersensibilidadeNayane Marinho
 

Mais procurados (20)

Hipersensibilidade
HipersensibilidadeHipersensibilidade
Hipersensibilidade
 
ICSA17 - Antígenos e anticorpos
ICSA17 - Antígenos e anticorposICSA17 - Antígenos e anticorpos
ICSA17 - Antígenos e anticorpos
 
Imunidade Inata
Imunidade InataImunidade Inata
Imunidade Inata
 
ICSA17 - Introdução e Conceitos Básicos em Imunologia
ICSA17 - Introdução e Conceitos Básicos em ImunologiaICSA17 - Introdução e Conceitos Básicos em Imunologia
ICSA17 - Introdução e Conceitos Básicos em Imunologia
 
Resposta imune celular
Resposta imune celularResposta imune celular
Resposta imune celular
 
Antigeno e Anticorpo
Antigeno e AnticorpoAntigeno e Anticorpo
Antigeno e Anticorpo
 
Imunidade adaptativa
Imunidade adaptativaImunidade adaptativa
Imunidade adaptativa
 
Introdução à imunologia
Introdução à imunologiaIntrodução à imunologia
Introdução à imunologia
 
ICSA17 - Ativação de linfócitos B e Resposta Imune Humoral
ICSA17 - Ativação de linfócitos B e Resposta Imune HumoralICSA17 - Ativação de linfócitos B e Resposta Imune Humoral
ICSA17 - Ativação de linfócitos B e Resposta Imune Humoral
 
ICSA17 - Resposta Imune a infecções PDF
ICSA17 - Resposta Imune a infecções PDFICSA17 - Resposta Imune a infecções PDF
ICSA17 - Resposta Imune a infecções PDF
 
Estrutura e funções dos anticorpos para alunos
Estrutura e funções dos anticorpos para alunosEstrutura e funções dos anticorpos para alunos
Estrutura e funções dos anticorpos para alunos
 
Citocinas da imunidade inata e adquirida
Citocinas da imunidade inata e adquiridaCitocinas da imunidade inata e adquirida
Citocinas da imunidade inata e adquirida
 
Imunologia
ImunologiaImunologia
Imunologia
 
Anticorpos Monoclonais
Anticorpos MonoclonaisAnticorpos Monoclonais
Anticorpos Monoclonais
 
Imunidade ativa e passiva
Imunidade ativa e passivaImunidade ativa e passiva
Imunidade ativa e passiva
 
Imunodiagnostico
ImunodiagnosticoImunodiagnostico
Imunodiagnostico
 
Imunidade Adquirida - Humoral
Imunidade Adquirida - HumoralImunidade Adquirida - Humoral
Imunidade Adquirida - Humoral
 
Slide imuno
Slide imunoSlide imuno
Slide imuno
 
Reações de Hipersensibilidade
Reações de HipersensibilidadeReações de Hipersensibilidade
Reações de Hipersensibilidade
 
Antígeno Anticorpo
Antígeno AnticorpoAntígeno Anticorpo
Antígeno Anticorpo
 

Destaque

Destaque (20)

Antigenos e Anticorpos
Antigenos e AnticorposAntigenos e Anticorpos
Antigenos e Anticorpos
 
Anticorpos: estrutura, classes, subclasses e atividades biológicas
Anticorpos: estrutura, classes, subclasses  e atividades biológicasAnticorpos: estrutura, classes, subclasses  e atividades biológicas
Anticorpos: estrutura, classes, subclasses e atividades biológicas
 
Aula1 imuno clínica revisional
Aula1 imuno clínica  revisionalAula1 imuno clínica  revisional
Aula1 imuno clínica revisional
 
Resposta inata
Resposta inataResposta inata
Resposta inata
 
Imunologia
ImunologiaImunologia
Imunologia
 
Sétima aula sist. complemento
Sétima aula   sist. complementoSétima aula   sist. complemento
Sétima aula sist. complemento
 
Ap6 - Reação de Precipitação
Ap6 - Reação de PrecipitaçãoAp6 - Reação de Precipitação
Ap6 - Reação de Precipitação
 
Anticorpos monoclonais e policlonais pdf
Anticorpos monoclonais e policlonais pdfAnticorpos monoclonais e policlonais pdf
Anticorpos monoclonais e policlonais pdf
 
01 imunidade inata
01 imunidade inata01 imunidade inata
01 imunidade inata
 
Antígenos
AntígenosAntígenos
Antígenos
 
Respostas imunes humorais
Respostas imunes humoraisRespostas imunes humorais
Respostas imunes humorais
 
Critérios de Validação
Critérios de ValidaçãoCritérios de Validação
Critérios de Validação
 
Imunodiagnóstico
ImunodiagnósticoImunodiagnóstico
Imunodiagnóstico
 
Anticorpo
AnticorpoAnticorpo
Anticorpo
 
Proteínas
ProteínasProteínas
Proteínas
 
[Ppc 2011] Regulamento das atividades de conclusão de curso
[Ppc 2011]   Regulamento das atividades de conclusão de curso[Ppc 2011]   Regulamento das atividades de conclusão de curso
[Ppc 2011] Regulamento das atividades de conclusão de curso
 
Apresentação de imuno iii
Apresentação de imuno iiiApresentação de imuno iii
Apresentação de imuno iii
 
Aula
AulaAula
Aula
 
Proteínas de defesa
Proteínas de defesaProteínas de defesa
Proteínas de defesa
 
Proteínas de defesa anticorpos
Proteínas de defesa anticorposProteínas de defesa anticorpos
Proteínas de defesa anticorpos
 

Semelhante a Ap3 - Bases da Interação intígeno anticorpo

silo.tips_anticorpos-estrutura-e-funao.pdf
silo.tips_anticorpos-estrutura-e-funao.pdfsilo.tips_anticorpos-estrutura-e-funao.pdf
silo.tips_anticorpos-estrutura-e-funao.pdfmariane211488
 
aula-2_proteinas_-aminoacidos-2018.pptx
aula-2_proteinas_-aminoacidos-2018.pptxaula-2_proteinas_-aminoacidos-2018.pptx
aula-2_proteinas_-aminoacidos-2018.pptxLairaPalomaMej
 
Anticorpos Estrutura
Anticorpos EstruturaAnticorpos Estrutura
Anticorpos EstruturaLABIMUNO UFBA
 
Fabiane apresenta￧ ̄o+anticorpos
Fabiane apresenta￧ ̄o+anticorposFabiane apresenta￧ ̄o+anticorpos
Fabiane apresenta￧ ̄o+anticorposguestd78ba9e
 
Aula teorica 09 principais caracteristicas das reacoes organicas
Aula teorica 09   principais caracteristicas das reacoes organicasAula teorica 09   principais caracteristicas das reacoes organicas
Aula teorica 09 principais caracteristicas das reacoes organicasDâmaris
 

Semelhante a Ap3 - Bases da Interação intígeno anticorpo (12)

silo.tips_anticorpos-estrutura-e-funao.pdf
silo.tips_anticorpos-estrutura-e-funao.pdfsilo.tips_anticorpos-estrutura-e-funao.pdf
silo.tips_anticorpos-estrutura-e-funao.pdf
 
Anticorpos
AnticorposAnticorpos
Anticorpos
 
aula-2_proteinas_-aminoacidos-2018.pptx
aula-2_proteinas_-aminoacidos-2018.pptxaula-2_proteinas_-aminoacidos-2018.pptx
aula-2_proteinas_-aminoacidos-2018.pptx
 
Anticorpos Estrutura
Anticorpos EstruturaAnticorpos Estrutura
Anticorpos Estrutura
 
Mecanismos efetores da imunidade humoral
Mecanismos efetores da imunidade humoralMecanismos efetores da imunidade humoral
Mecanismos efetores da imunidade humoral
 
Resumo 1
Resumo 1Resumo 1
Resumo 1
 
Lipideo-Proteina.pptx
Lipideo-Proteina.pptxLipideo-Proteina.pptx
Lipideo-Proteina.pptx
 
Revisao linf t e b
Revisao linf t e bRevisao linf t e b
Revisao linf t e b
 
Aminoácidos e proteínas
Aminoácidos e proteínasAminoácidos e proteínas
Aminoácidos e proteínas
 
Fabiane apresenta￧ ̄o+anticorpos
Fabiane apresenta￧ ̄o+anticorposFabiane apresenta￧ ̄o+anticorpos
Fabiane apresenta￧ ̄o+anticorpos
 
Aula teorica 09 principais caracteristicas das reacoes organicas
Aula teorica 09   principais caracteristicas das reacoes organicasAula teorica 09   principais caracteristicas das reacoes organicas
Aula teorica 09 principais caracteristicas das reacoes organicas
 
Aula 3 Medicina
Aula 3 MedicinaAula 3 Medicina
Aula 3 Medicina
 

Mais de LABIMUNO UFBA

Aspectos da resposta imune a tumores
Aspectos da resposta imune a tumoresAspectos da resposta imune a tumores
Aspectos da resposta imune a tumoresLABIMUNO UFBA
 
Resposta imune infecções
Resposta imune infecçõesResposta imune infecções
Resposta imune infecçõesLABIMUNO UFBA
 
Hipersensibilidade tipo I
Hipersensibilidade tipo IHipersensibilidade tipo I
Hipersensibilidade tipo ILABIMUNO UFBA
 
Imunidades das mucosas
Imunidades das mucosasImunidades das mucosas
Imunidades das mucosasLABIMUNO UFBA
 
Hipersensibilidade II ,III e IV
Hipersensibilidade II ,III e IVHipersensibilidade II ,III e IV
Hipersensibilidade II ,III e IVLABIMUNO UFBA
 
Processamento antigênico células apresentadoras de antígenos
Processamento antigênico células apresentadoras de antígenosProcessamento antigênico células apresentadoras de antígenos
Processamento antigênico células apresentadoras de antígenosLABIMUNO UFBA
 
Ativação das células T
Ativação das células TAtivação das células T
Ativação das células TLABIMUNO UFBA
 
Orgãos Linfóides Primários e Secundários
Orgãos Linfóides Primários e SecundáriosOrgãos Linfóides Primários e Secundários
Orgãos Linfóides Primários e SecundáriosLABIMUNO UFBA
 
ICS – A46 Imunologia Básica - 2010-1
ICS – A46 Imunologia Básica - 2010-1ICS – A46 Imunologia Básica - 2010-1
ICS – A46 Imunologia Básica - 2010-1LABIMUNO UFBA
 
Introducao Imunobiotecnologia
Introducao ImunobiotecnologiaIntroducao Imunobiotecnologia
Introducao ImunobiotecnologiaLABIMUNO UFBA
 

Mais de LABIMUNO UFBA (20)

Órgãos linfóides
Órgãos linfóidesÓrgãos linfóides
Órgãos linfóides
 
Aspectos da resposta imune a tumores
Aspectos da resposta imune a tumoresAspectos da resposta imune a tumores
Aspectos da resposta imune a tumores
 
Vacinas
VacinasVacinas
Vacinas
 
Ri virus helmintos
Ri virus helmintosRi virus helmintos
Ri virus helmintos
 
Resposta imune infecções
Resposta imune infecçõesResposta imune infecções
Resposta imune infecções
 
Hipersensibilidade tipo I
Hipersensibilidade tipo IHipersensibilidade tipo I
Hipersensibilidade tipo I
 
Tolerância
TolerânciaTolerância
Tolerância
 
Imunidades das mucosas
Imunidades das mucosasImunidades das mucosas
Imunidades das mucosas
 
Hipersensibilidade II ,III e IV
Hipersensibilidade II ,III e IVHipersensibilidade II ,III e IV
Hipersensibilidade II ,III e IV
 
Imunofluorescencia
ImunofluorescenciaImunofluorescencia
Imunofluorescencia
 
Citometria de fluxo
Citometria de fluxoCitometria de fluxo
Citometria de fluxo
 
Autoimunidade
AutoimunidadeAutoimunidade
Autoimunidade
 
Processamento antigênico células apresentadoras de antígenos
Processamento antigênico células apresentadoras de antígenosProcessamento antigênico células apresentadoras de antígenos
Processamento antigênico células apresentadoras de antígenos
 
MHC
MHCMHC
MHC
 
Linfócitos B
Linfócitos BLinfócitos B
Linfócitos B
 
Ativação das células T
Ativação das células TAtivação das células T
Ativação das células T
 
Sistema complemento
Sistema complementoSistema complemento
Sistema complemento
 
Orgãos Linfóides Primários e Secundários
Orgãos Linfóides Primários e SecundáriosOrgãos Linfóides Primários e Secundários
Orgãos Linfóides Primários e Secundários
 
ICS – A46 Imunologia Básica - 2010-1
ICS – A46 Imunologia Básica - 2010-1ICS – A46 Imunologia Básica - 2010-1
ICS – A46 Imunologia Básica - 2010-1
 
Introducao Imunobiotecnologia
Introducao ImunobiotecnologiaIntroducao Imunobiotecnologia
Introducao Imunobiotecnologia
 

Ap3 - Bases da Interação intígeno anticorpo

  • 1. Bases da Interação Antígeno- Anticorpo Aula 3 Maio de 2003
  • 2. A interação antígeno-anticorpo é tradicionalmente classificada em primária, secundária e terciária. O primeiro caso se entende como o fenômeno em si da ligação ag-ac. Os efeitos imediatos desta ligação, como a precipitação ou a aglutinação dos comple- xos, são entendidos como a interação secundária. Por reação terciária, compreende-se os efeitos biológi- cos gerados, como o processo inflamatório iniciado pela ativação do sistema complemento ou pela de- granulação de mastócitos e basófilos. A seguir, serão abordados alguns aspectos desta interação, fundamentais para a compreensão das aulas seguintes, onde serão apresentadas as aplicações práticas da mesma.
  • 3. O anticorpo é constituído por quatro cadeias polipeptídicas, possuindo dois sítios de ligação ao antígeno. Antígeno cadeias sítios de ligação anticorpo = imunoglobulina
  • 4. O anticorpo é formado de duas cadeias leves e duas cadeias pesadas unidas por pontes dissulfeto .
  • 5. as classes de imunoglobulinas Nos mamíferos existem cinco tipos de cadeias pesadas (  e  ) e dois tipos de cadeias leves (  e  ). As cinco diferentes cadeias pesadas formam cinco classes de anticorpos: Todos anticorpos aqui apresentados, es- tão na forma mono- mérica. IgA e IgM apresentam formas poliméricas IgG IgM IgD IgA IgE
  • 6. O anticorpo secretado é essencialmente uma molécula bifuncional na qual as regiões V (variáveis) estão primariamente relacionadas com a ligação ao antígeno, e as porções C (constantes) interagem com receptores celulares. As regiões hipervariáveis estão localizadas na região variável e os resíduos destas regiões interagem especificamente com o antígeno. REGIÃO VARIÁVEL SÍTIO DE LIGAÇÃO DO ANTÍGENO. REGIÕES CONSTANTES REGIÃO DA DOBRADIÇA Extremidade amino-terminal (NH 2 ) Extremidade carboxi-terminal (COOH)
  • 7. Estrutura espacial do anticorpo Cadeias pesadas Cadeia leve Fc Fab Sítio de ligação do antígeno
  • 8. Modelo espacial do sítio de ligação do antígeno em um anticorpo. As regiões variáveis das cadeias pesadas e leves são mostradas em azul e amarelo. As cadeias em vermelho compõem o sítio de ligação, evidenciando os resíduos de aminoácidos, nas regiões determinantes de complementariedade (CDR), que fazem contato com o antígeno.
  • 9. Observe: uma região da molécula é responsável pela ligação ao antígeno enquanto uma região diferente promove as chamadas atividades biológicas, que incluem a fixação do complemento, a ligação da imunoglobulina à tecidos do hospedeiro, às várias células do sistema imune etc. RECEPTOR DE Fc MICRÓBIO 1 - SE LIGA AO ANTICORPO MICRÓBIO 2 - NÃO SE LIGA AO ANTICORPO LIGAÇÃO DO Fc AO FAGÓCITO LIGAÇÃO DO Fc AO COMPLEMENTO Fab: fragmento que se liga ao antígeno Fc: fragmento cristalisável – responsável pelas atividades biológicas mencionadas. Fab Fc
  • 10. Os anticorpos são altamente específicos para a conformação tridimensional do epítopo . EPÍTOPO Epítopo ou determinante antigênico: porção, região do antígeno que se liga no anticorpo.
  • 11. As moléculas de anticorpo não se ligam ao antígeno como um todo. Vários anticorpos podem reconhecer num mesmo antígeno, uma ou várias pequenas regiões diferentes (os já mencionados epítopos). Antígenos monovalentes Antígenos multivalentes
  • 12. O antígeno pode ser então: monovalente ( como um hapteno ) ou multivalente ( como um microrganismo ). hapteno com um único epítopo microrganismo com diferentes epítopos Hapteno : qualquer molécula que é incapaz de, sozinha, induzir uma resposta imune, mas que é reconhecida pelo sistema imune como estranha. O hapteno conjugado a um carreador pode induzir uma resposta imune. O carreador é qualquer molécula maior, imunogênica, que transporte o hapteno.
  • 13. Uma boa adaptação entre o determinante antigênico e o sítio combinatório do anticorpo fornecerá amplas oportunidades para o surgimento de forças atrativas intermoleculares e poucas oportunidades para a ação das forças repulsivas. Boa adaptação Adaptação precária Epítopo Epítopo
  • 14. ANTICORPO ANTÍGENO Forças de atração intermoleculares A ligação do antígeno com o anticorpo se dá pela formação de múltiplas ligações não-covalentes entre radicais do antígeno e aminoácidos do anticorpo, do local de união. Embora as forças de atração envolvidas nestas uniões (especialmente pontes de hidrogênio, forças eletrostáticas, forças de Van der Waals) sejam individualmente fracas, em comparação com as ligações covalentes, a multiplicidade das ligações resulta em uma energia de ligação suficientemente forte. As forças hidrofóbicas repelem moléculas de água Pontes de hidrogênio O N O N Eletrostática - - Van der Waals - + + - + - - + Hidrofóbica Exclusão da água + +
  • 15. Reatividade Cruzada Quando alguns dos epítopos de um antígeno A são compartilhados por um outro antígeno B, uma parte dos anticorpos dirigidos para A também reagirá com B. Reação específica Reação cruzada Ausência de reação A ESPECIFICIDADE da ligação Ag-Ac reflete justamente este perfeito encaixe do epítopo no sítio de ligação. A AVIDEZ reflete a intensidade de interação de anticorpos para diversos epitopos. A AFINIDADE reflete a intensidade de interação de um anticorpo para um epitopo. Epítopo não compartilhado. X’ Y Epítopo Y compartilhado Antígeno imunizante X Y Z Anti X Anti Y Anti Z
  • 16. FIM