Este documento discute competências para ensinar e aprender com tecnologias digitais. Apresenta uma agenda com tópicos como a tecnologia na educação, observando a realidade, questões nucleares e áreas de ação. Também discute medidas de política educativa em Portugal e conclusões.
Competências para ensinar e aprender com tecnologias digitais
1. fernando albuquerque costa
instituto de educação
COMPETÊNCIAS PARA ENSINAR E
COMPETÊNCIAS PARA APRENDER
COM TECNOLOGIAS DIGITAIS
VISEU
16 março 2013
2. AGENDA
1. A tecnologia na educação
2. Observando a realidade
3. Questões nucleares
4. Áreas de ação
1. Medidas de política educativa em Portugal
2. Para concluir
5. “Ao invés de cortar caminho e, assim,
desafiar a própria ideia de fronteiras entre as
matérias, o computador agora definiu uma
nova matéria;
ao invés de mudar a ênfase de currículo
formal impessoal para exploração viva e
empolgante por parte dos estudantes, o
computador foi agora usado para reforçar
os meios da Escola.
O que começara como um instrumento
subversivo de mudança foi neutralizado pelo
sistema e convertido em instrumento de
consolidação.” (Papert, 1994 )
7. • A escola continua fechada a
informação e conhecimento que se
situe além do que se encontra
estabelecido formalmente nos
programas (currículo oficial)...
Exclusividade do
Programa sobre o que é
1constatação
relevante aprender
8. • Apesar de uma retórica favorável,
o currículo oficial continua omisso
em termos de orientações
específicas sobre o que fazer com
as tecnologias digitais...
Falta de orientação
explícita sobre o que
fazer com as
2 constatação tecnologias
9. • Os interesses dos alunos e as
competências adquiridas fora do
contexto escolar continuam a ter
pouca importância na
determinação dos objectivos de
aprendizagem...
Pouca importância
atribuída ao “novo”
3 Constatação
aluno
10. • Apesar dos elevados recursos
financeiros já mobilizados,
professores e educadores
continuam sem uma preparação
adequada para poderem utilizar,
de forma eficiente, as tecnologias
digitais nas suas práticas
quotidianas...
Deficit na formação
4 Constatação
dos professores
12. QUESTÕES NUCLEARES
Que competências devem
adquirir os alunos na escola?
Que competências devem
possuir os educadores?
Com que modelos de formação?
Que implicações para o currículo?
14. FORMAÇÃO INICIAL ACCESSO RECURSOS DIGITAIS
DESENV. PROFISSIONAL CURRÍCULO I&D
… ADMINISTRAÇÃO INCENTIVOS
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18. DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DOS PROFESSORES
EVIDÊNCIAS I
As TIC ainda não são um recurso integrado
nas atividades de ensino.
Uso inconsistente com princípios de
aprendizagem.
Muitos professores já usam computadores,
mas não em classe com os seus alunos.
As TIC não mudaram de forma significativa
atitudes, papéis e formas de ensino e de
aprendizagem.
(PERALTA, 2002)
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19. DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DOS PROFESSORES
EVIDÊNCIAS II
Falta de confiança… Falta de suporte…
Relação emocionalmente negativa com as TIC…
Dificuldades em lidar com as mudanças que as
TIC implicam…
Atividade exigente mas pouco tempo …
Constrangimentos da escola tal como está
organizada…
Insuficiente formação…
(Peralta, 2002)
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20. DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DOS PROFESSORES
EVIDÊNCIAS III
Os professores não estão devidamente
preparados para compreender e utilizar as TIC
no currículo.
Desadequação dos modelos tradicionais de
formação de professores.
(Peralta, 2002; Costa, 2005, 2008)
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21. QUE PROFESSOR?
Professor "agente de mudança”
Que professor?
Professor que reconhece que
conhecimento é partilhado e
distribuído…
Professor-aprendiz
Professor-profissional
22. DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DOS PROFESSORES
VISÃO
Isomorfismo
Formação centrada na escola e determinada
pelas necessidades do currículo
TIC enquanto inovação de processos
metodológicos
Colaboração e partilha…
Especial atenção às barreiras de 2ª ordem…
(Costa, F. (Coord.) 2008)
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23. REFERENCIAL DE COMPETÊNCIAS TIC
I – (O PROFESSOR…) Perspetiva holística
1. Detém conhecimento atualizado sobre recursos tecnológicos e seu potencial de utilização
educativo.
2. Acompanha o desenvolvimento tecnológico no que implica a responsabilidade
profissional do professor.
3. Executa operações com Hardware e sistemas operativos (usar e instalar programas,
resolver problemas comuns com o computador e periféricos, criar e gerir documentos e
pastas, observar regras de segurança no respeito pela legalidade e princípios éticos, …)
4. Acede, organiza e sistematiza a informação em formato digital (pesquisa, seleciona e
avalia a informação em função de objectivos concretos…).
5. Executa operações com programas ou sistemas de informação online e/ou off-line
(aceder à Internet, pesquisar em bases de dados ou diretórios, aceder a obras de
referência, …)
6. Comunica com os outros, individualmente ou em grupo, de forma síncrona e/ou
assíncrona através de ferramentas digitais específicas.
7. Elabora documentos em formato digital com diferentes finalidades e para diferentes
públicos, em contextos diversificados.
8. Conhece e utiliza ferramentas digitais como suporte de processos de avaliação e/ou de
investigação.
9. Utiliza o potencial dos recursos digitais na promoção do seu próprio desenvolvimento
profissional numa perspectiva de aprendizagem ao longo da vida (diagnostica
necessidades, identifica objectivos).
10. Compreende vantagens e constrangimentos do uso das TIC no processo educativo e o
seu potencial transformador do modo como se aprende.
Isomorfismo
II – (O Aluno…) *
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24. DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DOS PROFESSORES
Níveis de certificação
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25. DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DOS PROFESSORES
Pilares da formação
VISÃO
PARTILHA
SUPERVISÃO
SUPORTE
ATITUDE
PRÁTICA
(Costa & Viseu, 2008)
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26. DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DOS PROFESSORES
Roteiro Reflete sobre o
processo, resultados;
do professor mais valias,
dificuldades...
Interage com
colegas e
formador REFLEXÃO
(Costa & Viseu, 2008) Experimenta
com os
alunos INTERAÇÃO
Com o apoio do
formador decide
o que fazer
PRÁTICA
O professor PARTILHA
constrói o seu
RATIONALE PLANO SUPERVISÃO
SUPORTE
VISÃO
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27. PARA O DESENHO DA FORMAÇÃO
Modelo de Ensino
Inovador
II I
Deficit tecnológico
e metodológico
Aprender da Aprender Com
Tecnologia Tecnologia
LEGENDA
Deficit Função
metodológico atribuída às TIC
Conceções
III IV do Professor
Modelo de Ensino Potencial
Tradicional transformador
(ideal)
(Costa, 2012)
28. DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DOS PROFESSORES
IT is truly a revolutionary technology that,
if properly used,
could change education significantly
it is the pedagogical way in which it is
used that makes the difference
(Salomon, 2002)
29. CURRÍCULO
PROJETO METAS DE APRENDIZAGEM
metasdeaprendizagem.dge.mec.pt
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30. CURRÍCULO
V I S ÃO
As TIC podem trazer mais-
valias…
EVIDÊNCIAS
As TIC como inovação dos
Papel das TIC no processos de ensino…
currículo nacional As TIC muito para além de
muito pobre, instrumento de suporte…
superficial e difuso, As TIC como competência
independentemente transversal…
da área científica. As TIC como ferramenta de
desenvolvimento pessoal e
(Cruz, 2010) social dos indivíduos…
(Costa, 2010)
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31. CURRÍCULO
saber o quê
saber com quê
saber como
saber ser
COMUNICAÇÃO
INFORMAÇÃO PRODUÇÃO
saber o quê saber o quê
saber com quê saber com quê
saber como saber como
SEGURANÇA
saber onde saber ser
saber quem saber o quê
saber ser saber com quê
saber como
saber ser
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32. CURRÍCULO
INFORMAÇÃO. Capacidade de procurar e de tratar a
informação de acordo com objectivos concretos:
investigação, seleção, análise e síntese dos dados.
COMUNICAÇÃO. Capacidade de comunicar, interagir e
colaborar usando ferramentas e ambientes de comunicação
em rede como estratégia de aprendizagem individual e
como contributo para a aprendizagem dos outros.
PRODUÇÃO. Capacidade de sistematizar conhecimento com
base em processos de trabalho com recurso aos meios digitais
disponíveis e de desenvolver produtos e práticas inovadores..
SEGURANÇA. Capacidade para usar recursos digitais no
respeito por normas de segurança.
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33. CURRÍCULO
As TIC como As TIC como
competências estratégia de
instrumentais ao desenvolvimento
serviço dos outros
intelectual e social
saberes disciplinares
dos indivíduos
34. CURRÍCULO
Objectivos mais ambiciosos!!
As tecnologias como ferramentas
cognitivas, que estendem, ampliam e
reforçam a capacidade de pensar, de
decidir, de agir…
35. CURRÍCULO
(PLANO I) (PLANO II) (PLANO III)
SABER SABER USAR SABER USAR
USAR PARA APRENDER PARA PENSAR
O CURRÍCULO
META-APRENDIZAGEM
SABERES TIC
INFORMAÇÃO
AUTO-AVALIAÇÃO
COMUNICAÇÃO AUTO-REGULAÇÃO
PRODUÇÃO EXPRESSÃO
CRIATIVIDADE
SEGURANÇA
ÉTICA...
(Costa, 2010)
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36. CURRÍCULO
Referencial de Metas de Aprendizagem TIC
COMPETÊNCIAS TRANSVERSAIS GERAIS (III)
SABERES TIC Meta Auto Auto Auto
Criatividade Ética
aprendizagem avaliação regulação expressão
(I)
INFORMAÇÃO
saber o quê, saber com
quê, saber como, saber
ser
COMUNICAÇÃO
COMPETÊNCIAS
saber o quê, saber com
TRANSVERSAIS
quê, saber como, saber
Áreas
EM TIC (II)
ser
PRODUÇÃO (CRIAÇÃO)
aber o quê, saber com
quê, saber como, saber
científicas
ser
SEGURANÇA
aber o quê, saber com
quê, saber como, saber
ser
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37. CURRÍCULO
DOMÍNIO: INFORMAÇÃO
Meta final
O aluno utiliza recursos digitais on-line e off-line
para, com o apoio do professor, pesquisar,
seleccionar e tratar informação de acordo com
objectivos concretos e com critérios de qualidade
e pertinência.
Meta intermédia
O aluno classifica e organiza a informação
seleccionada, recorrendo a ferramentas digitais
adequadas (programas de gráficos, bases de
dados, ferramentas de criação de mapas
conceptuais, etc.), de acordo com categorias
definidas em conjunto com o professor.
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38. CURRÍCULO
Metas finais de Ciclo
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39. CURRÍCULO
Mais do que um currículo autónomo, a
ideia nuclear é a de que estas metas
constituam o referencial a considerar por
cada professor na sua área específica,
numa óptica de desenvolvimento global
do aluno,
permitindo-lhe compreender em que
matérias, para que fins e como será
pertinente e adequado mobilizar as TIC.
41. PARA CONCLUIR
INTEGRAÇÃO > TRANSFORMAÇÃO
FAZER O MESMO > FAZER NOVO, DIFERENTE…
FOCO NO ENSINO > FOCO NA APRENDIZAGEM
FERRAMENTA DO PROFESSOR > FERRAMENTA DO ALUNO
APRENDIZAGEM SUPERFICIAL > APRENDIZAGEM PROFUNDA
REPRODUÇÃO > CRIAÇÃO, PRODUÇÃO…
APRENDER TIC > APRENDER COM TIC
42. O PROCESSO DAS TIC EM EDUCAÇÃO
Em busca do potencial transformador das TIC
As TIC ao serviço do
As TIC como objeto As TIC ao serviço desenvolvimento de
de aprendizagem das aprendizagens competências
em separado curriculares transversais
INTRODUÇÃO INTEGRAÇÃO TRANSFORMAÇÃO
Foco nos saberes Não implica Inclui sobretudo
informáticos mudança nos aprendizagens que
(computer literacy) objetivos definidos e não podem ser
nos resultados adquiridas sem
esperados recurso às TIC
(Costa, 2012, no prelo)
44. “Trata-se de ver como torná-lo
[o sonho] mais possível!”
Seymour Papert
45. http://aprendercom.org/miragens
http://aprendercom.org/comtic
OBRIGADO PELA VOSSA ATENÇÃO!
fernando albuquerque costa | fc@ie.ul.pt
UNIVERSIDADE DE LISBOA | INSTITUTO DE EDUCAÇÃO
46. REFERÊNCIAS
COSTA, Fernando (2012). Desenvolvimento curricular e TIC: Do deficit tecnológico, ao
defict metodológico. In Albano Estrela e Júlia Ferreira (Eds.). Revisitar os Estudos
Curriculares – Onde estamos e para onde vamos? Lisboa: Secção Portuguesa da AFIRSE.
159-171.
Costa, F. (2010) Metas de Aprendizagem na área das TIC: Aprender Com Tecnologias. in
Fernando Costa et al (2010). I Encontro Internacional TIC e Educação. Inovação Curricular
com TIC. Lisboa. Instituto de Educaçãoo da Universidade de Lisboa. (931-936).
(http://aprendercom.org/miragens/wp-content/uploads/2010/11/398.pdf)
COSTA, F. (Coord.) (2008). Competências TIC. Estudo de Implementação. Vol. I. Lisboa:
GEPE-Ministério da Educação.
Costa, F. (2005). About the Portuguese reality of ICT in education, Interactive Educational
Multimedia (Vol. 11, Editorial).(http://www.ub.es/multimedia/iem/)
Costa, F., Cruz, E., Belchior, M., Fradão, S., Soares, F., & Trigo, V. (2010). Metas de
Aprendizagem na área das TIC. DGIDC/ME (http://metasdeaprendizagem.dge.mec.pt)
Costa, F. & Viseu, S. (2008). Action and reflection – nuclear strategies of teacher training for
ICT use. The Learning Teacher Journal, vol. 2, n.2, 27-44.
Cruz, E. (2010). Análise da Integração das TIC no Currículo Nacional do Ensino Básico.
Dissertação de Mestrado em Ciências da Educação. Especialidade em Tecnologias
Educativas. Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação. Universidade de Lisboa.
Salomon, G. (2002). Technology and pedagogy: Why don't we see the promised
revolution? Educational Technology, 71-75.
Peralta, H. (2002). Qualitative research into tracing (elements of) current/perspective
innovatory practices. Lisbon: Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação -
Universidade de Lisboa.
Notas do Editor
Partindo da constatação de que as tecnologias de informação e comunicação têm um papel central na sociedade contemporânea, constituindo um referente cultural de grande importância para os jovens de hoje, emerge com naturalidade a questão de saber o que pode a escola fazer para lidar com os múltiplos desafios daí decorrentes. Não apenas em termos do cumprimento da missão que lhe é atribuída de desenvolvimento dos indivíduos, de cada indivíduo, mas também em termos do seu próprio desenvolvimento enquanto organização. Dir-se-ia, aliás, que, pela sua natureza, a escola tem uma responsabilidade acrescida hoje, quando se trata de preparar os cidadãos para compreenderem e atuarem de forma consciente e crítica no mundo digital que os rodeia. Tratando-se de coisa nova, face aos objetivos e métodos tradicionalmente utilizados, assentes sobretudo no desenvolvimento de uma literacia verbal, e dado o enorme potencial que, para muitos, as tecnologias digitais encerram, precisamente ao nível da inovação dos processos de ensinar e de aprender, dir-se-ia, por outro lado, que é a reinvenção da própria escola que está em jogo neste início do Séc. XXI.Na verdade, o mundo digital e a imersão das tecnologias de informação e comunicação no universo escolar podem significar um processo em direção a uma nova escola sobretudo se os seus principais agentes, os professores, tomarem em suas mãos esse desafio e estiverem cientes das oportunidades que ele representa em termos de renovação e transformação dos modos como se ensina.Os novos e múltiplos modos de representação da realidade, de expressão do pensamento e de comunicação (novas literacias), aliadas a um crescimento exponencial de informação em formato digital, é algo que não pode ser ignorado e afeta de igual forma todas as áreas do currículo.Como contributo para o objetivo de ajudar a equacionar desafios e oportunidades de transformação no seio da escola, explorar-se-ão nesta conferência algumas das mudanças mais significativas verificadas nas práticas de leitura e escrita tendo como base suportes e formatos digitais, bem como o seu impacto no que significa hoje ler e escrever.