Este documento apresenta estratégias de intervenção na carreira de estudantes do ensino superior. Discute brevemente a teoria da orientação vocacional e o modelo social cognitivo, destacando a importância da autoeficácia e das expectativas de resultados. Explora as necessidades de orientação em diferentes fases, como a entrada, anos intermédios e saída do ensino superior, e propõe estratégias como mentoria, feiras de emprego e apoio psicológico.
1. Estratégias de Intervenção na Carreira
com estudantes do Ensino Superior
RESAPES-AP
Worshop Online, 9 julho de 2021
Diana Aguiar Vieira
ISCAP - Instituto Politécnico do Porto
3. Agenda
Breve enquadramento teórico
Estratégias de Intervenção de carreira no Ensino
Superior
Teoria
Intervenção
Investigação
Estratégias
4. Career vocacional ou carreira
Guidance orientação
Vocational profissional
Vocacional ou carreira = relação da
pessoa com a formação e com o
trabalho, ao longo de toda a vida
Questões de terminologia
5. carreira objetiva / externa
mapa do território social percorrido pelo
indivíduo (as escolas, os empregos, os cargos…)
carreira subjetiva / interna
o significado atribuído pelo indivíduo ao seu
percurso passado, presente e futuro (satisfação,
aspirações…)
O significado de carreira
Arthur et al., 2005
6. Orientação ou Intervenção vocacional
A orientação refere-se a um conjunto de atividades
interligadas com o objetivo de facilitar…
a concretização das escolhas que os indivíduos, de
qualquer idade e em qualquer ponto das suas vidas,
efetuam nas suas trajetórias educacionais, de
formação e profissionais,
e a gestão eficaz dos seus percursos de vida (Sultana,
2004)
7. Década de 50 do século XX - 1ºs trabalhos
Investigação em Psicologia há + de 60 anos
Intensa produção teórica e empírica
Teoria da aprendizagem social (Bandura, 1962; 1977a)
Teoria da autoeficácia (Bandura, 1977b)
Teoria Social Cognitiva (Bandura, 1986)
Albert Bandura (1952- )
9. Definição de Autoeficácia
“Será que eu vou conseguir fazer?”
Autoeficácia percebida refere-se “às crenças que
a pessoa tem acerca da sua capacidade para
organizar e executar cursos de acção requeridos
para alcançar determinados tipos de
desempenhos” (Bandura, 1997, p.3).
Teoria Social Cognitiva (Bandura, 1986, 1997)
10. Autoeficácia
• Confiança face à utilização futura de uma competência
• Específica de cada domínio comportamental
• Não é um traço psicológico estável
Fontes Autoeficácia Consequências
Teoria Social Cognitiva (Bandura, 1986, 1997)
11. Fontes de autoeficácia (Bandura, 1986, 1997)
Experiências de sucesso diretas
Experiências de sucesso observadas
Persuasão verbal (apoio social)
Estados físicos e emocionais
Autoeficácia
Autoeficácia
13. “Se eu fizer isto, o que poderá acontecer?”
“As expetativas de resultado dizem respeito às
consequências antecipadas face a esforços
comportamentais”
(Lent, Hackett & Brown, 1999, p.300)
Expetativas de resultado
14. Positivas servem como incentivos
Negativas atuam como desencorajadoras de
determinado comportamento
Antecipação de resultados:
Físicos (experiências sensoriais de prazer ou de
desconforto físico)
Sociais (aprovação, reconhecimento)
Autoavaliativos (auto-satisfação, orgulho)
Tipos de expetativas de resultado
(Bandura,1986;1997)
15. Fontes de expetativas de resultados
Os indivíduos antecipam a probabilidade de
obtenção de determinados resultados…
“recordando os resultados obtidos em acções
passadas (por exemplo, o estudo permitiu ter
boas notas e sentimentos de auto-aprovação);
observando as consequências experienciadas
por outros (modelagem/modelação);
tendo em conta a opinião de terceiros face às
contingências de reforço”
(Lent, Brown & Hackett, 1994, p.102)
16. Determinação do indivíduo para se envolver numa
dada atividade ou para alcançar um resultado futuro
(ex. terminar o curso, obter um emprego)
(Lent, Hackett & Brown, 1999; 2004)
Objetivo - definição
Objetivos como fonte de agência pessoal
os objetivos ajudam a regular o dispêndio de
energia, a promover a persistência na tarefa, e a
dirigir a atenção da pessoa para os resultados e para
os aspetos importantes do seu comportamento
17. Objetivos mais determinantes/motivadores do
comportamento - características
- percebidos como desafiadores mas
possíveis de alcançar
- claros e específicos
- subdivididos em metas
- temporalmente próximos das ações que se
pretende desenvolver
- suscetíveis de controlo voluntário
- estabelecidos publicamente
- mantidos com um forte compromisso
(Bandura, 1986; Lent, Hackett & Brown, 2004)
18. Transição da formação para o trabalho como processo
Percurso
académico
(curso)
Procura de
trabalho
remunerado
Adaptação
ao
trabalho
Necessidades de Orientação no Ensino Superior
Vieira (2012, 2018)
20. Fases/momentos de intervenção
À entrada no ensino superior (transição/adaptação)
Durante a frequência do ensino superior (desenvolvimento)
À saída do ensino superior (transição/adaptação)
Após o ensino superior (transições/escolhas)
Necessidades de Orientação no Ensino Superior
21. Quais são as tarefas e os desafios
com que o estudante se confronta
na entrada no ensino superior?
Necessidades de Orientação no Ensino Superior
22. Dificuldades na entrada do E. Superior
Necessidades de Orientação no Ensino Superior
“Carga Horária Excessiva; Carga de
Trabalhos e Responsabilidade; Professores
mais do que exigentes”
“As aulas têm uma maior duração; Os
professores são mais 'desligados' dos alunos;
aos alunos da 3ºfase não lhes é explicado
rigorosamente nada!”
Fonte: Determinantes e Significados do Ingresso
no Ensino Superior na Perspetiva dos Jovens
(Vieira, 2018)
23. Dificuldades na entrada do E. Superior
Necessidades de Orientação no Ensino Superior
“Estar longe da família; Maior dificuldade do
estudo; Menor proximidade professor-aluno”
“ Muito mais matéria para estudar, exige
métodos de estudo; Exige muito em termos
psicológicos e emocionais (em termos de
gestão de tempo, lidar com todas as novas
emoções)”
Fonte: Determinantes e Significados do Ingresso
no Ensino Superior na Perspetiva dos Jovens
(Vieira, 2018)
24. Dificuldades na entrada do E. Superior
Necessidades de Orientação no Ensino Superior
Questionário de Vivências Académicas – Versão Reduzida (QVA-r) 60
itens, escala 1 a 5 pontos e 5 dimensões (Almeida et al.,1999; 2002)
n = 165 Média D. P.
Interpessoal 3,7 ,58
Carreira 3,7 ,57
Institucional 3,6 ,47
Pessoal 3,5 ,64
Estudo 3,4 ,52
Maior média
=
Melhor adaptação
26. Com base no que aprendemos sobre
as fontes de autoeficácia, o que se
pode fazer para facilitar a adaptação
na entrada no ensino superior?
Necessidades de Orientação no Ensino Superior
27. Intervenção Vocacional junto de novos estudantes
(à entrada do ES)
Guia do Estudante
Sessão de Boas-Vindas aos novos alunos
Projetos mentoria
Sessões de esclarecimento acerca das saídas
profissionais dos cursos
Apoio individualizado na integração académica
28. Necessidades de Orientação no Ensino Superior
Quais são as tarefas e desafios com
que o estudante se confronta nos
anos intermédios do ensino
superior?
29. Necessidades de Orientação no Ensino Superior
Anos intermédios
Este período não é de transição
O foco não será na adaptação mas sim no
desempenho académico e no desenvolvimento
vocacional
Promover um maior conhecimento do mercado de
trabalho
Desenvolver as competências mais valorizadas no
mercado de trabalho
30. Autoeficácia
na Formação
Superior
~ 1 ano
Índice de reprovações
(IR) nas disciplinas 1º ano
[varia entre 0 e 1, sendo 1 o pior resultado]
Média notas no 1º ano
[transf. notas Z + 5 para ter uma medida
positiva comparativamente equivalente entre
os diferentes cursos]
Continuidade no curso
Fase 1
Nov
Fase 2
Out
ß=.16*
Autoeficácia e desempenho académico
178 estudantes do 1º ano 1ª vez ESEIG
32. Quais as competências mais valorizadas? - Portugal
Empregadores Diplomados
Analise e resolução de problemas 1º ( 51%) 1º (53%)
Criatividade e inovação 2º (47%) 2º (49%)
Adaptação e flexibilidade 3º (45%) 3º (39%)
Planeamento e organização 4º (40%) 4º (38%)
Motivação para a excelência 5º (33%) 10º (28%)
Competências técnicas da área formativa 6º (31%) 7º (32%)
Relacionamento interpessoal 7º (29%) 9º (29%)
Línguas estrangeiras 8º (28%) 5º (38%)
Trabalho em equipe 9º (27%) 6º (33%)
Tecnologias de informação e comunicação 10º (25%) 8º (31%)
(781 empregadores e 6444 diplomados; Vieira & Marques, 2014)
33.
34. Com base no que aprendemos, o
que se pode fazer para desenvolver
os estudantes
em fases intermédias no ensino
superior?
Necessidades de Orientação no Ensino Superior
35. Formação em competências transversais, soft skills
(ex. relacionamento interpessoal)
Feira de Emprego
Bolsa de estágio/emprego
Consulta de psicologia/ Apoio psicopedagógico
Intervenção Vocacional junto de estudantes
(durante a frequência do ES)
36. Necessidades de Orientação no Ensino Superior
Quais são as tarefas e os desafios
com que o estudante se confronta no
final do ensino superior?
37. Influências Individuais e Contextuais
(género, origem social, área e grau de formação)
Influências
Individuais
e
Contextuais
Influências
Individuais
e
Contextuais
Influências Individuais e Contextuais
Experiências de
Aprendizagem
(exploração
vocacional)
Expetativa de
Resultados
(procura de emprego)
Objetivos
(investimento
profissional)
1
2
3
5
4
8
Autoeficácia
(procura emprego e
adaptação laboral)
Sucesso na
transição
para o
trabalho
Apoio Social
(apoio social
percebido)
6
7
Modelo sociocognitivo da transição para o trabalho
(MSTT; Vieira, 2012)
39. Satisfação com percurso
académico-profissional
Satisfação no trabalho
Autoeficácia
~ 1 ano
Média conclusão curso
Situação laboral (trabalha)
Remuneração
Objetivos
Fase 1
finalistas
Fase 2
diplomados
resultados encontrados apenas em 1 estudo
resultados encontrados em ambos os estudos
Modelo sociocognitivo da transição para o trabalho
(MSTT; Vieira, 2012)
40. Com base no que aprendemos, o
que se pode fazer para desenvolver
os estudantes
no final do ensino superior?
Necessidades de Orientação no Ensino Superior
41. Aumentar a autoeficácia na transição trazendo
testemunhos de alumni e/ou colocando-os como
mentores
Bolsa de emprego
Formação em técnicas de procura de emprego
Intervenção Vocacional junto de finalistas e/ou recém-
diplomados (à saída do ES)
42. Necessidades de Orientação no Ensino Superior
Quais são as tarefas e os desafios
com que o antigo estudante se
confronta?
43. Necessidades Orientação no Ensino Superior
Conseguir uma atividade profissional
remunerada
Gerir transições entre emprego/desemprego
Adquirir novas competências (aprendizagem
ao longo da vida)
44. Com base no que aprendemos, o
que se pode fazer para desenvolver
os antigos estudantes
do ensino superior?
Necessidades de Orientação no Ensino Superior
45. Intervenção Vocacional junto dos antigos
estudantes do Ensino Superior
“Alumni” (latim) = o conjunto dos antigos
estudantes de uma dada Instituição de Ensino
“Alumnus” e “Alumna” = singular masculino e
feminino, respetivamente
“Alumnae” = feminino no plural. Plataforma
inovadora em Portugal
46. Intervenção Vocacional junto dos antigos
estudantes do Ensino Superior
Alumni Relations (Gabinete Alumni) = área de
intervenção dos serviços de ensino superior
vocacionada para a relação entre antigos
estudantes e a Instituição
Grande tradição nos EUA ou em Inglaterra
Área emergente e com grande potencial nos
Países de Língua Portuguesa
47. Partilhar a experiência profissional em
aula/seminário/conferência
Receber visitas no seu local de trabalho
Orientar diplomados na criação do próprio negócio (ex.
contabilidade)
Orientar diplomados na procura de emprego
Acompanhar um/a estudante ao longo do curso
Responder a dúvidas de estudantes/diplomados sobre a
sua área profissional
Exemplos atividades com alumni
51. Estratégias gerais de intervenção vocacional no
Ensino Superior
• Entender as tarefas e os desafios colocados ao
estudante ou antigo aluno
• Fortalecer a autoeficácia face a esses desafios ou
tarefas, com atividades que atuem nas fontes de AE
• Promover a exploração vocacional (de si próprio e
do mercado de trabalho)
52. Estratégias gerais de intervenção vocacional no
Ensino Superior
• Ajudar a definir objetivos vocacionais (ou de
carreira) de acordo com as características típicas dos
objetivos mais mobilizadores da ação
• Expor os estudantes a experiencias que criem
expetativas de resultado positivas
• Ser fonte de apoio social e ajudar à mobilização de
outras fontes