Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Moldagem de precisão em protese fixa
1. Caso Clínico
46 Rev Dental Press Estét. 2011 jan-mar;8(1):46-54
Glauco Rangel Zanetti*
Marcelo Massaroni Peçanha**
Fausto Frizzera***
Carlos Monteiro Júnior****
* Professor Adjunto do Departamento de Prótese Dentária da UFES. Doutor em Clínica Odontológica pela FOP/UNICAMP.
** Mestre em Clínica Odontológica pela UFES. Professor do curso de Odontologia da ESFA.
*** Mestrando e especialista em Periodontia na UNESP/FOAr.
**** Cirurgião-dentista graduado na Universidade Federal do Espírito Santo.
2. Zanetti GR, Peçanha MM, Frizzera F, Monteiro Jr C
47Rev Dental Press Estét. 2011 jan-mar;8(1):46-54
Moldagem de precisão em prótese fixa
Precision impression in fixed prosthetics
Resumo
Diversos materiais são utilizados pelos cirurgiões-dentistas
na moldagem de preparos para a confecção de restaurações
indiretas. Várias técnicas de moldagem podem ser empre-
gadas em associação a esses materiais. Os materiais elas-
toméricos possuem ótimas propriedades e, atualmante, são
amplamente utilizados. Entretanto, dúvidas têm sido levan-
tadas em relação à eficácia de cada técnica, à precisão dos
materiais quando expostos a fluidos bucais e ao afastamento
do tecido gengival com fios retratores e soluções adstringen-
tes. O propósito desse trabalho é, mediante uma revisão da
literatura, discutir as vantagens e desvantagens pertinentes
aos materiais e técnicas de moldagem de precisão em pró-
tese fixa, descrevendo a técnica defendida pelos autores por
meio de um relato de caso clínico.
Abstract
Different materials are used by dentists to make impres-
sions of crown preparations to produce indirect restora-
tions. Several impression techniques may be employed in
combination with these materials. Elastomeric materials
have excellent properties and are widely used nowadays.
However, questions have been raised regarding the effi-
ciency of each technique, accuracy of the materials when
exposed to oral fluids and tissue retraction with cords and
astringent solution. The aim of this paper is, by means of a
literature review, to discuss the advantages and disadvan-
tages regarding materials and techniques for precision im-
pression in fixed prosthodontics, describing the technique
advocated by the authors through a case report.
Keywords: Dental impression technique. Dental impression mate-
rials. Dental prosthesis.
Palavras-chave: Técnica de moldagem odontológica. Materiais
para moldagem odontológica. Prótese dentária.
3. 48 Rev Dental Press Estét. 2011 jan-mar;8(1):46-54
Moldagem de precisão em prótese fixa
INTRODUÇÃO
No processo restaurador indireto, é imprescindível
observar que os bons resultados só serão alcançados
se tivermos preparo dentário adequado e um tecido
gengival sadio, decorrente do estado periodontal e das
restaurações provisórias. Porém, grande parte do su-
cesso é determinada na fase laboratorial. Sendo o mo-
delo de gesso a plataforma de trabalho do técnico em
prótese dentária, é fundamental que a sua obtenção for-
neça todas as características anatômicas e dimensio-
nais dos respectivos pilares. A moldagem é uma mano-
bra clínica, do processo de confecção de restaurações
indiretas, que tem como objetivo a reprodução negativa
dos preparos dentários e regiões adjacentes¹.
A American Dental Association (ADA) estabeleceu
um padrão para a adaptação marginal das próteses fixas
convencionais onde se procurariam linhas de cimenta-
ção não maiores que 25µm. Tal critério busca a diminui-
ção da superfície de contato do cimento convencional
ao meio bucal úmido2
. Margens de coroas protéticas
com desadaptações maiores resultariam na exposição
excessiva do cimento e na sua solubilização e, conse-
quentemente, na possibilidade de infiltração marginal.
Adicionalmente, quando se observa a adaptação de um
retentor de uma prótese parcial fixa sobre seu pilar, há
que se considerar a relação desse com os demais. Sen-
do a prótese parcial fixa (PPF) uma peça que interliga
dois ou mais pilares, é evidente que essa deve se adap-
tar simultaneamente em todos, para que cumpra com
seu papel restaurador. Sendo assim, a reprodução fiel
dos detalhes anatômicos e da relação espacial dos pila-
res protéticos torna-se uma das etapas mais críticas do
processo clínico de confecção das PPFs, determinando
o sucesso e a longevidade do tratamento.
As mais variadas técnicas de moldagem são utiliza-
das rotineiramente pelos profissionais para a obtenção
de modelos de trabalho precisos, entretanto cada técnica
é melhor aproveitada quando o material de moldagem é
corretamente indicado3
. Dentre os materiais disponíveis
utilizados na realização de moldagens de precisão em
prótese fixa, podemos citar vários grupos de elastôme-
ros. Dentre eles se destacam: silicones por condensa-
ção, silicones por adição, poliéteres e polissulfetos.
Além disso, os profissionais têm à sua disposição
várias marcas comerciais dentro de um mesmo grupo
químico de materiais elastoméricos. Os fabricantes re-
lacionam vantagens como: estabilidade dimensional, re-
produção de detalhes, tixotropismo, hidrofilia etc. Todas
são características desejáveis na obtenção de modelos
mais exatos, porém outros aspectos também devem
ser considerados na seleção do material4
. A facilidade
operacional da técnica ou mesmo a relação custo/be-
nefício têm sido ponderadas pelos profissionais.
Diante disso, esse trabalho tem como objetivo re-
visar e discutir, com dados encontrados na literatura,
os benefícios decorrentes da aplicação da técnica e do
material de moldagem indicados, descritos por meio do
relato de um caso clínico.
Revisão da Literatura
Quando nos referimos à moldagem de precisão em
prótese parcial fixa, muitas técnicas podem ser encon-
tradas na literatura. Cada técnica pode ser uma variação
de outra e, geralmente, são denominadas em função
dos materiais ou da forma como esses são emprega-
dos. A escolha por um tipo de técnica em detrimento à
outra é realizada em função de aspectos peculiares de
cada material e preferência do profissional, razão pela
qual são obtidos melhores resultados em uma ou outra
característica do molde2,5
.
Com o desenvolvimento progressivo dos materiais
de moldagem elastoméricos e a popularização do seu
emprego como materiais de moldagem em prótese de
precisão, cada vez menos tem se indicado a utilização
de hidrocoloides reversíveis para esse fim. Embora te-
nham representado ao longo da história uma excelente
opção como material de moldagem, sua sensibilida-
de técnica, baixa resistência ao rasgamento e rápida
4. 49Rev Dental Press Estét. 2011 jan-mar;8(1):46-54
Zanetti GR, Peçanha MM, Frizzera F, Monteiro Jr C
alteração dimensional ofuscaram as qualidades de
hidrofilia e de reprodução de detalhes. Já os elastô-
meros, além de serem facilmente manipulados, são
polímeros com cadeias helicoidais que podem sofrer
grandes flexões e retornar à sua forma original sem
sofrer deformações permanentes, portanto, mais está-
veis e resistentes do que os hidrocoloides5
.
A grande maioria das técnicas se baseia em três pre-
missas. A primeira é que, se a linha de terminação cervical
estiver posicionada dentro do sulco gengival, algum mé-
todo de afastamento gengival deverá preceder ou ocorrer
concomitantemente à moldagem, para que se possa re-
gistrar a superfície dentária além da margem do preparo.
A segunda é que o material deverá ter fluidez suficiente
para reproduzir os detalhes dos pilares preparados e, evi-
dentemente, do sulco gengival. A terceira é que o material
de baixa viscosidade — ou seja, que apresenta escoa-
mento devido à sua fluidez — não deverá ser aplicado em
espessuras demasiadamente grandes, pois geralmente
apresentam alterações dimensionais diretamente pro-
porcionais ao seu volume3
. Cada técnica de moldagem
de precisão procura aplicar as características do material
elastomérico atendendo às três premissas anteriores.
Quando se utiliza um material de moldagem de con-
sistência fluida ou regular, o uso de uma moldeira indivi-
dual reduz o volume empregado e, consequentemente,
sua alteração dimensional, além de economizar material
de moldagem3,4
. O casquete de moldagem construído
em resina acrílica é considerado uma moldeira individual
unitária, que permite o afastamento gengival mecânico
além da redução do volume do material elastomérico
empregado5,6
. Tal técnica requer materiais de viscosida-
de intermediária e que possam ser aderidos por adesi-
vos ao acrílico7
. Apesar de alguns silicones por adição
serem também apropriados8
, os polissulfetos e poliéte-
res de consistência regular continuam sendo os mate-
riais mais indicados para a técnica4,6
.
Embora essa técnica seja capaz de produzir moldes
com detalhes precisos7
, muitos aspectos pesam contra
a sua adoção pelos profissionais. Para que de fato seja
considerada uma técnica econômica, o material de mol-
dagem elastomérico deve ser utilizado apenas no interior
dos casquetes3
, sendo a moldagem total realizada com
alginato. Mesmo que os moldes dos pilares preparados
sejam bem precisos, a relação espacial entre eles não o
será, já que o alginato não é uma material preciso e muito
menos dimensionalmente estável. Além disso, o afasta-
mento gengival conseguido pelo reembasamento prévio
dos casquetes em resina é um procedimento demorado
e de difícil execução para muitos profissionais. Há dúvidas
quanto à precisão obtida na região cervical, tendo em vis-
ta que o molde dessa área crítica é invariavelmente obtido
com a exposição do acrílico dos casquetes6
. A remoção
do modelo do interior dos moldes eventualmente fratura
ou danifica o preparo, em virtude da rigidez da resina dos
casquetes. Embora o modelo de gesso possa ser remo-
vido intacto quando os casquetes são amolecidos pelo
calor, tal operação danifica irreversivelmente o casquete,
impedindo que um modelo auxiliar extra seja vazado.
A técnica de moldagem com casquete é fruto da
necessidade de se promover adequado afastamento
gengival em preparos intrassulculares. O afastamento
gengival só pode ser alcançado quando, ao final de su-
cessivos reembasamentos do casquete, se evidenciar
uma bainha nítida ao redor do término, formada pela
resina no interior do sulco. Embora seja considerada
por muitos como uma técnica atraumática de afasta-
mento mecânico, é evidente que o uso de monômeros
acrílicos no interior do sulco promove irritação quími-
ca do epitélio sulcular. Não se pode acreditar que o
afastamento mecânico promovido pelo acrílico polime-
rizado não promova nenhuma agressão ou ruptura do
epitélio juncional, já que o objetivo do afastamento é
exatamente a moldagem além da terminação.
Por outro lado, os silicones por adição ou conden-
sação são materiais que dispensam o uso de moldeiras
individuais, já que são fornecidos também na consistên-
cia densa9
. Esses materiais, com menor escoamento,
5. 50 Rev Dental Press Estét. 2011 jan-mar;8(1):46-54
Moldagem de precisão em prótese fixa
apresentam alteração dimensional menor do que em sua
versão fluida ou regular, já que uma concentração maior
de carga foi incorporada à sua massa. O uso prévio ou
concomitante do material denso reduz o volume final do
material fluido e, consequentemente, torna o molde mais
estável. Quando os materiais de consistência densa e flui-
da são manipulados simultaneamente e inseridos por so-
breposição, a técnica é denominada de um tempo ou de
dupla mistura. Quando os materiais são manipulados um
de cada vez, ou seja, moldando-se com o material denso
seguido pelo material fluido, a técnica é denominada de
técnica de dois tempos ou reembasamento.
Os silicones por condensação são materiais que poli-
merizam-se por condensação, através de uma reação cru-
zada entre um polímero de silicone e um silicato alquílico,
de onde resultam subprodutos como o álcool, que volati-
lizam-se facilmente. Além dos subprodutos que induzem
alterações dimensionais, os silicones por condensação
apresentam também a indesejável natureza hidrófoba (não
toleram umidade no sulco gengival), apresentando hidrofilia
inferior quando comparada à de materiais como o poliéter
e o silicone por adição10,11
. Embora alguns autores12
não
tenham encontrado alterações dimensionais significativas
em modelos obtidos com silicones por adição hidrofílicos
em ambientes secos, úmidos ou molhados, a capacidade
de reprodução de detalhes foi significativamente melhor
quando foram utilizados em ambiente seco.
A hidrofilia dos silicones por adição, a sua estabilidade
dimensional, excelente recuperação elástica e resistência
ao rasgamento são todas características desejadas em
um material de moldagem de precisão13
. Esses materiais
geram moldes bastante precisos, permitindo que o va-
zamento seja realizado após uma hora, um dia ou até
mesmo após uma semana, sem que o mesmo apresente
perda significativa de sua exatidão. Quando houver ne-
cessidade de um segundo vazamento, o modelo obtido
será também preciso, desde que o molde não seja dani-
ficado na remoção do modelo anterior1
. A possibilidade
de se ter um modelo de trabalho onde os troquéis repro-
duzam fielmente os detalhes dos preparos e a relação
espacial entre os mesmos, e um modelo extra onde essa
relação não foi perdida pela troquelização, torna o empre-
go desses materiais bastante vantajoso, já que a união de
infraestruturas por solda pode ser evitada clinicamente.
Tecnicamente, a moldagem com silicone por conden-
sação é semelhante à do silicone por adição. Basicamen-
te se diferem pela forma de apresentação. Os silicones
por adição são fornecidos em dois potes de material
denso contendo, respectivamente, massa base e massa
catalisadora. Já os materiais de consistência fluida ou re-
gular são fornecidos em doses iguais de base e catalisa-
dor acondicionado em cartuchos duplos de automistura.
Esses cartuchos são utilizados em pistolas especiais que
injetam os materiais através de uma ponta automisturado-
ra, levando o material diretamente à região a ser moldada.
Essa forma de apresentação, além de otimizar o tempo
de trabalho, torna mais fácil e preciso o proporcionamento
e a homogeneização dos materiais de moldagem13
. Já os
silicones por condensação são fornecidos em um pote
contendo material de consistência densa, uma bisnaga
de material fluido e uma bisnaga de catalisador também
fluido, que é utilizado como reagente para ambos os ma-
teriais. Embora se dê muita importância às qualidades dos
silicones por adição, é possível obter-se ótimos resultados
mesmo com a utilização de silicones por condensação,
desde que cuidados com o seu vazamento sejam ado-
tados14
. Os moldes em silicones por adição devem ser
vazados cerca de uma hora após a sua remoção da boca.
Tal cuidado evita que bolhas resultantes do hidrogênio li-
berado do material se formem na superfície do gesso. A
espera também permite a completa recuperação elástica
do material, assim como dá tempo para que procedimen-
tos de desinfecção química tenham o efeito desejado.
Discussão
Atualmente, os materiais elastoméricos têm sido
amplamente utilizados e indicados no meio odontológi-
co e diversas técnicas de moldagem podem ser empre-
6. 51Rev Dental Press Estét. 2011 jan-mar;8(1):46-54
Zanetti GR, Peçanha MM, Frizzera F, Monteiro Jr C
gadas para esses materiais. Embora muitos profissio-
nais tenham predileção pela técnica de moldagem de
um tempo2
, estudos têm demonstrado que a técnica
de dois tempos confere maior precisão e estabilidade
dimensional, quando comparada à técnica de um único
tempo8
. Além disso, a falta de sincronia na manipulação
simultânea dos dois materiais pode resultar em falhas
na execução do procedimento9
.
Ainda que os poliéteres sejam considerados mate-
riais de excelente estabilidade dimensional, a necessi-
dade de se utilizar grandes volumes em moldeiras totais,
em geral moldeiras individuais confeccionadas em acrí-
lico ou moldeiras plásticas, pode torná-los menos pre-
cisos do que os silicones por adição3,5
. Mesmo quando
silicones por adição são utilizados, principalmente em
consistências mais densas e/ou na técnica de passo
único, a utilização de moldeiras de estoque metálicas
rígidas é mais segura que a de moldeiras de estoque
plásticas, já que a possibilidade de deformação é maior
nessas últimas, afetando especialmente a dimensão de
moldes para próteses parciais fixas14-17
.
Mesmo sendo elastômeros de excelência, os silico-
nes por adição não são materiais infalíveis. Os sulfetos
encontrados nas luvas de látex são capazes de inibir a
polimerização desses materiais, em qualquer uma de
suas consistências. Para contornar esse problema o
cirurgião-dentista deve remover as luvas e lavar bem as
mãos antes de manipular o material ou fazer uso de lu-
vas compostas por material à base de polietileno18
. Além
disso, é importante ressaltar que a temperatura tem um
papel fundamental na reação de polimerização desses
materiais, sendo que seu aumento diminui consideravel-
mente o tempo de trabalho9,19
.
A alta estabilidade dimensional da silicona por adição
permite, se necessário, novo vazamento mesmo dias
após a realização da moldagem. Por outro lado, moldes
em silicone por condensação devem ser vazados qua-
se que imediatamente após a sua remoção da boca, já
que a alteração dimensional é progressivamente maior
quanto mais se retarda o seu vazamento10
.
O afastamento gengival é uma etapa prévia e se faz
absolutamente necessário quando temos margens de
preparo subgengivais. Como o material de moldagem não
possui a capacidade de promover o afastamento lateral
da gengiva marginal, dilatando o sulco gengival, torna-se
necessário o emprego de técnicas que consigam promo-
ver a exposição da região apical ao término do dente pre-
parado, permitindo dessa forma que o material de molda-
gem copie os detalhes dessa área20
.
Nessa altura da execução do tratamento, é necessá-
rio ter saúde periodontal, importante para permitir uma
moldagem precisa da área subgengival. Isso se obtém,
principalmente, a partir do adequado posicionamento do
término cervical do preparo, respeitando o espaço biológi-
co da inserção periodontal, e de uma restauração provisó-
ria com contornos anatômicos e corretamente adaptada
às margens do preparo, bem como dotada de superfícies
polidas e regulares que dificultem a fixação da placa bac-
teriana e/ou que facilitem a sua remoção21
.
O afastamento gengival para moldagem intrassulcu-
lar pode ser realizado mecanicamente, quimicamente
ou pela associação de ambos os métodos. O uso cons-
tante e indiscriminado dos fios retratores no interior do
sulco provoca um aumento nos níveis de citocinas in-
flamatórias, devido à ruptura de fibras do ligamento pe-
riodontal20
. Mesmo quando fios não impregnados são
utilizados por longo período, ou com diâmetro inapro-
priado, a inflamação pós-operatória é observada. Por
outro lado, quando os fios são utilizados com diâmetros
apropriados e impregnados em soluções adstringentes
menos agressivas, respeitando-se a tolerância dos teci-
dos gengivais, a inflamação torna-se mais branda e se
extingue ao longo de uma semana, sem que sequelas
possam ser detectadas em médio ou longo prazos21
.
Outro aspecto que deve ser considerado na seleção
da técnica de afastamento gengival para moldagem é
que, embora a técnica de afastamento com fios retrato-
res possa causar algum dano às estruturas periodontais,
7. 52 Rev Dental Press Estét. 2011 jan-mar;8(1):46-54
Moldagem de precisão em prótese fixa
esse é de baixa intensidade e curta duração. Tal técnica,
não parece ser muito diferente de outros procedimentos
corriqueiros, como a raspagem subgengival, instalação
de bandas ortodônticas ou mesmo invaginação do iso-
lamento absoluto por meio de amarrias. Um afastamento
menos traumático pode produzir uma moldagem defi-
ciente, gerando, assim, uma agressão crônica muito mais
danosa, já que a prótese com bordos insuficientemente
adaptados agride mecanicamente o periodonto e poten-
cializa a agressão microbiana pela adesão de placa22
.
Diante disso, há que se considerar a técnica de afasta-
mento gengival com fios retratores duplos em associação
à dupla moldagem (ou reembasamento) utilizando-se sili-
cones por adição como uma opção extremamente con-
fiável na obtenção de moldes precisos em tratamentos
por meio de prótese parcial fixa8
. Deve-se considerar que,
apesar de ser uma técnica com materiais de custo signi-
ficativamente mais alto do que outras, seu custo opera-
cional e sua eficiência tornam o custo final do tratamento
desprezível frente aos resultados obtidos.
Figura 1 - Seleção da moldeira que per-
mita a obtenção de volume adequado do
material de moldagem.
Figura 2 - Manipulação do material (pro-
porções iguais de base e catalizador), sem
luvas à base de látex e com as mãos secas.
Figura 3 - Manutenção das coroas pro-
visórias em posição, quando não houver
pônticos.
Figura 4 - Inserção e assentamento da
moldeira mantendo a centralização em re-
lação à arcada.
Figura 5 - Molde retirado da boca após a
polimerização do material. A presença das
coroas provisórias auxilia no alívio do molde.
Figura 6 - Preparos mantidos sob isola-
mento relativo, após a remoção das coroas
provisórias e limpeza do cimento.
Descrição da técnica
Figura 7 - Primeiro fio embebido em so-
lução de cloreto de alumínio sendo suave-
mente inserido no interior do sulco gengival.
Figura 8 - Fios completamente inseridos
ao redor dos términos dos preparos e com
excessos aparados.
Figura 9 - Segundo fio, de diâmetro mais
espesso, sendo inserido delicadamente até
a linha de terminação cervical do preparo.
8. 53Rev Dental Press Estét. 2011 jan-mar;8(1):46-54
Zanetti GR, Peçanha MM, Frizzera F, Monteiro Jr C
Figura 10 - Remoção da retenção vestibu-
lar do molde em material denso, para facili-
tar a reinserção da moldeira na boca.
Figura 11 - Desgaste do molde com bro-
cas, aliviando a região correspondente à
gengiva marginal afastada pelo fio retrator.
Figura 12 - A remoção das interferências
gengivais e interproximais do molde facilita
a inserção e o assentamento da moldeira.
Figura 13 - Lavagem do preparo com água
para remoção do excesso de saliva, assim
como de solução adstringente.
Figura 14 - Remoção do segundo fio atra-
vés da extremidade excedente.
Figura 15 - Silicone fluido injetado com se-
ringa de automistura. Da porção cervical do
preparo até o envolvimento total do dente.
Figura 16 - Preenchimento do molde
com silicone fluido, antes da reinserção na
boca. A remoção da ponta fina aumenta o
volume do material injetado pela seringa.
Figura 17 - Avaliação do molde removido,
após polimerização final do silicone fluido.
Figura 18 - Notar a presença dos fios retra-
tores aderidos ao molde. Nesse caso, os fios
não devem ser removidos do silicone, evitan-
do-se a ruptura do molde do sulco gengival.
Figura 19 - Modelo a partir do primeiro
vazamento de gesso tipo IV no interior do
molde. Os fios não interferem na precisão
dos términos do modelo, entretanto de-
vem ser removidos apenas pelo técnico,
na exposição das margens dos troquéis.
Figura 20 - Modelo extra, obtido a partir
do segundo vazamento de gesso tipo IV.
Nota-se que, mesmo sem os fios, o mode-
lo apresenta excelente detalhamento dos
bordos dos preparos.
Figura 21 - Molde em silicone por adição
seccionado transversalmente no longo
eixo do preparo, onde se evidencia a qua-
lidade da reprodução dos términos dos
preparos, mesmo após a obtenção de dois
modelos de gesso.
9. 54 Rev Dental Press Estét. 2011 jan-mar;8(1):46-54
Moldagem de precisão em prótese fixa
CONCLUSÃO
A escolha correta de materiais e técnicas de mol-
dagem para confecção de uma prótese fixa é crucial
para obter resultados finais mais precisos. A utilização
de materiais de moldagem que apresentem caracterís-
ticas como tempo de trabalho adequado, estabilidade
dimensional, precisão na reprodução de detalhes, assim
como a possibilidade de serem utilizados em ambiente
úmido, melhora o resultado final do molde, do modelo
e, consequentemente, da restauração protética. A utili-
zação de material de moldagem elastomérico, como a
silicona de adição, em conjunto com a técnica de afas-
tamento por meio de fio retrator apresenta resultado sa-
tisfatório e com boa previsibilidade.
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Glauco Rangel Zanetti
Av. Nossa Senhora da Penha, 699 - Sl. 709A
CEP: 29.055-131 – Vitória / ES
E-mail: glaucozanetti@yahoo.com.br
Endereço para correspondência
Figura 22 - Secção transversal do molde, onde pode-se obser-
var: a) a uniformidade da espessura do material fluido determinada
pelo alívio alcançado com as coroas provisórias mantidas durante
a moldagem com o silicone denso; b) o deslocamento da gengiva
marginal em direção ao alívio obtido por meio de desgaste com
broca; c) a reprodução nítida do sulco gengival e da parede radicu-
lar cervical obtida pela técnica de afastamento empregada.
a a
a
b
c
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