O documento discute 7 erros comuns que as empresas cometem na comunicação interna, incluindo: confundir comunicação com gestão, não priorizar o público interno, e excluir os colaboradores da comunicação externa.
2. De uns tempos para cá, temos visto boas iniciativas das empresas brasileiras
para romper com o modelo tradicional de gestão. É o momento em que
cresce a utilização de conceitos como Gestão à Vista, Gestão 3.0, Gestão
Descentralizada etc. Este movimento perpassa, inegavelmente, os processos
de comunicação interna, uma vez que a tendência é tornar tudo mais
transparente e promover o engajamento dos colaboradores.
Basta ver a quantidade de assessorias, consultorias e profissionais
especializados em Endomarketing e comunicação interna, oferecendo o
que há de mais moderno para empresas de todos os portes de norte a sul do
país.
Contudo, ainda existem alguns equívocos que as empresas insistem em
cometer quando se trata de dialogar com a comunidade interna.
A seguir, veja 7 erros muito comuns:
3. 1º
CONFUNDIR COMUNICAÇÃO COM
GESTÃO
O papel da comunicação interna é ajudar a empresa a criar identidade,
vínculo emocional e engajamento. Não é de sua alçada resolver questões
de clima organizacional. Com frequência os líderes procuram o departamento
de Comunicação para fazer um texto ou peça publicitária para motivar seus
liderados e até para reparar danos de uma má gestão.
Não pense que haverá efetividade ao tentar apagar fogo usando um texto ou
uma imagem bonita. E os times dentro do grande time são reflexos de
seus líderes, portanto se os líderes desmotivam, não é a comunicação que irá
motivar.
A área de comunicação interna deve sim trabalhar lado a lado com o RH e os
gestores, porém oferecendo técnicas e meios de viabilizar as estratégias
ligadas à missão, visão e valores daquela organização, e não se colocando
como única responsável pela satisfação dos colaboradores.
4. 2º
NÃO PRIORIZAR O PÚBLICO INTERNO
Para um bom clima organizacional, é preciso que todos estejam
engajados; ou seja, que acreditem na causa e estejam dispostos a lutar
por ela. Muitas empresas perdem a oportunidade de envolver seus
colaboradores por atropelar o fluxo e comunicar antes para o
mercado.
Não é desagradável saber sobre decisões importantes da empresa por
meio de um portal de notícias? Como acreditar numa organização que não
se importa em falar antes para os “estranhos” do que para mim, que sou
seu colaborador?
Onde fica nosso vínculo emocional?
5. 3º
EXCLUIR OS COLABORADORES DA
COMUNICAÇÃO EXTERNA
Se muitas empresas não priorizam a comunidade interna, há outras tantas
que esquecem que seu discurso interno precisa estar alinhado com o
que se diz para o mercado. E isso só é possível quando se fala a
verdade.
Obviamente, numa peça publicitária as coisas tendem a ser mais poéticas.
Mas, o que está sendo dito é o que os colaboradores percebem no dia a
dia corporativo?
Por isso, é muito importante considerar a comunidade interna quando se
está construindo uma estratégia de comunicação externa (aliás, todos os
públicos precisam ser considerados, o que chamamos de Comunicação
Integrada).
6. 4º
NÃO ENVOLVER AS LIDERANÇAS
Não existe comunicação interna sem a atuação ativa das lideranças.
As equipes só conseguirão valorizar a comunicação e reservar alguns
minutos de seu tempo para acessar a intranet ou olhar o jornal mural se
os líderes mostrarem que isso é importante.
Esta é uma máxima que cai como uma luva para as áreas operacionais. Os
trabalhadores de chão de fábrica ou áreas técnicas tendem a ser mais
cobrados por produtividade, por isso, é preciso que suas lideranças
vejam valor em tê-los bem informados e engajados.
7. 5º
FALAR E NÃO OUVIR
A unilateralidade na comunicação interna, lamentavelmente, ainda é
encontrada em empresas de vários portes.
A questão é: se tudo está bem, se há um bom clima organizacional, se as
pessoas são valorizadas e estão engajadas nos objetivos estratégicos,
porque não ouvir o elas têm a dizer?
E não se trata apenas da “caixinha de sugestões”. A intranet precisa ser a
mais 2.0 possível, os veículos (revistas, jornais, murais etc) precisam dar
espaço para publicações dos colaboradores, os eventos internos precisam
envolver mais gente da “base da pirâmide”... E por aí vai.
A comunicação interna, cada vez mais, tem que ser uma via de
mão dupla.
8. 6º
CONSIDERAR COMUNICAÇÃO COMO
PERDA DE TEMPO
As lideranças mais tradicionais tendem a ver os minutos gastos com
leitura de notícias no portal corporativo, acesso a SMS enviados pelo
pessoal de comunicação e outras ações, como fatores que atrapalham a
produtividade de seus liderados.
Este pensamento é uma herança do Brasil colônia. A quantidade de
retrabalho que é feito diariamente nas empresas que não têm cultura de
comunicação deveria ser a preocupação destes líderes.
9. 7º
EXCESSO DE COMUNICADOS
Na ânsia de jogar as informações para frente, muitas vezes são emitidos
dezenas de e-mails dos mais variados assuntos para a comunidade interna
num único dia. Isso é apenas disponibilizar informação e não pensar na
fixação das mensagens, no propósito do que se está informando.
Quantidade e qualidade precisam ser balanceadas o tempo todo.
Tem coisas que precisam ser enviadas por e-mail, mas tem assuntos que
são oportunidades para cada gestor chamar sua equipe e bater um papo
de cinco minutos. E tem coisas que merecem um vídeo ou uma mensagem
de voz enviada pelo presidente; e tem comunicados que merecem outdoor
ou TV corporativa. E também tem coisas que não merecem nenhuma ação
– é preciso avaliar o impacto e a importância das mensagens e não pecar
pelo excesso.
O que não dá é para jogar informação para frente e achar que com
isso está comunicando.
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FORMANCHUK, Alejandro. Comunicación interna 2.0: un desafío
cultural. Buenos Aires: Edición Formanchuk & Asociados, 2011.
CURVELLO, João José Azevedo. Comunicação Interna e Cultura
Organizacional. Brasília: Casa das Musas, 2012.
KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Relações públicas e
modernidade: novos paradigmas na comunicação organizacional. São
Paulo: Summus, 1997.
CARRAMENHA, Bruno / CAPPELLANO, Thatiana / MANSI, Viviane.
Comunicação com empregados – A comunicação Interna sem
fronteira. São Paulo: In House, 2013.