SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 4
Baixar para ler offline
Guia de como elaborar um Projeto de Documentário*


Prof. Dr. Cássio Tomaim
Departamento de Ciências da Comunicação
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)/Cesnors




Este guia foi pensado exclusivamente para atender às necessidades da
disciplina Laboratório de Telejornalismo III, do curso de Jornalismo da
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM/Cesnors), que tem como objetivo a
realização de um vídeo documentário.


Introdução

Qualquer projeto de documentário começa com uma boa e ampla pesquisa
sobre o assunto a ser abordado. As idéias para um documentário só começam a
ganhar corpo quando são colocadas no papel. Por isto a importância do
documentarista elaborar com cuidado o seu projeto, pois é nele que toda a
equipe irá se apoiar na hora da produção. É nele que estarão informações
sobre a idéia do vídeo, como iremos usar a(s) câmera(s) e equipamentos em
geral, quem são nossos personagens sociais, o que eles têm a ver com a
história que iremos contar, como pretendemos nos relacionar com estes
personagens etc. Por fim, são estas e outras tantas questões que irão nos
ajudar a formatar o nosso documentário.


Projetando um documentário

Então, um projeto de documentário deve conter os seguintes itens:

1. Sinopse

Deve ser descrita a idéia original do vídeo, aquela que irá ser traduzida em um
projeto audiovisual. Do que se trata o documentário? O que será abordado?
Veja que a preocupação é descrever do que se trata o documentário e não
como será abordado pelo diretor. Isto é em outro item. Por exemplo, o filme
Tiros em Columbine , de Michael Moore, retrata o fascínio que os norte-
americanos têm por armas de fogo, tendo como gancho o atentado no colégio


*
 Este Guia foi inspirado nas orientações para submissão de projetos de documentários dos
editais do DOCTV.
Columbine em que dois adolescentes assassinaram 14 estudantes e um
professor. No máximo 6 linhas.


2. Argumento

É a apresentação da temática que será tratada no documentário. É o espaço
que o roteirista tem para apresentar os principais dados levantados pela
pesquisa em relação ao tema proposto. É a hora de defender a idéia do
documentário, dar argumentos (históricos, sociais, econômicos, culturais,
políticos etc) que justifiquem a importância de transformar aquele tema em um
produto audiovisual. No máximo 1 página.


3. A Proposta

Descrever a proposta formal do vídeo. Que documentário estamos propondo?
Veja que não se trata de apresentar o tema ou a sua importância, isto já foi
feito nos itens anteriores, é preciso que agora o roteirista trabalhe a idéia do
documentário. A quê este documentário se pretende? Quais os objetivos com
este documentário em relação à temática abordada? Mostrar, discutir, debater,
focalizar, explorar, promover, questionar, etc. são algumas das palavras-chaves
que nos ajudam na hora de escrever a proposta. Sempre existe um por quê
em fazer um documentário. Qual é o seu? Em geral, o que motiva um
documentarista é a oportunidade de conhecer, de ter um contato com uma
realidade diferente da sua. É deste contato com o outro que nasce o
documentário. Então, cabe ao roteirista traduzir as intenções do diretor com a
realização do documentário. No máximo 1 página.

Para exemplificar podemos citar o filme Babilônia 2000, de Eduardo Coutinho. O
diretor e sua equipe sobem o morro Babilônia, no Rio de Janeiro, com a
proposta de registrar o cotidiano de alguns moradores do local na véspera da
virada do ano 1999/2000. O documentário procura mostrar que, apesar
daquelas pessoas humildes se envolverem com o festejo da virada do século,
este rito de passagem muda muito pouco a vida delas. O filme busca uma
resposta a pergunta: o que estas pessoas podem esperar do novo século que
se inicia?

Neste item, o roteirista pode apontar documentários ou outras referências que
se assemelham a proposta evidenciada.


4. Descrição do(s) Objeto(s)

Se fazer documentário é objetivar a realidade, isto nos leva a definir qual(is)
o(s) nosso(s) objeto(s) que merece(m) ser retratado(s). Neste caso, os objetos
para um documentário podem ser personagens sociais, materiais de arquivo,
manifestações da natureza e etc. Entretanto, é preciso que fique claro ao
documentarista que nem sempre ao lidar com seus objetos implica em um grau
zero de subjetividade, pelo contrário, pois o próprio fazer cinematográfico
implica na existência de um sujeito-da-câmera, em um olhar subjetivo diante da
realidade. Até mesmo lidando apenas com materiais de arquivo, na hora da
seleção e montagem o olhar subjetivo prevalece, uma vez que o documentário
é uma obra criativa, inventiva e interpretativa da realidade que sempre irá
pressupor um sujeito.

Neste sentido, é preciso que o roteirista descreva o(s) seu(s) objeto(s).
Procurar evidenciar quem são, qual a importância destes para o filme, qual a
relação destes com a temática. No máximo 5 linhas para cada objeto
apontado.

No entanto, é preciso que se saiba que os personagens apontados devem ser
aqueles que aceitaram participar do filme em um acordo firmado com a equipe
de produção do documentário na época da pesquisa. Se caso o documentário
for baseado em “povo-fala” não haverá como descrever cada personagem, cabe
ao roteirista apenas apontar o lugar onde será realizado o “povo-fala” e que
tipos de personagens sociais serão priorizados.


5. Abordagem

Trata-se de apresentar o como do documentário. Escolhido(s) o(s) objeto(s) é
preciso agora definir de maneira clara, dentro da proposta fílmica, como o
documentarista irá se relacionar com cada um deles. É ideal que se comece
esclarecendo que tipo de documentário será realizado: objetivo, poético,
participativo, observativo etc. Isto diz muito em relação à postura que irá ser
adotada pelo documentarista e sua equipe. Por exemplo, se o filme terá uma
abordagem observativa, aos moldes do cinema direto, implica que o diretor e
sua equipe (em geral, reduzida) irão procurar observar os personagens sem
interferirem na realidade; com uma “câmera na mão” (ou no ombro) os
realizadores buscarão ser incorporados no cotidiano dos personagens para que
este seja capturado com mais naturalidade.

É aqui o espaço para o roteirista descrever sobre as modalidades de
entrevistas, as modalidades de comportamento da câmera com os personagens
sociais, as intervenções do diretor (se houver), como se dará as reconstituições
ficcionais (com uso de personagens sociais ou atores profissionais?), se fará uso
de voz-over (ou OFF), como serão utilizados os materiais de arquivos (sonoros,
iconográficos ou audiovisuais).

Para cada estratégia de abordagem do documentário é necessário uma
justificativa coerente com a proposta apresentada. Por exemplo, se for utilizar
um determinado depoimento de um dos personagens sociais em um estúdio
para distingui-lo dos demais que foram captados em externas (ruas, praças etc)
é preciso que fique claro os motivos disto, quais as intenções desta escolha.
Para cada apresentação e justificativa das abordagens no máximo 15
linhas.


6. Estrutura


Quando se produz um documentário, depois de superadas as fases de pesquisa
e planejamento, é preciso que o diretor e a equipe sejam capazes de visualizar
o filme. Que todos tenham em mente o documentário decupado em suas
diversas sequências. Para tal, se faz necessário que no projeto seja
apresentado uma estrutura do filme. Não se trata do roteiro finalizado, isto é
uma outra etapa. O que se pretende é que, a partir das estratégias de
abordagem do documentário, o roteirista seja capaz de criar uma linha
estrutural para o filme. Por exemplo: a nossa história começa com cenas de
uma câmera de vigilância que registra a entrada de uma equipe de filmagem no
prédio; corta para cenas desta equipe entrando em um elevador; cena da
produtora batendo em uma porta de um dos apartamentos; corta para cenas
de depoimentos de alguns moradores que falam sobre o passado do Edifício
Master. É mais ou menos assim a estrutura inicial do documentário Edifício
Master de Eduardo Coutinho.



7. Cronograma de Produção


Por fim, todo projeto de documentário necessita de um cronograma de
produção para que seja garantido que todas as etapas serão cumpridas. Isto
demonstra que o planejamento é uma tarefa imprescindível na realização de
um produto audiovisual. Deve-se incluir neste cronograma (quando houver):
captação de internas e externas, captação de depoimentos, gravação de
locução, edição, confecção de arte final (desenhos, animações, vinhetas) e
trilhas sonoras ou músicas, etc.

No caso dos projetos de documentários da disciplina Laboratório de
Telejornalismo III, a finalização do vídeo e a entrega em suporte DVD devem
estar condicionadas ao cronograma da disciplina, apresentado pelo professor.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Storyline, roteiro e storyboard
Storyline, roteiro e storyboardStoryline, roteiro e storyboard
Storyline, roteiro e storyboardAline Corso
 
INTRODUÇÃO À PRODUÇÃO DE ROTEIRO
INTRODUÇÃO À PRODUÇÃO DE ROTEIROINTRODUÇÃO À PRODUÇÃO DE ROTEIRO
INTRODUÇÃO À PRODUÇÃO DE ROTEIROFausto Coimbra
 
Aula linguagem audiovisual 03 roteiro publicitário
Aula linguagem audiovisual 03 roteiro publicitárioAula linguagem audiovisual 03 roteiro publicitário
Aula linguagem audiovisual 03 roteiro publicitárioElizeu Nascimento Silva
 
Planos para filmagem
Planos para filmagemPlanos para filmagem
Planos para filmagemEjavorski
 
Aula Animação - história e os princípios básicos
Aula Animação - história e os princípios básicosAula Animação - história e os princípios básicos
Aula Animação - história e os princípios básicosGabriel Ferraciolli
 
Estética da linguagem áudio visual 2
Estética da linguagem áudio visual 2Estética da linguagem áudio visual 2
Estética da linguagem áudio visual 2Thais_Sccp
 
O Projeto Audiovisual 2[1]
O Projeto Audiovisual 2[1]O Projeto Audiovisual 2[1]
O Projeto Audiovisual 2[1]videoparatodos
 
PRODUÇÃO AUDIOVISUAL - Etapas da Produção pdf
PRODUÇÃO AUDIOVISUAL - Etapas da Produção pdfPRODUÇÃO AUDIOVISUAL - Etapas da Produção pdf
PRODUÇÃO AUDIOVISUAL - Etapas da Produção pdfUNIP. Universidade Paulista
 
Pre-produção AV - Guiões Literários, Técnicos e Storyboard
Pre-produção AV - Guiões Literários, Técnicos e StoryboardPre-produção AV - Guiões Literários, Técnicos e Storyboard
Pre-produção AV - Guiões Literários, Técnicos e StoryboardPedro Almeida
 
Aula 6 - O Roteiro
Aula 6 - O RoteiroAula 6 - O Roteiro
Aula 6 - O RoteiroFernando
 
Elementos narrativos do cinema - Parte 1 (Planos e enquadramentos)
Elementos narrativos do cinema - Parte 1 (Planos e enquadramentos)Elementos narrativos do cinema - Parte 1 (Planos e enquadramentos)
Elementos narrativos do cinema - Parte 1 (Planos e enquadramentos)Mauricio Mallet Duprat
 
Script tv modelo_agenciade_noticias
Script tv modelo_agenciade_noticiasScript tv modelo_agenciade_noticias
Script tv modelo_agenciade_noticiasevelinearaujo
 

Mais procurados (20)

Storyline, roteiro e storyboard
Storyline, roteiro e storyboardStoryline, roteiro e storyboard
Storyline, roteiro e storyboard
 
Produção cinematógrafiaca
Produção cinematógrafiacaProdução cinematógrafiaca
Produção cinematógrafiaca
 
Breve história do cinema
Breve história do cinemaBreve história do cinema
Breve história do cinema
 
INTRODUÇÃO À PRODUÇÃO DE ROTEIRO
INTRODUÇÃO À PRODUÇÃO DE ROTEIROINTRODUÇÃO À PRODUÇÃO DE ROTEIRO
INTRODUÇÃO À PRODUÇÃO DE ROTEIRO
 
Aula linguagem audiovisual 03 roteiro publicitário
Aula linguagem audiovisual 03 roteiro publicitárioAula linguagem audiovisual 03 roteiro publicitário
Aula linguagem audiovisual 03 roteiro publicitário
 
Planos para filmagem
Planos para filmagemPlanos para filmagem
Planos para filmagem
 
6. Forma e narrativa
6. Forma e narrativa6. Forma e narrativa
6. Forma e narrativa
 
Produção em TV
Produção em TVProdução em TV
Produção em TV
 
Aula Animação - história e os princípios básicos
Aula Animação - história e os princípios básicosAula Animação - história e os princípios básicos
Aula Animação - história e os princípios básicos
 
Estética da linguagem áudio visual 2
Estética da linguagem áudio visual 2Estética da linguagem áudio visual 2
Estética da linguagem áudio visual 2
 
Documentário
DocumentárioDocumentário
Documentário
 
Animação 1 - Storyboard
Animação 1 - StoryboardAnimação 1 - Storyboard
Animação 1 - Storyboard
 
Slides do Módulo 3 sobre Roteiro e Edição de vídeo
Slides do Módulo 3 sobre Roteiro e Edição de vídeoSlides do Módulo 3 sobre Roteiro e Edição de vídeo
Slides do Módulo 3 sobre Roteiro e Edição de vídeo
 
O Projeto Audiovisual 2[1]
O Projeto Audiovisual 2[1]O Projeto Audiovisual 2[1]
O Projeto Audiovisual 2[1]
 
PRODUÇÃO AUDIOVISUAL - Etapas da Produção pdf
PRODUÇÃO AUDIOVISUAL - Etapas da Produção pdfPRODUÇÃO AUDIOVISUAL - Etapas da Produção pdf
PRODUÇÃO AUDIOVISUAL - Etapas da Produção pdf
 
Eav cinema hq planos 1
Eav cinema hq planos 1Eav cinema hq planos 1
Eav cinema hq planos 1
 
Pre-produção AV - Guiões Literários, Técnicos e Storyboard
Pre-produção AV - Guiões Literários, Técnicos e StoryboardPre-produção AV - Guiões Literários, Técnicos e Storyboard
Pre-produção AV - Guiões Literários, Técnicos e Storyboard
 
Aula 6 - O Roteiro
Aula 6 - O RoteiroAula 6 - O Roteiro
Aula 6 - O Roteiro
 
Elementos narrativos do cinema - Parte 1 (Planos e enquadramentos)
Elementos narrativos do cinema - Parte 1 (Planos e enquadramentos)Elementos narrativos do cinema - Parte 1 (Planos e enquadramentos)
Elementos narrativos do cinema - Parte 1 (Planos e enquadramentos)
 
Script tv modelo_agenciade_noticias
Script tv modelo_agenciade_noticiasScript tv modelo_agenciade_noticias
Script tv modelo_agenciade_noticias
 

Destaque

Grelha de avaliação de competências
Grelha de avaliação de competênciasGrelha de avaliação de competências
Grelha de avaliação de competênciasjoaomengo
 
TrâNsito Final
TrâNsito FinalTrâNsito Final
TrâNsito FinalSRabello
 
Powerpoint Nr. 1 ApresentaçãO. CritéRios De AvaliaçãO
Powerpoint Nr. 1   ApresentaçãO. CritéRios De AvaliaçãOPowerpoint Nr. 1   ApresentaçãO. CritéRios De AvaliaçãO
Powerpoint Nr. 1 ApresentaçãO. CritéRios De AvaliaçãONuno Correia
 
Grelha de avaliação
Grelha de avaliaçãoGrelha de avaliação
Grelha de avaliaçãoisa
 
Grelha de Observação dos Alunos na Atividade
Grelha de Observação dos Alunos na AtividadeGrelha de Observação dos Alunos na Atividade
Grelha de Observação dos Alunos na AtividadeLuisa Lamas
 
Grelha de avaliação dos trabalhos vazia
Grelha de avaliação dos trabalhos vaziaGrelha de avaliação dos trabalhos vazia
Grelha de avaliação dos trabalhos vaziaSara Costa
 

Destaque (8)

Grelha de avaliação de competências
Grelha de avaliação de competênciasGrelha de avaliação de competências
Grelha de avaliação de competências
 
TrâNsito Final
TrâNsito FinalTrâNsito Final
TrâNsito Final
 
Powerpoint Nr. 1 ApresentaçãO. CritéRios De AvaliaçãO
Powerpoint Nr. 1   ApresentaçãO. CritéRios De AvaliaçãOPowerpoint Nr. 1   ApresentaçãO. CritéRios De AvaliaçãO
Powerpoint Nr. 1 ApresentaçãO. CritéRios De AvaliaçãO
 
Grelha de avaliação
Grelha de avaliaçãoGrelha de avaliação
Grelha de avaliação
 
Grelha de Observação dos Alunos na Atividade
Grelha de Observação dos Alunos na AtividadeGrelha de Observação dos Alunos na Atividade
Grelha de Observação dos Alunos na Atividade
 
Guião de filme
Guião de filmeGuião de filme
Guião de filme
 
Grelha de avaliação dos trabalhos vazia
Grelha de avaliação dos trabalhos vaziaGrelha de avaliação dos trabalhos vazia
Grelha de avaliação dos trabalhos vazia
 
Grelha de registo
Grelha de registoGrelha de registo
Grelha de registo
 

Semelhante a Guia de como elaborar um projeto para documentario

Conceitos básicos da produção audio visual
Conceitos básicos da produção audio visualConceitos básicos da produção audio visual
Conceitos básicos da produção audio visualFrancisco Machado
 
Escrevendo Um Documentário
Escrevendo Um DocumentárioEscrevendo Um Documentário
Escrevendo Um DocumentárioTalbert Igor
 
Apostila cinema apend1 funcoes
Apostila cinema apend1 funcoesApostila cinema apend1 funcoes
Apostila cinema apend1 funcoesQuézia Lopes
 
O que é um documentário.
O que é um documentário.O que é um documentário.
O que é um documentário.FArlete
 
O que é um documentário.
O que é um documentário.O que é um documentário.
O que é um documentário.FArlete
 
Edição e remix de conteúdo digital
Edição e remix de conteúdo digitalEdição e remix de conteúdo digital
Edição e remix de conteúdo digitalAlexandra de Siqueira
 
Cartilhaaudiovisual final (1)
Cartilhaaudiovisual final (1)Cartilhaaudiovisual final (1)
Cartilhaaudiovisual final (1)Larissa Zambelli
 
Do roteiro ao plano visual / plano de produção
Do roteiro ao plano visual / plano de produçãoDo roteiro ao plano visual / plano de produção
Do roteiro ao plano visual / plano de produçãoArmando Bulcao
 
Roteiro audiovisual - PJM e Tribos
Roteiro audiovisual - PJM e TribosRoteiro audiovisual - PJM e Tribos
Roteiro audiovisual - PJM e TribosThiago Araújo
 
Criação em filmes publicitários - Capítulo 04: "O processo de criação do film...
Criação em filmes publicitários - Capítulo 04: "O processo de criação do film...Criação em filmes publicitários - Capítulo 04: "O processo de criação do film...
Criação em filmes publicitários - Capítulo 04: "O processo de criação do film...Mauro Coelho
 
O cinema em_sala_de_aula_ii
O cinema em_sala_de_aula_iiO cinema em_sala_de_aula_ii
O cinema em_sala_de_aula_iiClaudio Santos
 

Semelhante a Guia de como elaborar um projeto para documentario (20)

Conceitos básicos da produção audio visual
Conceitos básicos da produção audio visualConceitos básicos da produção audio visual
Conceitos básicos da produção audio visual
 
Curta metragem
Curta metragemCurta metragem
Curta metragem
 
Koneski Escrevendo um documentario
Koneski Escrevendo um documentario Koneski Escrevendo um documentario
Koneski Escrevendo um documentario
 
Escrevendo Um Documentário
Escrevendo Um DocumentárioEscrevendo Um Documentário
Escrevendo Um Documentário
 
4-argumentoe roteiro.pptx
4-argumentoe roteiro.pptx4-argumentoe roteiro.pptx
4-argumentoe roteiro.pptx
 
Projeto Cinema Social
Projeto Cinema SocialProjeto Cinema Social
Projeto Cinema Social
 
Apostila cinema apend1 funcoes
Apostila cinema apend1 funcoesApostila cinema apend1 funcoes
Apostila cinema apend1 funcoes
 
O Que é Um Roteiro
O Que é Um RoteiroO Que é Um Roteiro
O Que é Um Roteiro
 
O que é um documentário.
O que é um documentário.O que é um documentário.
O que é um documentário.
 
Planos narrativos
Planos narrativosPlanos narrativos
Planos narrativos
 
O que é um documentário.
O que é um documentário.O que é um documentário.
O que é um documentário.
 
Edição e remix de conteúdo digital
Edição e remix de conteúdo digitalEdição e remix de conteúdo digital
Edição e remix de conteúdo digital
 
Cartilhaaudiovisual final (1)
Cartilhaaudiovisual final (1)Cartilhaaudiovisual final (1)
Cartilhaaudiovisual final (1)
 
vídeoLAB - vídeo e realidade
vídeoLAB -  vídeo e realidadevídeoLAB -  vídeo e realidade
vídeoLAB - vídeo e realidade
 
Do roteiro ao plano visual / plano de produção
Do roteiro ao plano visual / plano de produçãoDo roteiro ao plano visual / plano de produção
Do roteiro ao plano visual / plano de produção
 
Roteiro audiovisual - PJM e Tribos
Roteiro audiovisual - PJM e TribosRoteiro audiovisual - PJM e Tribos
Roteiro audiovisual - PJM e Tribos
 
Criação em filmes publicitários - Capítulo 04: "O processo de criação do film...
Criação em filmes publicitários - Capítulo 04: "O processo de criação do film...Criação em filmes publicitários - Capítulo 04: "O processo de criação do film...
Criação em filmes publicitários - Capítulo 04: "O processo de criação do film...
 
O cinema em_sala_de_aula_ii
O cinema em_sala_de_aula_iiO cinema em_sala_de_aula_ii
O cinema em_sala_de_aula_ii
 
O cinema em_sala_de_aula_ii
O cinema em_sala_de_aula_iiO cinema em_sala_de_aula_ii
O cinema em_sala_de_aula_ii
 
O cinema em sala de aula
O cinema em sala de aulaO cinema em sala de aula
O cinema em sala de aula
 

Guia de como elaborar um projeto para documentario

  • 1. Guia de como elaborar um Projeto de Documentário* Prof. Dr. Cássio Tomaim Departamento de Ciências da Comunicação Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)/Cesnors Este guia foi pensado exclusivamente para atender às necessidades da disciplina Laboratório de Telejornalismo III, do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM/Cesnors), que tem como objetivo a realização de um vídeo documentário. Introdução Qualquer projeto de documentário começa com uma boa e ampla pesquisa sobre o assunto a ser abordado. As idéias para um documentário só começam a ganhar corpo quando são colocadas no papel. Por isto a importância do documentarista elaborar com cuidado o seu projeto, pois é nele que toda a equipe irá se apoiar na hora da produção. É nele que estarão informações sobre a idéia do vídeo, como iremos usar a(s) câmera(s) e equipamentos em geral, quem são nossos personagens sociais, o que eles têm a ver com a história que iremos contar, como pretendemos nos relacionar com estes personagens etc. Por fim, são estas e outras tantas questões que irão nos ajudar a formatar o nosso documentário. Projetando um documentário Então, um projeto de documentário deve conter os seguintes itens: 1. Sinopse Deve ser descrita a idéia original do vídeo, aquela que irá ser traduzida em um projeto audiovisual. Do que se trata o documentário? O que será abordado? Veja que a preocupação é descrever do que se trata o documentário e não como será abordado pelo diretor. Isto é em outro item. Por exemplo, o filme Tiros em Columbine , de Michael Moore, retrata o fascínio que os norte- americanos têm por armas de fogo, tendo como gancho o atentado no colégio * Este Guia foi inspirado nas orientações para submissão de projetos de documentários dos editais do DOCTV.
  • 2. Columbine em que dois adolescentes assassinaram 14 estudantes e um professor. No máximo 6 linhas. 2. Argumento É a apresentação da temática que será tratada no documentário. É o espaço que o roteirista tem para apresentar os principais dados levantados pela pesquisa em relação ao tema proposto. É a hora de defender a idéia do documentário, dar argumentos (históricos, sociais, econômicos, culturais, políticos etc) que justifiquem a importância de transformar aquele tema em um produto audiovisual. No máximo 1 página. 3. A Proposta Descrever a proposta formal do vídeo. Que documentário estamos propondo? Veja que não se trata de apresentar o tema ou a sua importância, isto já foi feito nos itens anteriores, é preciso que agora o roteirista trabalhe a idéia do documentário. A quê este documentário se pretende? Quais os objetivos com este documentário em relação à temática abordada? Mostrar, discutir, debater, focalizar, explorar, promover, questionar, etc. são algumas das palavras-chaves que nos ajudam na hora de escrever a proposta. Sempre existe um por quê em fazer um documentário. Qual é o seu? Em geral, o que motiva um documentarista é a oportunidade de conhecer, de ter um contato com uma realidade diferente da sua. É deste contato com o outro que nasce o documentário. Então, cabe ao roteirista traduzir as intenções do diretor com a realização do documentário. No máximo 1 página. Para exemplificar podemos citar o filme Babilônia 2000, de Eduardo Coutinho. O diretor e sua equipe sobem o morro Babilônia, no Rio de Janeiro, com a proposta de registrar o cotidiano de alguns moradores do local na véspera da virada do ano 1999/2000. O documentário procura mostrar que, apesar daquelas pessoas humildes se envolverem com o festejo da virada do século, este rito de passagem muda muito pouco a vida delas. O filme busca uma resposta a pergunta: o que estas pessoas podem esperar do novo século que se inicia? Neste item, o roteirista pode apontar documentários ou outras referências que se assemelham a proposta evidenciada. 4. Descrição do(s) Objeto(s) Se fazer documentário é objetivar a realidade, isto nos leva a definir qual(is) o(s) nosso(s) objeto(s) que merece(m) ser retratado(s). Neste caso, os objetos para um documentário podem ser personagens sociais, materiais de arquivo, manifestações da natureza e etc. Entretanto, é preciso que fique claro ao
  • 3. documentarista que nem sempre ao lidar com seus objetos implica em um grau zero de subjetividade, pelo contrário, pois o próprio fazer cinematográfico implica na existência de um sujeito-da-câmera, em um olhar subjetivo diante da realidade. Até mesmo lidando apenas com materiais de arquivo, na hora da seleção e montagem o olhar subjetivo prevalece, uma vez que o documentário é uma obra criativa, inventiva e interpretativa da realidade que sempre irá pressupor um sujeito. Neste sentido, é preciso que o roteirista descreva o(s) seu(s) objeto(s). Procurar evidenciar quem são, qual a importância destes para o filme, qual a relação destes com a temática. No máximo 5 linhas para cada objeto apontado. No entanto, é preciso que se saiba que os personagens apontados devem ser aqueles que aceitaram participar do filme em um acordo firmado com a equipe de produção do documentário na época da pesquisa. Se caso o documentário for baseado em “povo-fala” não haverá como descrever cada personagem, cabe ao roteirista apenas apontar o lugar onde será realizado o “povo-fala” e que tipos de personagens sociais serão priorizados. 5. Abordagem Trata-se de apresentar o como do documentário. Escolhido(s) o(s) objeto(s) é preciso agora definir de maneira clara, dentro da proposta fílmica, como o documentarista irá se relacionar com cada um deles. É ideal que se comece esclarecendo que tipo de documentário será realizado: objetivo, poético, participativo, observativo etc. Isto diz muito em relação à postura que irá ser adotada pelo documentarista e sua equipe. Por exemplo, se o filme terá uma abordagem observativa, aos moldes do cinema direto, implica que o diretor e sua equipe (em geral, reduzida) irão procurar observar os personagens sem interferirem na realidade; com uma “câmera na mão” (ou no ombro) os realizadores buscarão ser incorporados no cotidiano dos personagens para que este seja capturado com mais naturalidade. É aqui o espaço para o roteirista descrever sobre as modalidades de entrevistas, as modalidades de comportamento da câmera com os personagens sociais, as intervenções do diretor (se houver), como se dará as reconstituições ficcionais (com uso de personagens sociais ou atores profissionais?), se fará uso de voz-over (ou OFF), como serão utilizados os materiais de arquivos (sonoros, iconográficos ou audiovisuais). Para cada estratégia de abordagem do documentário é necessário uma justificativa coerente com a proposta apresentada. Por exemplo, se for utilizar um determinado depoimento de um dos personagens sociais em um estúdio para distingui-lo dos demais que foram captados em externas (ruas, praças etc) é preciso que fique claro os motivos disto, quais as intenções desta escolha.
  • 4. Para cada apresentação e justificativa das abordagens no máximo 15 linhas. 6. Estrutura Quando se produz um documentário, depois de superadas as fases de pesquisa e planejamento, é preciso que o diretor e a equipe sejam capazes de visualizar o filme. Que todos tenham em mente o documentário decupado em suas diversas sequências. Para tal, se faz necessário que no projeto seja apresentado uma estrutura do filme. Não se trata do roteiro finalizado, isto é uma outra etapa. O que se pretende é que, a partir das estratégias de abordagem do documentário, o roteirista seja capaz de criar uma linha estrutural para o filme. Por exemplo: a nossa história começa com cenas de uma câmera de vigilância que registra a entrada de uma equipe de filmagem no prédio; corta para cenas desta equipe entrando em um elevador; cena da produtora batendo em uma porta de um dos apartamentos; corta para cenas de depoimentos de alguns moradores que falam sobre o passado do Edifício Master. É mais ou menos assim a estrutura inicial do documentário Edifício Master de Eduardo Coutinho. 7. Cronograma de Produção Por fim, todo projeto de documentário necessita de um cronograma de produção para que seja garantido que todas as etapas serão cumpridas. Isto demonstra que o planejamento é uma tarefa imprescindível na realização de um produto audiovisual. Deve-se incluir neste cronograma (quando houver): captação de internas e externas, captação de depoimentos, gravação de locução, edição, confecção de arte final (desenhos, animações, vinhetas) e trilhas sonoras ou músicas, etc. No caso dos projetos de documentários da disciplina Laboratório de Telejornalismo III, a finalização do vídeo e a entrega em suporte DVD devem estar condicionadas ao cronograma da disciplina, apresentado pelo professor.