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Tendências e Perspectivas




      Shopper marketing
      Ampliar as perspectivas além dos limites conhecidos do marketing
      pode beneficiar tanto a indústria quanto o varejo, que passarão a utilizar
      o trade e o shopper marketing como ferramentas estratégicas
      Por Adriano Maluf Amui e Julio Gomes




      D
                   urante a maior parte da história, varejo e      fabricantes e varejistas com o público, a gigante americana
                   indústria foram parceiros que faziam ne-        de farmácias mostrou que é possível promover uma impor-
                   gócios juntos, mas que seguiam caminhos         tante transformação no modelo de atuação empresarial.
                   distintos. Cada setor aplicava sua própria         O que a Walgreens fez? Promoveu uma reformulação
      lógica ao desenhar estratégias de atuação no mercado. A      em sua rede de forma a estimular o crescimento, mesmo
      partir do momento em que a competitividade é elevada         diante do cenário recessivo que afastava os consumidores
      a extremos, essa atuação separada é posta em xeque: se       americanos das gôndolas.
      querem estabelecer estratégias de crescimento no presen-        A estratégia apresentada por seu presidente de produtos
      te cenário, deverão atuar de maneira cada vez mais inte-     e soluções, Joseph Mignacca, consistiu em criar novas
      grada. A fórmula agora precisa contemplar não apenas         formas para atrair um consumidor que estava sendo mais
      o consumidor (que não fugiu da equação), mas também          seletivo em suas compras, graças ao aperto que afetou
      o shopper, o indivíduo que, a partir de suas percepções e    todas as classes econômicas nos Estados Unidos. Para ele,
      da relação com produtos e as marcas no ponto de venda,       o modelo one fits all (uma solução única) de sortimento, mer-
      pode influenciar de maneira significativa a forma como       chandising, design de loja e de marketing já não atendia aos
      as empresas ganham ou mantêm seu market share.               consumidores nesse cenário. O foco no Value for the money
         Nas páginas a seguir, você confere como uma visão         (o máximo de valor pelo que se pode pagar) não refletia mais
      integrada que envolve todo o escopo da experiência do        o que estava na mente do seu público. Mas como adaptar as
      produto pode beneficiar tanto a indústria quanto o varejo,   lojas para este novo cenário?
      que juntos passarão a utilizar o trade marketing como uma       Em primeiro lugar, é preciso analisar os padrões de
      ferramenta estratégica. Esta é uma forte tendência, com      compra em cada ponto de venda, de forma a prover “o
      o uso da inteligência de marca a serviço de fabricantes e    mix certo de produto para a loja certa” (bricks ou clicks
      varejistas, que, aliás, é bem melhor do que seguir no ca-    — tijolos ou cliques), ou seja, apresentar os produtos de
      minho atual, com empresas investindo numa vertiginosa        maior giro, respectivamente, para as lojas físicas e, com-
      guerra de preços, que corrói perigosamente as margens        plementarmente, na loja on-line, de acordo com o perfil
      em todos os elos da cadeia, colocando as empresas em         e padrão de compra do shopper. O objetivo é garantir, por
      choque crescente.                                            meio de um sortimento de cauda longa, acesso a todas
         Quando promovem uma visão integrada, indústria e          as necessidades desse público. O que não for suportado
      varejo alavancam valor e criam uma nova percepção para       por planogramas nas lojas (restrição de espaço) estará
      o shopper, inovando no ponto de venda. É o que aconteceu     disponível on-line com um serviço conveniente.
      com a Walgreens. O case da empresa foi apresentado du-          Assim nasceu a orientação estratégica de transformar o
      rante a Shopper Marketing Expo, realizada em outubro de      modelo de negócio com o conceito de “o meu Walgreens”,
      2012, na cidade de Chicago (EUA). No evento, totalmente      para atender às necessidades e características de cada
      dedicado a analisar como a experiência do comprador no       shopper, de cada vizinhança. A meta era tornar a marca
      ponto de venda pode transformar para melhor a relação de     a primeira escolha em saúde e conveniência (daily living)



120   Revista da ESPM | janeiro/fevereiro de 2013
O rei agora é o shopper, o indivíduo que,
a partir de suas percepções e da relação
que estabelece com marcas no ponto
de venda, influencia a forma como as
                                                   shutterstock




empresas ganham market share




     janeiro/fevereiro de 2013 | Revista da ESPM   121
Tendências e Perspectivas



      do público e dominar o território estratégico de produtos e
      soluções para o bem-estar. Surgiu então o novo posiciona-
      mento: “on the corner of happy and healthy” (na esquina da
      felicidade e da saúde).
         Essa transformação teve três pontos-chave. O primeiro
      deles foi a inovação no formato de loja, produtos e serviços,
      que foram reformulados dentro do novo propósito estra-
      tégico, agregando novas soluções de categorias, baseadas
      na experiência de compra. Um exemplo é a Look Boutique,
      uma loja de luxo especializada em produtos de beleza, que
      a Walgreens começou a montar dentro das farmácias, há
      dois anos. O estabelecimento oferece serviço de manicure
      gratuito e até uma bem trabalhada seção de vinhos nas lojas
      mais urbanas. Uma apresentação visual diferenciada foi
      criada para a Look Boutique com o intuito de instigar as con-
      sumidoras e prover serviços adicionais no ponto de venda.
         O segundo pilar de sustentação da estratégia de reposi-
      cionamento da Walgreens foi a diferenciação, por meio da
                                                                      Look Boutique, a loja de luxo especializada em
      localização e demografia local. O propósito de segmentar
                                                                      produtos de beleza que a Walgreens montou
      as lojas pelo perfil demográfico e da vizinhança permitiu       dentro de suas farmácias para ampliar as vendas
      à empresa definir um sortimento relevante com mais de
      160 planogramas diferentes. Para tanto, a organização fez       ens usou toda a força de seu ecossistema on-line e off-line
      uma análise aprofundada de seus dados, resultando em um         (lojas físicas Walgreens e Duane Reade, Walgreens.com,
      data mining orientado a prover lojas que realmente tinham       Drugstores.com). O principal ponto da integração dessa
      um “tempero local”. Afinal, esse estudo refletia o escopo e     estrutura se traduz em serviços diferenciados focados no
      perfil de venda de cada loja, mostrando mais uma vez que a      shopper e no comportamento de compra, como é o caso do
      padronização ao extremo não servia mais ao novo cenário         Web Pickup — Buy Online Pickup In Store, no qual os esto-
      no varejo americano.                                            ques das lojas físicas estão integrados às ofertas on-line.
         O levantamento deu origem a iniciativas como a Fla-          Parece algo corriqueiro, mas exige uma forte capacidade
      gship Store, inaugurada em janeiro de 2012. Em seu inte-        de integração dos estoques e agilidade na reposição de in-
      rior, a loja conta com diversos produtos e serviços, que vão    ventário, o que só é possível quando a empresa estabelece
      muito além daqueles oferecidos em uma farmácia, como            um profundo alinhamento com os fabricantes.
      o Café Upmarket. O local tem barista preparando café               Tudo isso foi feito de maneira integrada com os forne-
      premium e uma padaria com pão fresco e bolos saborosos.         cedores, o que permitiu criar soluções diferenciadas e
      Os clientes ainda podem optar por um self-service de            com muito uso de tecnologia. A utilização de sistemas de
      frozen yogurt, uma grande variedade de sushi e sashimi          acompanhamento em tempo real, integrados com alertas
      preparados diariamente, centenas de alimentos frescos           para certos níveis de estoque já disparam a reposição com
      e até queijos artesanais.                                       os fabricantes. Dependendo do nível de integração de sis-
         O terceiro ponto-chave desse case americano atende           temas e do relacionamento estratégico entre o varejista e o
      pelo nome de estratégia de categoria integrada. A Walgre-       fabricante, algum nível de informação é compartilhado de
                                                                      forma que uma tendência possa ser identificada, disparando
      Ao promover uma visão integrada,                                ações preventivas que resultam em rápidas reposições de es-
                                                                      toque ou novas oportunidades de negócios. Todo o processo
      indústria e varejo alavancam valor                              acontece de forma transparente aos olhos do consumidor,
      e criam uma nova percepção para o                               que não passa pela frustração de não encontrar o produto
      shopper, inovando no ponto de venda                             desejado na loja.




122   Revista da ESPM | janeiro/fevereiro de 2013
Em primeiro lugar, é preciso analisar
                                                                  os padrões de compra em cada ponto
                                                                  de venda, de forma a prover “o mix
                                                                  certo de produto para a loja certa”
                                                                  e faixa de preços que facilitem a escolha da consumidora,
                                                                  associado à experiência de compra com serviços que geram
                                                                  um recall positivo para o momento da compra.
                                                                     A rede não está sozinha nesse movimento. A maioria das
                                                                  cadeias de lojas americanas de farmácia vem nos últimos
                                                                  anos alocando mais espaço para as categorias de fragrân-
                                                                  cias e cosméticos, que, por sua vez, estão cada vez menos
                                                                  presentes nas lojas de departamentos.
                                                                     É uma iniciativa acertada: a Walgreens — que faturou
                                                                  US$ 72 bilhões no ano fiscal de 2011, com seu portfólio
                                                                  de mais de 60 mil itens de beleza — ampliou ainda mais
                                                                  sua oferta após a compra da beauty.com, gerando uma
Inaugurada em janeiro de 2012, no centro de
                                                                  complementaridade estratégica: o que não se encontra
Chicago, a Flagship Store da Walgreens conta com
diversos produtos e serviços, como o Café Upmarket                na loja física se encontra no site.
                                                                     Além dessa comodidade, a marca aperfeiçoou sua experi-
Feito para surpreender                                            ência na loja física, que, complementarmente às soluções de
A experiência de compra como um todo é fantástica e reflete       categorias (esmalte, fragrância, secadores de cabelo, entre
a importância do entendimento do shopper. Todas as adja-          outros), emprega a mídia digital e displays inovadores, nos
cências de categorias são exploradas na navegação da loja e       quais é possível simular, por exemplo, a aplicação de uma
refletem as missões de compra de maneira clara e objetiva:        máscara ou batom, além de permitir à consumidora olhar
What I need (o que preciso); How I feel (Como me sinto); e How    em displays especiais, onde ela posiciona a mão no leitor
I look (como eu pareço).                                          digital para ver como ficará a aplicação de um determinado
    A Dr. Scholl’s, por exemplo, é uma solução baseada na         esmalte em suas unhas.
simplicidade, mas bem explorada porque ajuda na identifi-            Toda essa experiência futurista é complementada pela
cação da categoria na loja e na navegação. Está posicionada       presença de serviços de manicure e consultoras que promo-
próximo a um grande gerador de tráfego (gôndola de soluções       vem a compra assistida (beauty advisors).
e cuidados para os diabéticos), ao lado da seção de prescritos,      De maneira geral, a estratégia de ativação e navegação
e utiliza fortemente a integração de visual merchandising e       das categorias, o sortimento relevante e a complementa-
mídia digital como auxílio na decisão de compra (baseada na       ridade entre eles contribuem para que, além do aumento
árvore de decisão do shopper). O principal resultado é o prová-   do tíquete médio, a Walgreens se posicione como “one stop
vel aumento do tíquete (gasto) médio. A complementaridade         shopping” (compre tudo num só lugar), ajudando também a
das categorias está muito bem fundamentada na análise do          se reposicionar frente ao varejo alimentar com um grande
histórico de navegação do shopper e no fluxo da loja.             diferencial: sortimento, conveniência, compra assistida e
    A Walgreens fez isso ao mudar seu foco para se posicionar     serviços complementares.
como um centro de saúde, beleza e bem-estar. O projeto to-
mou uma proporção maior desde que a Walgreens adquiriu            A reinvenção do varejo brasileiro
outras farmácias — a Duane Reade, em fevereiro de 2010,           Este é um bom gancho para que iniciemos um trabalho sólido
e a Drugstore.com, em março de 2011. A medida afastou a           para viabilizar parcerias que transformam e são essenciais
rede do estereótipo da farmácia tradicional, o que tornava        para reinventar o varejo brasileiro.
possível prover um sortimento variado, com posicionamento           Que problema queremos evitar?




                                                                                        janeiro/fevereiro de 2013 | Revista da ESPM   123
Tendências e Perspectivas



         A iniciativa da Walgreens aponta um caminho promissor
      ao mostrar como o trade marketing pode fazer a ponte na per-
      cepção do shopper e, junto com ele, modificar a forma como
      os consumidores interagem com a marca dos fabricantes e
      sua experiência no varejo.
         Mas avaliemos: essa mudança é mesmo necessária?
         Sem dúvida, pois as empresas de bens de consumo (du-
      ráveis e não duráveis) hoje lutam para aumentar e manter
      seu market share, que representa um importante indicador
      de performance para a indústria à custa de uma guerra de
      preços que até gera crescimento, só que, quando este acon-
      tece, é muitas vezes um aumento de share marginal. Essa
      conquista, se e quando acontece, é devido a estratégias de
      preços, tanto literais quanto disfarçadas: ações de desconto,
      compre e ganhe etc., e também pela extensão de linha. É
      importante ressaltar que algumas dessas ações são efetivas
      e promovem excelentes resultados que enchem os olhos dos
      gestores, porque, claro, mostram o retorno no curto prazo.
         O problema é o quadro que se cria a médio e longo prazos,
      onde a competição cresce numa escala vertiginosa e, de
      quebra, azeda a relação dos fabricantes com os varejistas
      (se os fabricantes precisam baixar suas margens, o mesmo
      acaba acontecendo no varejo). Decididamente essa não é
      uma estratégia de crescimento sustentável.
         E a culpa é de todos, pois nem a indústria nem o varejo es-
      tão gerenciando de forma efetiva os fundamentos do negócio
      (distribuição, exposição, giro e margem) como poderiam. Em       A Walgreens gerou uma complementaridade estratégica:
      vez de construir valor e desenvolver categorias, a guerra por    o que não se encontra na loja física, está disponível
      share corrompe a percepção de valor das marcas, compri-          para a compra no site da marca
      mindo margens de todos os lados. O mesmo se aplica para
      as extensões de linha, que parecem interessantes porque          antes a relação entre varejo e indústria era transacional,
      geram uma “cara nova” para produtos, mas que podem custar        agora ela precisa ser transformacional. Não se trata apenas
      caro. Aliás, segundo estudo da Nielsen, a taxa de sucesso de     de produto, mas sim do conhecimento do shopper, da jornada
      lançamentos é de apenas 5%. Em tempo: a maioria dos lança-       de compra e a sua aplicabilidade na experiência de compra
      mentos morre no primeiro ano (ver quadro na página ao lado)      como um todo, como descobriu a Walgreens.
         Será que isso reflete as reais necessidades das organi-          A evolução da disciplina de shopper marketing está direcio-
      zações, ou estamos falhando ao entender o que realmente          nada à captura e entrega de valores ainda maiores — que os já
      está acontecendo no varejo?                                      estabelecidos — proveniente dos fabricantes, dos varejistas
         Uma análise mais crítica mostrará forte evidência de          e da relação colaborativa entre eles, no âmbito de produtos,
      que o share de mercado é o alvo das ações das empresas.          soluções de categorias e experiência de compra.
      Em muitos casos, elas não consideram como é a interação
      do shopper com o produto, uma vez que ele está no ponto          Momento crucial
      de venda. Aí está a falha: deixar de lado a experiência e o      Diante desse cenário, qual o papel do trade marketing?
      comportamento do comprador no ponto de venda.                       É o de incorporar, desenvolver, coordenar, implementar
         É para esse aspecto que se voltaram as discussões da          e medir a efetividade dos planos que visam influenciar con-
      Shopper Marketing Expo. O americano já percebeu que, se          sumidores quando estão no “modo comprador”. Não é à toa




124   Revista da ESPM | janeiro/fevereiro de 2013
Índice de lançamentos bem-sucedidos
                                                                           15.813
                          Cestas
                                                                  12.140
                                                 4.070
                                                                                                                 38
                 Higiene e Beleza
                                               3.421
                                                                                                                 12
                                              3.168
                 Mercearia Doce             2.467
                                                                                                                 50




                                                                                    % Índice de preço
                                          2.403
             Bebidas Alcoólicas        1.397

             Mercearia Salgada
                                          2.280                                                           SKU’s lançados
                                        1.655
                                       1.158                                                                  <90
       Bebidas Não Alcoólicas          1.064                                                                  90> <110
                      Perecíveis
                                       1.116                                                                  > 110
                                      967
                                       1.046
                 Limpeza Caseira      775                                                           Apenas 5% podem
                          Outros
                                      572
                                                              Lançamentos                            ser considerados
                                     394                      Mortalidade
                                                                                                 lançamentos de sucesso
Fonte: Nielsen


que os investimentos em shopper marketing estão crescendo             conexão da história da marca às suas próprias histórias e
rapidamente, seja com pesquisas ou programas de ativação              crenças básicas. O processo de pensamento do shopper é
(gerenciamento de categorias, soluções de categoria, calen-           baseado em histórias, não em fatos. E, por último, é sempre
dário promocional, ativações no PDV etc.).                            bom ressaltar que lealdade à marca não é um comporta-
   Dessa fase de conscientização e entendimento do shopper            mento, mas uma emoção que direciona o comportamento.
surge uma perspectiva mais ampla do ponto de vista da in-                Por isso, shopper marketing é uma disciplina complexa e
dústria e do varejo. Daqui para frente, será preciso entender e       requer o envolvimento e a integração de todas as áreas da em-
incorporar o comportamento do shopper ao longo da jornada             presa e parceiros. Apesar de ser ainda incipiente, um número
e decisão de compra, que inclui atividades focadas para este          crescente de empresas está alocando parte dos orçamentos
em três momentos: em casa, em trânsito e na loja.                     de marca ou de trade em pesquisa de shopper no Brasil. Mas
   Por isso, a disciplina tem essa força integrativa dentro dos       poucos negócios conseguem explorar esse potencial de ma-
negócios. Ela influencia desde a concepção de um produto              neira prática entre os varejistas ou usá-lo no desenvolvimento
até a ativação e conversão dele. De maneira prática e direta          dos planos de trade marketing ou de produtos.
com o propósito de alinhamento: shopper é o consumidor em                O fato é que, para se consolidar no mercado nacional, o
casa quando foi impactado por alguma propaganda, comuni-              shopper marketing precisa ter a colaboração do varejo e da
cação ou por necessidade, até à boca do caixa antes de pagar          indústria e urge acelerar esse processo para a alavancagem
pelo produto escolhido. Depois que pagou pelo produto, ele            do crescimento das empresas. É dessa forma que essas em-
vira consumidor. Às vezes, nos perdemos na aplicação do               presas vão ganhar share, não só de mercado, mas também o
conceito. Shopper nada mais é do que nós, consumidores,               share da carteira, do engajamento, da decisão, da solução e do
no papel de compradores.                                              real crescimento, por meio de soluções práticas que facilitem
   Para entender e aplicar a disciplina de shopper marketing,         a jornada e experiência de compra do shopper.
é necessário ter em mente que todas as decisões de compras               Não é que o conhecimento do consumidor foi deixado
do shopper são disparadas pelas crenças essenciais ou bá-             de lado. Lembremos que foi o entendimento do aspecto do
sicas do subconsciente. Também é preciso considerar que               consumo que nos permitiu construir, aprender e evoluir
a atenção de compra do shopper é mais bem capturada pela              pelas práticas já estabelecidas e implementadas no mercado.




                                                                                                        janeiro/fevereiro de 2013 | Revista da ESPM   125
Tendências e Perspectivas



      Essa é a base de grande parte das teorias de marketing que se

                                                                      O poder do Shopper
      perpetuaram, mas que estão se transformando.
         Se, de maneira simplista, os 4 Ps de Kotler estavam sob a
      gestão do marketing, ao longo dos dez últimos anos, o poder     Os impactos da disciplina sobre
      passou a ser compartilhado pela necessidade de conhecer         o marketing e as vendas das empresas
      melhor as dinâmicas competitivas e também entender e in-
      tegrar o profundo conhecimento dos canais de distribuição
                                                                      MARKETING
                                                                      • Insights para concepção de um produto até a
      e suas especificidades no planejamento das empresas. Dessa      	 embalagem, com a participação do trade marketing
      forma, os planos das marcas teriam a relevância esperada        	 e parceiros estratégicos do varejo (do conceito
      e a comunicação se refletiria não só nas embalagens e nas       	 ao produto final).
                                                                      • Os atributos e benefícios serão comunicados,
      estratégias de comunicação, mas na ativação das marcas
                                                                      	 baseados na árvore de decisão do consumidor,
      no ponto de venda. Esse era o papel do marketing, trade         	 para facilitar o processo de decisão.
      marketing e também de vendas com a prática de key account       • O plano de comunicação será focado na jornada de
      management e gerenciamento por categorias.                      	 compra do shopper. Do ZMOT (Zero Moment of
         A mudança é estrutural e o que nos trouxe até aqui não       	Truth – momento zero da verdade) à conversão.
                                                                      	 Gastos deverão ser revistos e realocados entre
      será o que nos conduzirá daqui por diante. Do ponto de vista    	 ações ATL (Above the Line) e BTL (Below The Line),
      da integração, o entendimento do shopper traz insights para     	 de acordo com o shopper do seu produto.
      áreas importantes e será o direcionador de grande parte das     • Para ativar marcas e programas com o varejo, o
      estratégias da indústria e do varejo.                           	 trade marketing explora o conhecimento da missão
                                                                      	 de compra e da árvore de decisão em conjunto com
                                                                      	 o varejo para construir soluções de categorias que
      Momento crucial                                                 	 melhorarão a experiência de compra.
      Mas quais os fatores de decisão e o comportamento de            • Um caminho é desenvolver e gerenciar categorias
      compra do shopper?                                              	 baseadas em indicadores de performance mútuos,
                                                                      	 para garantir ROI de todas as ações.
         O que definirá o sucesso das empresas e dos varejistas
                                                                      • Ativar marcas e campanhas promocionais por meio
      nas categorias que atuam está além do binômio volume x          	 de material que comunique e facilite o processo
      investimento contemplado nos planos atuais. Os planos           	 de decisão de compra (já desenvolvido e aplicado
      estratégicos deverão ser capazes de identificar as carac-       	 na concepção do produto), e que comprovadamente
                                                                      	 ajudem na conversão.
      terísticas de eventos, programas e soluções vencedoras.
                                                                      • Treinar a força de vendas por meio de
      Sob essa ótica, dois principais insights foram capturados       	 argumentos sólidos baseados em shopper
      na Shopper Marketing Expo.                                      	insights para contribuir na gestão de categorias
         O primeiro é a equação de valor da solução de programas      	 (guia de execução).
      para o shopper (entenda-se: lançamento, promoção, mate-
      rial promocional, gerenciamento por categorias e solução        VENDAS
      de categorias — em suma, o plano do trade). Ela está focada     • Garantir a execução dos planos de trade por meio
      na melhoria da experiência de compra e na interação             	 do planejamento mútuo com os varejistas, focado
      com o produto para os shoppers. O que fazer para atrair e       	 no desenvolvimento e gerenciamento de categorias,
                                                                      	 baseado em indicadores de performance que
      converter a ação em resultados dependerá da efetividade         	 combinam os fundamentos de vendas da indústria
      de como se traduzirá a árvore de decisão e a jornada de         	 (distribuição, exposição e giro) com os conceitos
      compra do shopper. É uma equação bem mais sofisticada           	 do varejo (sell in, sell out, margem e inventário).
      e que não se resume a preço.                                    • Garantir a alocação de recursos em programas
                                                                      	 (calendário promocional) que tenham relevância
         O segundo ponto está relacionado às soluções baseadas        	 para o shopper.
      em shopper insights, que contribuem para o resultado da ca-     • Analisar a efetividade promocional e focar na
      tegoria de maneira muito efetiva, principalmente na relação     	 gestão de categorias, analisando a performance na
      com o varejo. Um estudo da Booz Allen revelou que 87% dos       	 granularidade SKU x loja para garantir a efetividade
                                                                      	 do planograma e a racionalização do sortimento.
      profissionais entrevistados afirmaram que o desenvolvi-
      mento de soluções de categorias com o varejo contribuiu




126   Revista da ESPM | janeiro/fevereiro de 2013
Uma análise mais crítica mostrará forte evidência de que
o share de mercado é o alvo das ações das empresas.
Em muitos casos, elas não consideram como é a interação do
shopper com o produto, uma vez que ele está no ponto de venda

para a melhoria de suas relações com os varejistas. Grande       planos e projetos, visando acelerar a aplicação do shopper
parte dos respondentes disse que as soluções para o shopper      marketing e, com isso, promover o crescimento sustentável
geraram incremento de vendas e melhoraram o retorno              e saudável dos negócios.
sobre o investimento (ROI). Os shoppers que responderam à            Está claro aonde queremos e precisamos chegar: colabo-
pesquisa também avaliaram muito bem as soluções de ca-           ração. Muitas indústrias (principalmente as multinacionais)
tegoria em todas as métricas utilizadas quando comparados        estão construindo ou solidificando essa disciplina, acessível
a um display ou material de ponto de venda de um produto         a pequenas, médias e grandes empresas. Os varejistas globais
específico. Quem está liderando e se estabelecendo como          (e um número crescente de lojas nacionais) já entenderam que
parceiro estratégico não é somente a grande empresa, mas         o compartilhamento de informações básicas, de vendas loja a
companhias com maior experiência em shopper marketing.           loja (sell-out) e de inventário já ajuda — e muito — a estabelecer
                                                                 uma relação colaborativa com a indústria e, dessa prática,
Disciplina em desenvolvimento                                    surgem os primeiros passos rumo a um planejamento mútuo.
Do ponto de vista da aplicação, ainda falhamos em algu-              Como marketing e trade marketing entendem hoje que o
mas suposições quando desenvolvemos um projeto ou                comportamento de consumo não é necessariamente um
pesquisa na área. Na Shopper Marketing Expo, o renoma-           direcionador do comportamento de compra, passam a focar
do consultor em varejo Christopher Brace fez uma apre-           no que direciona o processo de escolha do shopper (shopper
sentação detalhando as sete falácias do shopper marketing.       understanding). Por outro lado, os varejistas passaram a en-
                                                                 tender que somente seus dados de transações e vendas não
  As três primeiras apontam como os shoppers decidem:            geram os insights necessários sobre o comportamento e os
  1. Eles podem facilmente nos falar por que tomam a decisão     direcionadores de escolha.
  de compra.                                                         Diante de tantos desafios, o papel da indústria é o de
  2. Suas decisões de compras são baseadas em razão e lógica.    continuamente promover e disseminar o conhecimento
  3. O comportamento passado e atual premedita o compor-         profundo da dinâmica das categorias e do shopper, além
  tamento futuro.                                                da estratégia Go to market segmentada, que contemple a
                                                                 necessidade de cada varejo e região.
  Outras quatro indicam como as marcas comunicam:                    Já o papel do varejo é garantir o entendimento das
  4. Quanto mais informação os shoppers tiverem, mais            dinâmicas do mercado, o gerenciamento estratégico das
  fácil será o processo de decisão.                              categorias e do sortimento, o conhecimento do processo
  5. O processo de pensamento é baseado numa coleção de fatos.   de recrutamento dos shoppers, a melhoria da experiência
  6. Sua atenção pode ser capturada por interrupção ou           de compra. Num conceito ampliado, o shopability garante
  perturbação.                                                   uma experiência de compra única para o shopper pelo
  7. Eles interpretam as nossas mensagens da maneira que         desenvolvimento e implementação de sortimentos e
  queremos que o façam.                                          soluções relevantes para esse público.

  Por que Brace chama esses pontos de falácia? Porque eles
nem sempre são verdadeiros, sendo muitas vezes idealiza-                                                 Adriano Maluf Amui
                                                                            Presidente do Invent®, da Esfera Gestão e professor da ESPM
dos: o consumidor de verdade pode não exercitar alguns ou
todos os pontos acima. Cabe a nós, da indústria e do varejo,                                                         Julio Gomes
promovermos o entendimento e a integração mútua dos                                                             Sócio da Mind Shopper




                                                                                          janeiro/fevereiro de 2013 | Revista da ESPM     127

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  • 1. Tendências e Perspectivas Shopper marketing Ampliar as perspectivas além dos limites conhecidos do marketing pode beneficiar tanto a indústria quanto o varejo, que passarão a utilizar o trade e o shopper marketing como ferramentas estratégicas Por Adriano Maluf Amui e Julio Gomes D urante a maior parte da história, varejo e fabricantes e varejistas com o público, a gigante americana indústria foram parceiros que faziam ne- de farmácias mostrou que é possível promover uma impor- gócios juntos, mas que seguiam caminhos tante transformação no modelo de atuação empresarial. distintos. Cada setor aplicava sua própria O que a Walgreens fez? Promoveu uma reformulação lógica ao desenhar estratégias de atuação no mercado. A em sua rede de forma a estimular o crescimento, mesmo partir do momento em que a competitividade é elevada diante do cenário recessivo que afastava os consumidores a extremos, essa atuação separada é posta em xeque: se americanos das gôndolas. querem estabelecer estratégias de crescimento no presen- A estratégia apresentada por seu presidente de produtos te cenário, deverão atuar de maneira cada vez mais inte- e soluções, Joseph Mignacca, consistiu em criar novas grada. A fórmula agora precisa contemplar não apenas formas para atrair um consumidor que estava sendo mais o consumidor (que não fugiu da equação), mas também seletivo em suas compras, graças ao aperto que afetou o shopper, o indivíduo que, a partir de suas percepções e todas as classes econômicas nos Estados Unidos. Para ele, da relação com produtos e as marcas no ponto de venda, o modelo one fits all (uma solução única) de sortimento, mer- pode influenciar de maneira significativa a forma como chandising, design de loja e de marketing já não atendia aos as empresas ganham ou mantêm seu market share. consumidores nesse cenário. O foco no Value for the money Nas páginas a seguir, você confere como uma visão (o máximo de valor pelo que se pode pagar) não refletia mais integrada que envolve todo o escopo da experiência do o que estava na mente do seu público. Mas como adaptar as produto pode beneficiar tanto a indústria quanto o varejo, lojas para este novo cenário? que juntos passarão a utilizar o trade marketing como uma Em primeiro lugar, é preciso analisar os padrões de ferramenta estratégica. Esta é uma forte tendência, com compra em cada ponto de venda, de forma a prover “o o uso da inteligência de marca a serviço de fabricantes e mix certo de produto para a loja certa” (bricks ou clicks varejistas, que, aliás, é bem melhor do que seguir no ca- — tijolos ou cliques), ou seja, apresentar os produtos de minho atual, com empresas investindo numa vertiginosa maior giro, respectivamente, para as lojas físicas e, com- guerra de preços, que corrói perigosamente as margens plementarmente, na loja on-line, de acordo com o perfil em todos os elos da cadeia, colocando as empresas em e padrão de compra do shopper. O objetivo é garantir, por choque crescente. meio de um sortimento de cauda longa, acesso a todas Quando promovem uma visão integrada, indústria e as necessidades desse público. O que não for suportado varejo alavancam valor e criam uma nova percepção para por planogramas nas lojas (restrição de espaço) estará o shopper, inovando no ponto de venda. É o que aconteceu disponível on-line com um serviço conveniente. com a Walgreens. O case da empresa foi apresentado du- Assim nasceu a orientação estratégica de transformar o rante a Shopper Marketing Expo, realizada em outubro de modelo de negócio com o conceito de “o meu Walgreens”, 2012, na cidade de Chicago (EUA). No evento, totalmente para atender às necessidades e características de cada dedicado a analisar como a experiência do comprador no shopper, de cada vizinhança. A meta era tornar a marca ponto de venda pode transformar para melhor a relação de a primeira escolha em saúde e conveniência (daily living) 120 Revista da ESPM | janeiro/fevereiro de 2013
  • 2. O rei agora é o shopper, o indivíduo que, a partir de suas percepções e da relação que estabelece com marcas no ponto de venda, influencia a forma como as shutterstock empresas ganham market share janeiro/fevereiro de 2013 | Revista da ESPM 121
  • 3. Tendências e Perspectivas do público e dominar o território estratégico de produtos e soluções para o bem-estar. Surgiu então o novo posiciona- mento: “on the corner of happy and healthy” (na esquina da felicidade e da saúde). Essa transformação teve três pontos-chave. O primeiro deles foi a inovação no formato de loja, produtos e serviços, que foram reformulados dentro do novo propósito estra- tégico, agregando novas soluções de categorias, baseadas na experiência de compra. Um exemplo é a Look Boutique, uma loja de luxo especializada em produtos de beleza, que a Walgreens começou a montar dentro das farmácias, há dois anos. O estabelecimento oferece serviço de manicure gratuito e até uma bem trabalhada seção de vinhos nas lojas mais urbanas. Uma apresentação visual diferenciada foi criada para a Look Boutique com o intuito de instigar as con- sumidoras e prover serviços adicionais no ponto de venda. O segundo pilar de sustentação da estratégia de reposi- cionamento da Walgreens foi a diferenciação, por meio da Look Boutique, a loja de luxo especializada em localização e demografia local. O propósito de segmentar produtos de beleza que a Walgreens montou as lojas pelo perfil demográfico e da vizinhança permitiu dentro de suas farmácias para ampliar as vendas à empresa definir um sortimento relevante com mais de 160 planogramas diferentes. Para tanto, a organização fez ens usou toda a força de seu ecossistema on-line e off-line uma análise aprofundada de seus dados, resultando em um (lojas físicas Walgreens e Duane Reade, Walgreens.com, data mining orientado a prover lojas que realmente tinham Drugstores.com). O principal ponto da integração dessa um “tempero local”. Afinal, esse estudo refletia o escopo e estrutura se traduz em serviços diferenciados focados no perfil de venda de cada loja, mostrando mais uma vez que a shopper e no comportamento de compra, como é o caso do padronização ao extremo não servia mais ao novo cenário Web Pickup — Buy Online Pickup In Store, no qual os esto- no varejo americano. ques das lojas físicas estão integrados às ofertas on-line. O levantamento deu origem a iniciativas como a Fla- Parece algo corriqueiro, mas exige uma forte capacidade gship Store, inaugurada em janeiro de 2012. Em seu inte- de integração dos estoques e agilidade na reposição de in- rior, a loja conta com diversos produtos e serviços, que vão ventário, o que só é possível quando a empresa estabelece muito além daqueles oferecidos em uma farmácia, como um profundo alinhamento com os fabricantes. o Café Upmarket. O local tem barista preparando café Tudo isso foi feito de maneira integrada com os forne- premium e uma padaria com pão fresco e bolos saborosos. cedores, o que permitiu criar soluções diferenciadas e Os clientes ainda podem optar por um self-service de com muito uso de tecnologia. A utilização de sistemas de frozen yogurt, uma grande variedade de sushi e sashimi acompanhamento em tempo real, integrados com alertas preparados diariamente, centenas de alimentos frescos para certos níveis de estoque já disparam a reposição com e até queijos artesanais. os fabricantes. Dependendo do nível de integração de sis- O terceiro ponto-chave desse case americano atende temas e do relacionamento estratégico entre o varejista e o pelo nome de estratégia de categoria integrada. A Walgre- fabricante, algum nível de informação é compartilhado de forma que uma tendência possa ser identificada, disparando Ao promover uma visão integrada, ações preventivas que resultam em rápidas reposições de es- toque ou novas oportunidades de negócios. Todo o processo indústria e varejo alavancam valor acontece de forma transparente aos olhos do consumidor, e criam uma nova percepção para o que não passa pela frustração de não encontrar o produto shopper, inovando no ponto de venda desejado na loja. 122 Revista da ESPM | janeiro/fevereiro de 2013
  • 4. Em primeiro lugar, é preciso analisar os padrões de compra em cada ponto de venda, de forma a prover “o mix certo de produto para a loja certa” e faixa de preços que facilitem a escolha da consumidora, associado à experiência de compra com serviços que geram um recall positivo para o momento da compra. A rede não está sozinha nesse movimento. A maioria das cadeias de lojas americanas de farmácia vem nos últimos anos alocando mais espaço para as categorias de fragrân- cias e cosméticos, que, por sua vez, estão cada vez menos presentes nas lojas de departamentos. É uma iniciativa acertada: a Walgreens — que faturou US$ 72 bilhões no ano fiscal de 2011, com seu portfólio de mais de 60 mil itens de beleza — ampliou ainda mais sua oferta após a compra da beauty.com, gerando uma Inaugurada em janeiro de 2012, no centro de complementaridade estratégica: o que não se encontra Chicago, a Flagship Store da Walgreens conta com diversos produtos e serviços, como o Café Upmarket na loja física se encontra no site. Além dessa comodidade, a marca aperfeiçoou sua experi- Feito para surpreender ência na loja física, que, complementarmente às soluções de A experiência de compra como um todo é fantástica e reflete categorias (esmalte, fragrância, secadores de cabelo, entre a importância do entendimento do shopper. Todas as adja- outros), emprega a mídia digital e displays inovadores, nos cências de categorias são exploradas na navegação da loja e quais é possível simular, por exemplo, a aplicação de uma refletem as missões de compra de maneira clara e objetiva: máscara ou batom, além de permitir à consumidora olhar What I need (o que preciso); How I feel (Como me sinto); e How em displays especiais, onde ela posiciona a mão no leitor I look (como eu pareço). digital para ver como ficará a aplicação de um determinado A Dr. Scholl’s, por exemplo, é uma solução baseada na esmalte em suas unhas. simplicidade, mas bem explorada porque ajuda na identifi- Toda essa experiência futurista é complementada pela cação da categoria na loja e na navegação. Está posicionada presença de serviços de manicure e consultoras que promo- próximo a um grande gerador de tráfego (gôndola de soluções vem a compra assistida (beauty advisors). e cuidados para os diabéticos), ao lado da seção de prescritos, De maneira geral, a estratégia de ativação e navegação e utiliza fortemente a integração de visual merchandising e das categorias, o sortimento relevante e a complementa- mídia digital como auxílio na decisão de compra (baseada na ridade entre eles contribuem para que, além do aumento árvore de decisão do shopper). O principal resultado é o prová- do tíquete médio, a Walgreens se posicione como “one stop vel aumento do tíquete (gasto) médio. A complementaridade shopping” (compre tudo num só lugar), ajudando também a das categorias está muito bem fundamentada na análise do se reposicionar frente ao varejo alimentar com um grande histórico de navegação do shopper e no fluxo da loja. diferencial: sortimento, conveniência, compra assistida e A Walgreens fez isso ao mudar seu foco para se posicionar serviços complementares. como um centro de saúde, beleza e bem-estar. O projeto to- mou uma proporção maior desde que a Walgreens adquiriu A reinvenção do varejo brasileiro outras farmácias — a Duane Reade, em fevereiro de 2010, Este é um bom gancho para que iniciemos um trabalho sólido e a Drugstore.com, em março de 2011. A medida afastou a para viabilizar parcerias que transformam e são essenciais rede do estereótipo da farmácia tradicional, o que tornava para reinventar o varejo brasileiro. possível prover um sortimento variado, com posicionamento Que problema queremos evitar? janeiro/fevereiro de 2013 | Revista da ESPM 123
  • 5. Tendências e Perspectivas A iniciativa da Walgreens aponta um caminho promissor ao mostrar como o trade marketing pode fazer a ponte na per- cepção do shopper e, junto com ele, modificar a forma como os consumidores interagem com a marca dos fabricantes e sua experiência no varejo. Mas avaliemos: essa mudança é mesmo necessária? Sem dúvida, pois as empresas de bens de consumo (du- ráveis e não duráveis) hoje lutam para aumentar e manter seu market share, que representa um importante indicador de performance para a indústria à custa de uma guerra de preços que até gera crescimento, só que, quando este acon- tece, é muitas vezes um aumento de share marginal. Essa conquista, se e quando acontece, é devido a estratégias de preços, tanto literais quanto disfarçadas: ações de desconto, compre e ganhe etc., e também pela extensão de linha. É importante ressaltar que algumas dessas ações são efetivas e promovem excelentes resultados que enchem os olhos dos gestores, porque, claro, mostram o retorno no curto prazo. O problema é o quadro que se cria a médio e longo prazos, onde a competição cresce numa escala vertiginosa e, de quebra, azeda a relação dos fabricantes com os varejistas (se os fabricantes precisam baixar suas margens, o mesmo acaba acontecendo no varejo). Decididamente essa não é uma estratégia de crescimento sustentável. E a culpa é de todos, pois nem a indústria nem o varejo es- tão gerenciando de forma efetiva os fundamentos do negócio (distribuição, exposição, giro e margem) como poderiam. Em A Walgreens gerou uma complementaridade estratégica: vez de construir valor e desenvolver categorias, a guerra por o que não se encontra na loja física, está disponível share corrompe a percepção de valor das marcas, compri- para a compra no site da marca mindo margens de todos os lados. O mesmo se aplica para as extensões de linha, que parecem interessantes porque antes a relação entre varejo e indústria era transacional, geram uma “cara nova” para produtos, mas que podem custar agora ela precisa ser transformacional. Não se trata apenas caro. Aliás, segundo estudo da Nielsen, a taxa de sucesso de de produto, mas sim do conhecimento do shopper, da jornada lançamentos é de apenas 5%. Em tempo: a maioria dos lança- de compra e a sua aplicabilidade na experiência de compra mentos morre no primeiro ano (ver quadro na página ao lado) como um todo, como descobriu a Walgreens. Será que isso reflete as reais necessidades das organi- A evolução da disciplina de shopper marketing está direcio- zações, ou estamos falhando ao entender o que realmente nada à captura e entrega de valores ainda maiores — que os já está acontecendo no varejo? estabelecidos — proveniente dos fabricantes, dos varejistas Uma análise mais crítica mostrará forte evidência de e da relação colaborativa entre eles, no âmbito de produtos, que o share de mercado é o alvo das ações das empresas. soluções de categorias e experiência de compra. Em muitos casos, elas não consideram como é a interação do shopper com o produto, uma vez que ele está no ponto Momento crucial de venda. Aí está a falha: deixar de lado a experiência e o Diante desse cenário, qual o papel do trade marketing? comportamento do comprador no ponto de venda. É o de incorporar, desenvolver, coordenar, implementar É para esse aspecto que se voltaram as discussões da e medir a efetividade dos planos que visam influenciar con- Shopper Marketing Expo. O americano já percebeu que, se sumidores quando estão no “modo comprador”. Não é à toa 124 Revista da ESPM | janeiro/fevereiro de 2013
  • 6. Índice de lançamentos bem-sucedidos 15.813 Cestas 12.140 4.070 38 Higiene e Beleza 3.421 12 3.168 Mercearia Doce 2.467 50 % Índice de preço 2.403 Bebidas Alcoólicas 1.397 Mercearia Salgada 2.280 SKU’s lançados 1.655 1.158 <90 Bebidas Não Alcoólicas 1.064 90> <110 Perecíveis 1.116 > 110 967 1.046 Limpeza Caseira 775 Apenas 5% podem Outros 572 Lançamentos ser considerados 394 Mortalidade lançamentos de sucesso Fonte: Nielsen que os investimentos em shopper marketing estão crescendo conexão da história da marca às suas próprias histórias e rapidamente, seja com pesquisas ou programas de ativação crenças básicas. O processo de pensamento do shopper é (gerenciamento de categorias, soluções de categoria, calen- baseado em histórias, não em fatos. E, por último, é sempre dário promocional, ativações no PDV etc.). bom ressaltar que lealdade à marca não é um comporta- Dessa fase de conscientização e entendimento do shopper mento, mas uma emoção que direciona o comportamento. surge uma perspectiva mais ampla do ponto de vista da in- Por isso, shopper marketing é uma disciplina complexa e dústria e do varejo. Daqui para frente, será preciso entender e requer o envolvimento e a integração de todas as áreas da em- incorporar o comportamento do shopper ao longo da jornada presa e parceiros. Apesar de ser ainda incipiente, um número e decisão de compra, que inclui atividades focadas para este crescente de empresas está alocando parte dos orçamentos em três momentos: em casa, em trânsito e na loja. de marca ou de trade em pesquisa de shopper no Brasil. Mas Por isso, a disciplina tem essa força integrativa dentro dos poucos negócios conseguem explorar esse potencial de ma- negócios. Ela influencia desde a concepção de um produto neira prática entre os varejistas ou usá-lo no desenvolvimento até a ativação e conversão dele. De maneira prática e direta dos planos de trade marketing ou de produtos. com o propósito de alinhamento: shopper é o consumidor em O fato é que, para se consolidar no mercado nacional, o casa quando foi impactado por alguma propaganda, comuni- shopper marketing precisa ter a colaboração do varejo e da cação ou por necessidade, até à boca do caixa antes de pagar indústria e urge acelerar esse processo para a alavancagem pelo produto escolhido. Depois que pagou pelo produto, ele do crescimento das empresas. É dessa forma que essas em- vira consumidor. Às vezes, nos perdemos na aplicação do presas vão ganhar share, não só de mercado, mas também o conceito. Shopper nada mais é do que nós, consumidores, share da carteira, do engajamento, da decisão, da solução e do no papel de compradores. real crescimento, por meio de soluções práticas que facilitem Para entender e aplicar a disciplina de shopper marketing, a jornada e experiência de compra do shopper. é necessário ter em mente que todas as decisões de compras Não é que o conhecimento do consumidor foi deixado do shopper são disparadas pelas crenças essenciais ou bá- de lado. Lembremos que foi o entendimento do aspecto do sicas do subconsciente. Também é preciso considerar que consumo que nos permitiu construir, aprender e evoluir a atenção de compra do shopper é mais bem capturada pela pelas práticas já estabelecidas e implementadas no mercado. janeiro/fevereiro de 2013 | Revista da ESPM 125
  • 7. Tendências e Perspectivas Essa é a base de grande parte das teorias de marketing que se O poder do Shopper perpetuaram, mas que estão se transformando. Se, de maneira simplista, os 4 Ps de Kotler estavam sob a gestão do marketing, ao longo dos dez últimos anos, o poder Os impactos da disciplina sobre passou a ser compartilhado pela necessidade de conhecer o marketing e as vendas das empresas melhor as dinâmicas competitivas e também entender e in- tegrar o profundo conhecimento dos canais de distribuição MARKETING • Insights para concepção de um produto até a e suas especificidades no planejamento das empresas. Dessa embalagem, com a participação do trade marketing forma, os planos das marcas teriam a relevância esperada e parceiros estratégicos do varejo (do conceito e a comunicação se refletiria não só nas embalagens e nas ao produto final). • Os atributos e benefícios serão comunicados, estratégias de comunicação, mas na ativação das marcas baseados na árvore de decisão do consumidor, no ponto de venda. Esse era o papel do marketing, trade para facilitar o processo de decisão. marketing e também de vendas com a prática de key account • O plano de comunicação será focado na jornada de management e gerenciamento por categorias. compra do shopper. Do ZMOT (Zero Moment of A mudança é estrutural e o que nos trouxe até aqui não Truth – momento zero da verdade) à conversão. Gastos deverão ser revistos e realocados entre será o que nos conduzirá daqui por diante. Do ponto de vista ações ATL (Above the Line) e BTL (Below The Line), da integração, o entendimento do shopper traz insights para de acordo com o shopper do seu produto. áreas importantes e será o direcionador de grande parte das • Para ativar marcas e programas com o varejo, o estratégias da indústria e do varejo. trade marketing explora o conhecimento da missão de compra e da árvore de decisão em conjunto com o varejo para construir soluções de categorias que Momento crucial melhorarão a experiência de compra. Mas quais os fatores de decisão e o comportamento de • Um caminho é desenvolver e gerenciar categorias compra do shopper? baseadas em indicadores de performance mútuos, para garantir ROI de todas as ações. O que definirá o sucesso das empresas e dos varejistas • Ativar marcas e campanhas promocionais por meio nas categorias que atuam está além do binômio volume x de material que comunique e facilite o processo investimento contemplado nos planos atuais. Os planos de decisão de compra (já desenvolvido e aplicado estratégicos deverão ser capazes de identificar as carac- na concepção do produto), e que comprovadamente ajudem na conversão. terísticas de eventos, programas e soluções vencedoras. • Treinar a força de vendas por meio de Sob essa ótica, dois principais insights foram capturados argumentos sólidos baseados em shopper na Shopper Marketing Expo. insights para contribuir na gestão de categorias O primeiro é a equação de valor da solução de programas (guia de execução). para o shopper (entenda-se: lançamento, promoção, mate- rial promocional, gerenciamento por categorias e solução VENDAS de categorias — em suma, o plano do trade). Ela está focada • Garantir a execução dos planos de trade por meio na melhoria da experiência de compra e na interação do planejamento mútuo com os varejistas, focado com o produto para os shoppers. O que fazer para atrair e no desenvolvimento e gerenciamento de categorias, baseado em indicadores de performance que converter a ação em resultados dependerá da efetividade combinam os fundamentos de vendas da indústria de como se traduzirá a árvore de decisão e a jornada de (distribuição, exposição e giro) com os conceitos compra do shopper. É uma equação bem mais sofisticada do varejo (sell in, sell out, margem e inventário). e que não se resume a preço. • Garantir a alocação de recursos em programas (calendário promocional) que tenham relevância O segundo ponto está relacionado às soluções baseadas para o shopper. em shopper insights, que contribuem para o resultado da ca- • Analisar a efetividade promocional e focar na tegoria de maneira muito efetiva, principalmente na relação gestão de categorias, analisando a performance na com o varejo. Um estudo da Booz Allen revelou que 87% dos granularidade SKU x loja para garantir a efetividade do planograma e a racionalização do sortimento. profissionais entrevistados afirmaram que o desenvolvi- mento de soluções de categorias com o varejo contribuiu 126 Revista da ESPM | janeiro/fevereiro de 2013
  • 8. Uma análise mais crítica mostrará forte evidência de que o share de mercado é o alvo das ações das empresas. Em muitos casos, elas não consideram como é a interação do shopper com o produto, uma vez que ele está no ponto de venda para a melhoria de suas relações com os varejistas. Grande planos e projetos, visando acelerar a aplicação do shopper parte dos respondentes disse que as soluções para o shopper marketing e, com isso, promover o crescimento sustentável geraram incremento de vendas e melhoraram o retorno e saudável dos negócios. sobre o investimento (ROI). Os shoppers que responderam à Está claro aonde queremos e precisamos chegar: colabo- pesquisa também avaliaram muito bem as soluções de ca- ração. Muitas indústrias (principalmente as multinacionais) tegoria em todas as métricas utilizadas quando comparados estão construindo ou solidificando essa disciplina, acessível a um display ou material de ponto de venda de um produto a pequenas, médias e grandes empresas. Os varejistas globais específico. Quem está liderando e se estabelecendo como (e um número crescente de lojas nacionais) já entenderam que parceiro estratégico não é somente a grande empresa, mas o compartilhamento de informações básicas, de vendas loja a companhias com maior experiência em shopper marketing. loja (sell-out) e de inventário já ajuda — e muito — a estabelecer uma relação colaborativa com a indústria e, dessa prática, Disciplina em desenvolvimento surgem os primeiros passos rumo a um planejamento mútuo. Do ponto de vista da aplicação, ainda falhamos em algu- Como marketing e trade marketing entendem hoje que o mas suposições quando desenvolvemos um projeto ou comportamento de consumo não é necessariamente um pesquisa na área. Na Shopper Marketing Expo, o renoma- direcionador do comportamento de compra, passam a focar do consultor em varejo Christopher Brace fez uma apre- no que direciona o processo de escolha do shopper (shopper sentação detalhando as sete falácias do shopper marketing. understanding). Por outro lado, os varejistas passaram a en- tender que somente seus dados de transações e vendas não As três primeiras apontam como os shoppers decidem: geram os insights necessários sobre o comportamento e os 1. Eles podem facilmente nos falar por que tomam a decisão direcionadores de escolha. de compra. Diante de tantos desafios, o papel da indústria é o de 2. Suas decisões de compras são baseadas em razão e lógica. continuamente promover e disseminar o conhecimento 3. O comportamento passado e atual premedita o compor- profundo da dinâmica das categorias e do shopper, além tamento futuro. da estratégia Go to market segmentada, que contemple a necessidade de cada varejo e região. Outras quatro indicam como as marcas comunicam: Já o papel do varejo é garantir o entendimento das 4. Quanto mais informação os shoppers tiverem, mais dinâmicas do mercado, o gerenciamento estratégico das fácil será o processo de decisão. categorias e do sortimento, o conhecimento do processo 5. O processo de pensamento é baseado numa coleção de fatos. de recrutamento dos shoppers, a melhoria da experiência 6. Sua atenção pode ser capturada por interrupção ou de compra. Num conceito ampliado, o shopability garante perturbação. uma experiência de compra única para o shopper pelo 7. Eles interpretam as nossas mensagens da maneira que desenvolvimento e implementação de sortimentos e queremos que o façam. soluções relevantes para esse público. Por que Brace chama esses pontos de falácia? Porque eles nem sempre são verdadeiros, sendo muitas vezes idealiza- Adriano Maluf Amui Presidente do Invent®, da Esfera Gestão e professor da ESPM dos: o consumidor de verdade pode não exercitar alguns ou todos os pontos acima. Cabe a nós, da indústria e do varejo, Julio Gomes promovermos o entendimento e a integração mútua dos Sócio da Mind Shopper janeiro/fevereiro de 2013 | Revista da ESPM 127