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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
PSICOLOGIA INSTITUCIONAL
PROFESSORA RITA LOUZADA
ANDRÉA LILIAM SILVA DA PAIXÃO – DRE: 100121475
O PORTFÓLIO
“NOS BASTIDORES DAS AULAS DE PSICOLGIA INSTITUCIONAL”
O Portfólio – Nos Bastidores das Aulas de Psicologia Institucional
RIO DE JANEIRO, 05 DE DEZEMBRO DE 2008
O PORTFÓLIO
INTRODUÇÃO
Este semestre eu termino as disciplinas necessárias para concluir o curso de Formação de
Psicólogo, ALELUIA! Parece um sonho! Mas é quase um pesadelo1
. Espero que o despertador não
toque, ou que alguém me belisque.
Estar terminando o curso me causa uma tensão muito grande, uma ansiedade nunca sentida.
Pegar uma matéria não obrigatória agora, e tendo completado os créditos das eletivas, parece um
desafio, e uma carga a mais, mas já que estou a tempo demais neste curso quero aproveitar mais
um pouco também as oportunidades de ter mais aulas. Imagino se este horário seria mais bem
aproveitado trabalhando a monografia, mas quero arriscar. A verdade é que o tempo que não passo
aqui acabo mesmo é na escola trabalhando. Por outro lado, minha carga horária acaba sempre
comprometida tanto lá quanto aqui; nesta disciplina e em mais uma obrigatória, terei aula em
horário de trabalho e deverei cumprir 75% da freqüência, apenas, para conciliar o horário de
trabalho com o horário de faculdade. Então decidi mesmo por pegar mais uma disciplina. Caso a
minha intenção de terminar a monografia fique prejudicada, terei tempo só para a monografia no
final das aulas e acredito que será mais fácil terminá-la.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DO PROGRAMA
Aula do dia 13/08/20082
O horário da disciplina encaixou bem entre as aulas de ética profissional e os horários de
supervisão da monografia, com a mesma professora (coincidência?) foi a princípio um bom motivo
para assistir as aulas de psicologia institucional.
No entanto, acredito que a disciplina me será útil por seu enfoque no trabalho assim como
deste na saúde do trabalhador, por uma razão que já esclareço: trabalho em instituição pública
escolar; acredito que muito do que será apresentado e discutido aqui irá de encontro com as
situações por mim mesma vividas ou presenciadas no ambiente de trabalho, bem, assim espero.
1
.Não se trata de forma alguma de um surto psicótico, mas da tensão de final de curso.
2
O material produzido durante a aula encontra-se em anexo
2
Andréa Liliam
UNIDADE I – REFERENCIAIS TEÓRICOS
Aula do dia 15/08/2008
Metamorfoses no Mundo do Trabalho
Durante o comentário sobre o texto “metamorfoses no mundo do trabalho”, o apontamento
de Castel para o desmonte da sociedade salarial e a conseqüente instalação da precariedade fez me
lembrar que se não tivesse que me preocupar com a falta de dinheiro e suas implicações em minha
vida, muito provavelmente já teria terminado o curso de formação de psicólogo e não teria me
esforçado tanto para passar em um concurso público justamente quando terminava o bacharelado,
fato que tem estendido ainda mais a minha permanência na faculdade por ter menos tempo livre
para as aulas.
Para a realização desta etapa do portfólio, decidi selecionar o texto “metamorfoses no mundo
do trabalho” de Castel por dois motivos:
• Pelo que já relatei no parágrafo supracitado, tal texto causou-me certo impacto e
desconforto por ter me levado a encarar uma dura realidade em minha vida: é com
muito esforço que estou chegando a concluir a formação de psicólogo;
• Quero ser prática, já que é o primeiro texto, pego logo esse para não ter que ficar
escolhendo um depois, assim economizo energia e tempo.
Resenha do texto: “As Metamorfoses no Trabalho”, de Robert Castel
O compromisso social é questionado à medida que o trabalho retoma seu valor de mercadoria
e uma mutação ocorre na organização do trabalho.
Na sociedade salarial a maioria dos sujeitos além de receber salário possui segurança
relacionada ao trabalho, como; estatuto, reconhecimento e proteção social. Mas a associação entre
trabalho e segurança acaba passando por crise que levou a um esfacelamento, principalmente,
devido à precarização crescente das relações de trabalho e ao desenvolvimento de um desemprego
em massa.
A precarização começou a substituir a estabilidade como regime dominante da organização
do emprego. Já no contexto do esfacelamento da condição salarial surge a noção do que se pode
chamar de “excedentes”, ou seja, indivíduos que não encontram seu lugar na sociedade; que não
estão integrados e talvez não sejam integráveis no sentido de manter relações de interdependência
3
O Portfólio – Nos Bastidores das Aulas de Psicologia Institucional
associada a uma utilidade social como eram até mesmo os proletários explorados, pois
os excedentes sequer são explorados. Alguns críticos dirão que provavelmente se o número de
excedentes cresce, a sociedade esteja passando por um processo de mudança em seu modelo
de emprego assalariado que não deve mais ser pensado como o principal vetor de integração. Mas
para Castel o que há é sim uma tendência para a redução da carga horária do trabalho.
Devido a precarização das relações de trabalho, o trabalhador está cada vez mais sujeito
a formas de emprego que mobilizam toda a sua pessoa e deixam pouco tempo para as atividades de
lazer. O sofrimento e o superinvestimento continuam sendo duas componentes essenciais das
relações de trabalho atuais. Ainda mais, o aumento da precarização nas relações de trabalho
também redunda no medo do trabalhador de perder o emprego.
Mas é ainda sobre o trabalho, quer se o tenha, quer este falte, quer seja precário ou garantido,
que continua a se desenrolar hoje em dia, o desterro da grande maioria dos atores sociais. E nesse
sentido pode-se continuar a falar da centralidade do trabalho, pois este permanece positiva ou,
muitas vezes, negativamente, no centro das preocupações da maior parte das pessoas.
Aula do dia 17/08/2008
Pensando a Organização do Trabalho: Taylorismo, Fordismo e Toyotismo
O toyotismo surge e se mostra como uma forma de trabalho consolidada, não quero falar
sobre terceirização, mas a flexibilização do trabalho é algo percebido claramente no meio
trabalhista. Um bom exemplo é o dos motoristas de ônibus que hoje, é cada vez mais comum, além
de dirigir o ônibus, executam a tarefa de trocador e secretário (preenchendo formulários para
os passageiros com direito a gratuidade, mas que não possuem o cartão vale-transporte). Há
aqueles que acreditam que num futuro não muito distante, ale de dirigir e trocar dinheiro,
os motorista ainda terão que tocar e cantar para o entretenimento dos passageiros, exagero? Talvez,
mas com certeza demonstra como mais fluidas vem se tornando a atividade de trabalho, que não
têm mais funções delimitadas ou específicas.
4
Andréa Liliam
Aula do dia 10/09/2008
Impactos do Trabalho: Acidentes e Doenças
Diz um ditado popular: “O trabalho enobrece o homem”, mas eu costumo ouvir: “O trabalho
enlouquece o homem”. Em uma conversa informal uma professora comentava que sua terapeuta
havia lhe dado alta depois de 20 anos de terapia, ao ouvi-la sua colega complementou:
– Isso está coincidindo com a sua aposentadoria.
– É quando agente entra para a educação fica maluca, e quando aposenta fica boa.
Existe muito de verdade na conversa das professoras, pois ainda que de maneira irreverente,
as mesmas estabeleceram um nexo causal entre a atividade laborativa e a doença desenvolvida.
A maioria dos professores necessita de tratamento com fonoaudiólogo, devido às aulas expositivas,
as professores precisam falar para explicar a matéria aos alunos de sua classe. Geralmente os
professores de nível fundamental passam o dia todo dando aulas. Alguns utilizam um pequeno
amplificador de voz para resguardar mais as pregas vocais, mas é comum ouvir os professores
reclamarem de dor na garganta e rouquidão.
Aula do dia 17/09/2008
Psicopatologia e Psicodinâmica do Trabalho
Uma professora comentou comigo, certa vez, que nuca tira licença se for motivo de
problemas com sua voz. Como pretende tomar posse de outra vaga de professora e assim acumular
duas matrículas na mesma prefeitura a professora sabe por ocasião da investidura no cargo, passará
por avaliação médica, e um histórico de licenças por problemas nas pregas vocais poderia lhe
impedir de tomar posse da desejada segunda matrícula.
“... o trabalho é aquilo que implica, do ponto de vista humano, o fato de trabalhar: gestos,
saber-fazer, um engajamento do corpo, a mobilização da inteligência, a capacidade de refletir, de
interpretar e de reagir às situações: é o poder de sentir, de pensar e de inventar...” Dejours (2004).
O que me impressiona na reflexão sobre os textos lidos é como o medo de perder o emprego,
ou ocupação permeia a conduta dos trabalhadores. Na situação da professora que não tira as
licenças por motivos que envolvam sua voz, é possível notar um estratagema interessante.
Provavelmente depois de conseguir a segunda matrícula as preocupações com essa questão
diminuam, pois a condição de servidora lhe trará alguma proteção, levando a professora a poder
tirar as benditas licenças quando necessitar.
5
O Portfólio – Nos Bastidores das Aulas de Psicologia Institucional
AVALIAÇÃO DA UNIDADE I
Os textos puderam proporcionar uma ambientação com questões acerca do trabalho, como
contextualização histórica, que direcionaram a forma de enxergar, interpretar e exercício da
atividade de trabalho atualmente e como tudo isso se relaciona com as formas de adoecimento a
partir do trabalho. Os temas foram motivadores no sentido de criar curiosidade pela leitura dos
textos.
Ter que colher relatos sobre o mundo do trabalho me fez ter os ouvidos mais aguçados para
comentários que os colegas, no meu local de trabalho, faziam – o que me levou a me posicionar
num lugar mais distanciado para dar conta da escuta embora eu também estivesse inserida naquele
contexto, como numa observação participante, foi um verdadeiro exercício da escuta. A entrega do
relata foi negligenciada, no dia marcado estava trabalhando, não pude ir, mas também não havia
preparado nada por escrito. Só consegui entregar o relato, no dia da revisão para a prova, e mesmo
assim escrevi na hora, durante a aula. No entanto a escrita pareceu-me fácil e espontânea, mas não
fiz uma cópia na hora para colocar no portfólio; relatei uma situação vivida por mim; por traz o
contexto seria mais ou menos esse: “como o funcionário pode ser capacitado para fazer algo que
seu superior desconhece”?
UNIDADE II – EXPERIÊNCIAS E PESQUISAS
Aula do dia 24/09/08
O Campo da Saúde Mental e Trabalho no Brasil
Os riscos de desenvolver uma doença devido às condições de trabalho é um risco coletivo, e
por isso a idéia de defesa coletiva através de sindicato e grupos outros que desempenhem uma
função política na proteção do grupo, são importantíssimas, construir meios de controle, vigilância
sobre riscos no trabalho assim como ações preventivas e promoção de saúde que incluam aspectos
biológicos, psíquicos e sociais.
Um amigo meu, engenheiro eletrônico especializado em micro eletrônica, com mestrado,
trabalhou três anos em uma empresa onde o local de trabalho dos engenheiros se limitava a
pequenos boxes individuais. Segundo Rafael Linhares a estrutura dos boxes visava impedir a
comunicação entre os colegas de trabalho, para que estes só trabalhassem. Na hora do almoço, os
6
Andréa Liliam
engenheiros podiam dispor de um refeitório. Mas, adivinhem! Lá estavam os boxes também,
“dessa forma os engenheiros podiam fazer a refeição sem se preocupar em ser incomodado por
ninguém”, e tão logo terminassem poderiam voltar ao box de trabalho. O conforto visual também
era nulo, pois a core dos boxes era branca. A cobrança era alta dos superiores e não havia
reconhecimento, e nem satisfação no trabalho. Rafael acabou desenvolvendo sintomas como:
cansaço recorrente, dificuldades em acordar pela manhã para ir trabalhar, dores nas pernas,
depressão, a ponto de recorrer a ajuda profissional de um psiquiatra. Precisou fazer uso de
psicotrópicos, mas reagiu bem ao tratamento. Rafael largou aquele emprego, e está trabalhando em
uma outra empresa, é preciso mencionar que os sintomas diminuíram bastante, e em seis meses
conseguiu parar com a medicação. Na empresa atual Rafael tem satisfação no trabalho.
Hoje é dia 1º de outubro de 2008
Estamos assistindo ao filme: “Brigada 49”
A tarefa de hoje é fazer anotações sobre o filme e relacioná-las á matéria das aulas. É para
trazer na próxima aula e anexar ao portfólio.
Próxima aula:
• Acompanhamento do portfólio;
• Trazer o que já estiver pronto para discussão.
Anotações Sobre o Filme:
(O filme se passa como fatos que são lembrados pelo personagem principal, enquanto este
espera por socorro após um desabamento, sendo assim, no texto abaixo os trechos sublinhados
referem-se ao momento atual da vida do personagem).
Bombeiros precisam de equipamento de proteção que suportem o calor, precisam de
equipamento de ar para não inalar a fumaça dos incêndios e ficarem intoxicados.
Um desabamento no 12º andar no prédio em chamas, deixa Jack machucado, caído,
esperando socorro e inalando forte cheiro. A equipe que estava com ele morre. Não há acesso fácil,
a passagem está impedida pelos escombros, há fogo também e os colegas se desesperam.
Labaredas caem na rua, queimando carros.
O trabalho toma muito tempo e entra na vida pessoal, Jack está em um pub numa hora de
folga comemorando o dia de São Patrício, fardado, com os colegas, quando recebe a notícia que
7
O Portfólio – Nos Bastidores das Aulas de Psicologia Institucional
vai ser pai. Os companheiros desconfiaram quando a esposa de Jack recusou bebida e bateram com
a língua nos dentes.
De repente, uma explosão, um colega é atingido pelas chamas na frente dos companheiros, e
nenhum deles pode fazer nada. O desespero leva um a pular, correr em direção ao fogo para
socorrer, e naturalmente é contido.
A única coisa que podem fazer é baixar a bandeira em homenagem ao bombeiro morto e ir ao
enterro. Depois disso é “voltar para a viatura”, assim disse o capitão para motivar os homens,
“homenagear Dennis”.
Ver o colega morrer em trabalho, morrer no trabalho, um risco alto na vida de um bombeiro.
Jack deseja sair da função de esguicho e ir para a viatura, o capitão diz que não é uma boa
idéia, não é seguro, pois ele não terá água para se proteger, a mangueira de incêndio, também
protege o bombeiro.
Ao chegar em casa Jack parece um pouco alegre por causa da bebida.
“O álcool é uma dose de energia, mais psicológica que física, que ajuda a enfrentar as
condições de trabalho” (Dejours, 1992)3
.
– Você bebeu, pergunta a esposa.
Ver o marido pendurado por uma corda na TV – salvando um homem de um prédio em
chamas – traz uma discussão de casal: há uma criança agora, que vai precisar do pai.
O local começa a ficar instável, há água caindo e desabamentos pequenos, está caindo
pedras, pedaços da estrutura, tijolos.
A festa de aniversário dos filhos de Jack está cheia dos colegas bombeiros com suas
respectivas famílias. Até mesmo as horas de laser é compartilhada com os companheiros da
brigada. “A cooperação é um meio poderoso para conjurar a solidão social temida por muitos
homens e mulheres... é também uma modalidade essencial para a socialização e a integração a uma
comunidade de pertencimento” (Dejours, 2004)4
.
Outro colega queima o rosto com vapor que sai de um cano que arrebenta, faz enxerto de
pele.
O risco de vida e a preocupação interferem na vida familiar. O filho mais velho pergunta se o
rosto do bombeiro derreteu, e manifesta seu temor em relação ao risco que o pai corre no trabalho
de se machucar.
3
. DEJOURS, C. A Loucura do trabalho. São Paulo (SP): Cortez; 1992.
4
. DEJOURS, C. Subjetividade, trabalho e ação. Produção, vol.14, no.3. São Paulo Set./Dez, 2004.
8
Andréa Liliam
Se machucar tentando salvar vidas é o que diz ao filho.
Lembrando Castel, o trabalhador está cada vez mais sujeito a formas de emprego que
mobilizam toda a sua pessoa e deixam pouco tempo para as atividades de lazer. O sofrimento e o
superinvestimento continuam sendo duas componentes essenciais das relações de trabalho atuais.
O risco no trabalho de um bombeiro é “exterior, independente de sua vontade e coletivo”
(Dejours, 1992)5
.
No início Jack é mais alegre e motivado, mas vai ficando mais tenso ao decorrer do filme. Na
cena do jantar com a esposa, na ocasião em que retorna da visita ao colega com o rosto queimado,
tem um comportamento irritado, quase não consegue manter diálogo, quer evitar que a esposa se
preocupe (preocupação com a preocupação). Prefere que a esposa não vá ao hospital fazer visita,
pois mesmo se tratando de amigo íntimo, acredita que ao voltar a esposa vai ficar preocupada com
ele, e vai reclamar. “Os trabalhadores não gostam de ser lembrados do que tão penosamente
procuram esconjurar” (1992)6
.
Aula do dia 03/10/2008
Hoje estou trabalhando, véspera de eleição, meio expediente. Fica um tanto complicado
negociar o horário da manhã para ir a faculdade se não vai haver expediente à tarde. Ir à faculdade
de manhã e não trabalhar em horário algum não dá. Que pena!
Aula do dia 08/10/2008
Dia de prova, interessante método: fazer uma leitura, anotações, tudo em posse das perguntas
de prova, e depois respondê-las. A prova por mais fácil sempre me deixa nervosa, preciso cuidar
da minha homeostase para não ter muito comprometimento no desempenho, geralmente há algum,
mas acho que dei conta, embora por causa do lanchinho que tive que fazer tenha perdido algum
tempo para fazer uma pequena parte das anotações. Bem, era isso ou coisa pior! Eu esqueci a
resposta de uma pergunta, embora não tenha tido tempo de anotar, eu havia estudado, e sabia a
resposta, mas não lembrei.
Aula do Dia 10/10/08
Clínica da Atividade
5
. DEJOURS, C. A Loucura do trabalho. São Paulo (SP): Cortez; 1992.
6
. DEJOURS, C. A Loucura do trabalho. São Paulo (SP): Cortez; 1992.
9
O Portfólio – Nos Bastidores das Aulas de Psicologia Institucional
A atividade não é tarefa, inclui toda a produção de subjetividade. O objetivo da clínica do
trabalho não é a produtividade, mas a qualidade do trabalho, não se limita à tarefa, e interfere no
trabalho.
Glossário Sobre a Clínica da Atividade
Conação7
é a tendência mentalsomática ao movimento ou empenho na dinamização dos
processos mentais. Inclinação, tendência, intenção, esforço dirigido para realizar algo ativa e
deliberadamente. Muitos psicólogos distinguem três categorias de funcionamento mental: o
cognitivo (perceptivo e intelectual), o emocional e o conativo. A conação inclui instintos,
impulsos, desejos, anseios etc.
Protociência8
- En la filosofía de la ciencia, el término protociencia se usa para describir
una nueva área de esfuerzo científico en proceso de consolidación. A veces los escépticos
científicos se refieren a estos esfuerzos como ciencias patológicas. Protociencia es un término a
veces usado para describir una hipótesis que aún no ha sido probada adecuadamente por el método
científico, pero que es por lo demás consistente con la ciencia existente o que, donde no lo es,
ofrece una razonable cantidad de inconsistencia como por ejemplo la teoría de cuerdas.
O texto a seguir, em itálico, foi extraído de “ALVES, VA & CUNHA, DM. Aspectos
metodológicos de uma análise situada da atividade docente: a autoconfrontação cruzada.
UFMG”9
.
Método do sósia - proposto por Clot é uma variação das instruções do sósia de Oddone.
“No método do sósia, a compreensão da dimensão narrativa e seus recursos reflexivos é
imprescindível para a realização do trabalho de análise” (Vieira, 2004, p.221). As instruções
dadas pelos participantes da atividade ao analista da situação de trabalho em resposta à
pergunta “Suponha que amanhã eu o substitua...” são gravadas e transcritas. Posteriormente os
participantes terão um segundo encontro com o analista, onde serão confrontados com suas
instruções e poderão comentá-las, inclusive, por escrito. O diálogo é voltado para a transmissão
de instruções, instaurando uma situação dialógica particular que faz com que os interlocutores
focalizem a descrição da ação, e não os seus motivos. No exercício do sósia, o sujeito tem a
oportunidade de um contato social consigo mesmo, ele se torna um estranho a si próprio quando
7
. www.wikipedia.org
8
. www.wikipedia.org
9
. Disponível em www.google.com.br
10
Andréa Liliam
se vê diante da necessidade de instruir um sósia seu. Essa situação em que o sujeito dialoga
consigo mesmo por meio do diálogo com o outro, o leva a ‘estranhar’ sua própria experiência,
redescobrindo-a para então reorganizá-la sob um outro ponto de vista (Clot, 1998, p.181).
Método da autoconfrontação cruzada - representa um esforço de “estabelecer a relação
entre as características observáveis e dedutíveis da atividade verbal e as demais dimensões da
atividade em geral” (Faïta, 2002, p.49) na análise das situações de trabalho. De acordo com
Vieira (2004) e Faïta e Vieira (2003) o método se estrutura em cinco fases:
I – O filme
É nesse primeiro momento que se dá a constituição de um grupo de análise representativo
do meio de trabalho associado à pesquisa. Constituição que deve ser precedida de um longo
trabalho de observação das situações e meios profissionais. As seqüências de atividade que serão
filmadas e submetidas à autoconfrontação devem ser cuidadosamente escolhidas, garantindo que
os indivíduos que serão confrontados sejam trabalhadores que desempenhem funções próximas
(as seqüências devem ser o mais homogêneas possíveis, retratando a atividade de trabalhadores
que exerçam a mesma função, que tenham um mesmo cargo).
II – Autoconfrontação simples
Produção, por cada um dos protagonistas, de um discurso referente à atividade observada.
O indivíduo é confrontado às imagens de sua própria atividade. Abertura de um espaço para que
o indivíduo produza um discurso explicativo, narrativo ou responda às questões propostas pelo
pesquisador, a fim de avançar na produção de significados concretos sobre as imagens.
Esse momento também é filmado e deve ser realizado com cada um dos operadores.
III – Autoconfrontação cruzada propriamente dita
Produção discursiva contextualizada. Essa fase integra dois níveis de referências:
a atividade filmada inicialmente e o contexto discursivo criado pela autoconfrontação simples.
É o momento em que interagem os atores 1 e 2 (os dois indivíduos cujas imagens do trabalho
estão sendo confrontadas) e o pesquisador. Desenvolve-se uma atividade sobre a atividade, uma
atividade de análise e produção discursiva sobre a atividade de trabalho. É um “espaço-tempo”,
momento “suspenso” onde o que não havia sido formulado ou sistematizado pode ser revelado
em paralelo ao processo que se desenrola (o processo de pesquisa e de “atividade sobre a
atividade”). Oportunidade que o indivíduo se aprofunde naquelas dimensões de sua atividade
que, até então, permaneciam ocultas.
11
O Portfólio – Nos Bastidores das Aulas de Psicologia Institucional
IV – O retorno ao meio de trabalho
Produção de um objeto que é resultado das fases anteriores e busca responder à questão
inicial (a questão que motiva o estudo dessa situação de trabalho). O objeto ganha uma certa
autonomia em relação às fases anteriores (aquelas de sua produção) e pode ser utilizado para
diferentes fins: suporte para mudanças no meio de trabalho, formação, etc.
V – As diferentes apropriações do objeto autoconfrontação cruzada pela equipe de pesquisa
Análise específica do objeto produzido. Implicações conceituais, metodológicas,
epistemológicas. O objeto propriamente dito e as referências construídas entre os diferentes
estágios de sua produção podem originar novos objetos de pesquisa. “A autoconfrontação, uma
vez que se constitui na produção de um discurso sobre a atividade, configura-se como uma
atividade sobre a atividade. Atividade essa que não pode ocupar a centralidade da pesquisa em
detrimento da atividade de trabalho propriamente dita. A autoconfrontação é um recurso por
meio do qual o pesquisador busca se aproximar da atividade de trabalho. Aquilo que o sujeito diz
de sua atividade não deve tomar o lugar se sua atividade real” (Faïta e Vieira, 2003, p.128).
No momento da autoconfrontação cruzada, o pesquisador deve preocupar-se em manter
o debate sobre a atividade. É fundamental que ele tenha a capacidade de manter o processo
dialógico, aproveitando ao máximo todas as oportunidades de relacionar os enunciados
produzidos e o que eles revelam efetivamente. O pesquisador deve estar atento ao seu papel, ao
seu lugar no processo de autoconfrontação, não se deixando confundir com o lugar do ator
observado.
SEMINÁRIOS
Referências Para Os Seminários
BARBOSA, MS. A. & COLS (2007). A vida do trabalhador antes e após a Lesão por
Esforço Repetitivo (LER) e Doença Osteomuscular Relacionada ao Trabalho (DORT).
Revista brasileira de enfermagem, v.60 n.5 Brasília set./out. 2007. www.scielo.br
FERENHOF, I. A. & FERENHOF, E.A. (2002) Burnout em professores. ECCOS - Revista
Científica – Avaliação e mudanças – Centro Universitário Nove de Julho. São paulo, v. 4, n. 1, p
131/151. sepia.no.sapo.pt/Sepia_ECCOS_junho_2.pdf
MILITÃO, A. G. & RAFAELI, E. A. (?) Neuropatias por intoxicação ocupacional. Santa
Catarina: Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da UFSC. www.eps.ufsc.br.
12
Andréa Liliam
MACIEL, R. H. & COLS (2007). Auto relato de situações constrangedoras no trabalho
e assédio moral nos bancários: uma fotografia. Psicologia & Sociedade, v.19 n.3 Porto
Alegre set./dez. 2007. www.scielo.br
KASSOUF, A. L. (2005). Trabalho infantil: causas e conseqüências. Estudo realizado para
a apresentação no concurso de professor do Deptº de Economia, Administração e Sociologia da
ESA/USP em 9 de novembro de 2005 www.cepea.esalg.usp.br/pdf/texto.pdf
BRUSCHINI, M. C. A. (2007). Trabalho e gênero no Brasil nos últimos dez anos.
Fundação Carlos Chagas, Grupo de Pesquisas Socialização de Gênero e Raça. Cadernos de
Pesquisa, v.37, n.132, set/dez, 2007. cbrusch@fcc.org.br, www.oei.es/genero/trabalho-genero-
trabalho.pdf
VILELA, R. A. G. & COLS (2001). Experiência do Programa de Saúde do Trabalhador
de Piracicaba: desafios da vigilância em acidentes do trabalho. Informe Epidemiológico do
Sus, v.10, n.2, Brasilia, junho de 2001.
Aula do Dia 22/10/08
O seminário de hoje é sobre BURNOUT
Burnout – tornar-se exausto após excessiva demanda de energia ou força. Síndrome de
exaustão emocional, despersonalização e reduzida realização profissional que pode ocorrer entre
indivíduos que trabalham com pessoas.
O título do texto apresentado hoje pela Vanessa é “Síndrome de Burnout em Residentes da
Universidade Federal de Uberlândia” e traz uma pesquisa sobre a ocorrência de burnout entre
médicos. Segundo a pesquisa, é alta a freqüência em que ocorre a síndrome no meio da classe
médica. Os cirurgiões são os mais afetados pelo problema.
Aula do dia 24/10/2008
Esta aula eu faltei. O tema para o seminário de hoje é: Esforço Repetitivo.
Aula do dia 29/10/2008
Trabalho e Intoxicações
Texto: “Trabalho Rural e Saúde: Intoxicação Por Agrotóxicos No Município de
Teresópolis”
Hoje o texto principal do seminário é o meu. O texto me chamou a atenção por se tratar de
13
O Portfólio – Nos Bastidores das Aulas de Psicologia Institucional
lavouras produzidas no município de Teresópolis, e por que tais lavouras acabam abastecendo o
mercado nas metrópoles. Enquanto os trabalhadores se arriscam com o uso de agrotóxicos nas
lavouras, nós aqui no município do Rio de Janeiro, nos arriscamos fazendo uso da alimentação.
Chamou - me também muito a atenção do comentário da professora, ao mencionar que pessoas de
baixa renda não têm acesso à produtos orgânicos, no entanto custo-me a acreditar que no “sujinho”
as iguarias, servidas aos estudantes no campus da praia vermelha nas horas de almoço e lanches,
sejam preparadas com produtos orgânicos.
Referência: SOARES, W. L.; FREITAS, E. A. V. & COUTINHO, J. A. G. (2005). Trabalho
Rural e Saúde: Intoxicação Por Agrotóxicos No Município de Teresópolis. Rev. Econ. Sociol.
Rural, v.43, n.4, Brasília out/dez. 2005.
Glossário Sobre Intoxicação
Intoxicação10
:
• É o estado decorrente da alteração de saúde devido a ação de um agente químico
estranho ao organismo ( Militão, ?);
• Consiste em uma série de efeitos sintomáticos produzidos quando uma substância
tóxica é ingerida ou entra em contato com a pele, olhos, membranas mucosas, etc
(Wikipedia);
• Ocorre quando uma substância entra em contato com um organismo e provoca uma
série de efeitos adversos, afetando a homeostase dele, rompendo o equilíbrio orgânico
(infoescola);
• A intoxicação por agrotóxicos normalmente ocorre por inalação dos vapores que são
facilmente absorvidos pelo orgsnismo, durante a fabricação e manipulação dos
produtos (infoescola).
Aula do dia 31/10/2008
Assédio Moral
O assunto hoje é assédio moral, eu me a trazei, deixei para a última hora para ler meu texto, e
conseqüentemente, acabei por não conseguir lê-lo. Já é a segunda vez que não consigo ler o texto,
preciso me esforçar mais.
10
. www.google.com.br
14
Andréa Liliam
Ao chegar à sala as discussões iam lá pela metade do tempo de aula. Felizmente, lembrei-me
de uma cartilha sobre assédio moral que li há algum tempo e consegui introduzir uma questão para
as discussões e fazer meu comentário. A cartilha foi elaborada com o intuito de esclarecer os
trabalhadores a respeito do assédio moral, como acontece e suas conseqüências para a saúde do
trabalhador e seu desempenho no trabalho. O assédio compromete o trabalhador e gera nele um
mal estar que vai ter implicações até mesmo em sua vida particular.
Nos dias 5 e 7 de novembro de 2008 não houve aula pois foi a semana programada para
acontecer a Jornada de Iniciação Científica, evento que ocorre em toda a Universidade, onde
são apresentados os trabalhos de pesquisa da UFRJ.
Aula do dia 12/11/2008
Trabalho Infantil
Para evitar o que ocorreu no último seminário estudei o texto que escolhi sobre o tema com
duas semanas de antecedência.
Basu e Van (1998) consideram que a pobreza é o que leva as famílias a colocarem seus filhos
para trabalhar, e enfatizam que a intervenção legal para banir o trabalho infantil não é sempre
apropriada pois em economias muito pobres é possível que a demanda por trabalho seja tão baixa
que nesse caso, eliminar o trabalho infantil pode levar as crianças e seus pais a uma condição de
maior pobreza e com risco de inanição.
Durante a aula percebi que fui contestada veementemente pelos colegas de classe, achei que
exageraram. Não perdi tempo e revidei na oportunidade certa. Quando levo algum material para
comentar, é porque antes fiz alguma pesquisa, não tiro as coisas da minha cabeça e alguma
consideração e respeito é indispensável. Sendo assim também não vou ficar quieta quando fizerem
afirmações não comprovadas empiricamente, ou bem fundamentadas teoricamente. Mesmo porque
se tratando de trabalho infantil ninguém aqui nessa turma conhece melhor do eu, que já vivi a
situação.
Aula do dia 14/11/2008
Hoje fui para o trabalho, não estou em aula. Minha superior está reclamando muito do meu
horário. Graças a Deus falta pouco para terminar o semestre e consequentemente não terei mais
15
O Portfólio – Nos Bastidores das Aulas de Psicologia Institucional
disciplinas para fazer.
AVALIAÇÃO DA UNIDADE II
Nesta unidade acredito que houve maior envolvimento da minha parte, mesmo com meu
problema de horário e conseqüentes faltas. Pois a formatação da apresentação dos seminários me
fizeram ler diversos assuntos além do tema só do meu seminário sobre intoxicações. Na verdade
estive muito envolvida com todos os temas. Mas o tema que eu escolhi me deixou muito excitada e
porque não dizer hiperativa11
, devido aos artigos e textos que encontrei em minha pesquisa. No
meio de tanta fartura e não sabendo o que escolher me decidi por um texto onde percebi uma linha
com as seguintes palavras: As culturas de destaque são: alface, chicória, couve, jiló, couve-flor,
agrião, brócolos, coentro e pimentão. Todas as dúvidas que rolavam na minha cabeça se
extinguiram, pois decidi por um motivo que me lembra prazer, como comida. Ficaram marcados os
riscos que mesmo uma boa alimentação pode trazer.
Também não posso deixar de registrar o que a “Clínica Da Atividade” trouxe de novo para
mim: uma redescoberta de Vigotsky que embora eu tenha estudado muito no meu estágio de
licenciatura em psicologia, não tive a visão que tenho dele agora, que ficou limitada a atuação do
professor na sala de aula. É incrível eu posso utilizar Vigotsky para a escuta no campo do trabalho
em suas interfaces com a qualidade de vida, bem-estar e saúde.
AVALIAÇÃO DO CURSO
Aula do dia 19/11/2008
Hoje a turma fez a avaliação do curso levando em consideração os tópicos sugeridos pela
Rita Louzada, como textos, seminários, portal, avaliação, portfólio, glossário e relatos do mundo
do trabalho. Foi uma avaliação qualitativa que levou em conta pontos negativos e positivos.
Cada aluno relatou sua impressão sobre o curso assim como suas apreensões e sugestões.
Eu, particularmente, cheguei à conclusão que foi a melhor escolha ter optado por fazer
a disciplina, e percebi que não foi esta a causa do meu atraso na monografia.
A disciplina psicologia institucional veio a complementar o programa de outras disciplinas
11
. Para não dizer “pinto no lixo”.
16
Andréa Liliam
que eu peguei este semestre, que também abordaram a área de trabalho, como psicologia do
trabalho, psicologia escolar e ética profissional, cada uma segundo sua proposta, e este período foi
particularmente enriquecido devido às aulas de psicologia institucional, contribuindo
principalmente para o estabelecimento da idéia de nexo entre saúde e trabalho em minha formação
acadêmica.
Um ponto observado por mim e que me trouxe dificuldades foi que um texto muito maior
trazia dificuldades para terminar a leitura, pois me cansava. No mais pude aproveitar bem os textos
e conhecer autores como Dejours, Clot e Mendes. Gostei do texto do Castel também embora já
conhecesse o autor.
Os seminários foram motivadores uma vez que puderam mobilizar a todos os alunos tanto
com a pesquisa quanto a elaboração de pensamento crítico.
O relato que elaborei para entregar foi retirado de minha própria vivência no ambiente de
trabalho, não por facilitar a minha vida, mas porque além do teor catártico, como acabou tendo
todo o portfólio, me levou a avaliar as relações de trabalho que vivo. Na capacitação no RH da
prefeitura do Rio ficou claro que embora a função de agente educador herdasse um ranço
da extinta função de inspetor, as duas funções ainda eram distintas, mas da boca da diretora eu
ouvi que o agente educador é o antigo inspetor que mudou de nome, o problema aqui está numa
instância que não sei se posso dar conta, mesmo porque acredito que ficarei pouco tempo no cargo
apos me formar psicóloga. Mas procuro colaborar com o melhor que eu posso na formação dos
alunos e não consigo só deixar pra lá.
Também aproveitei relatos de outras pessoas na elaboração do portfólio, o que tem sido
enriquecedor para mim. Um relato em especial foi escrito com o que venho ouvindo já a algum
tempo de um amigo particular em suas reclamações catárticas, curioso que no momento em que
escrevi este amigo já tivesse saído do antigo emprego e se encontrasse em um outro que lhe traz
satisfação. Foi particularmente excitante para mim escrever sobre ele por que o tenho
acompanhado já de longa data desde quando ainda era colega de alojamento na UFRJ.
A forma de avaliação ajudou muito porque diminui a ansiedade em gravar os textos ao
mesmo tempo que facilita na motivação para estudá-los. Saber que os textos poderão ser
consultados por ocasião da prova diminui a tensão, mas caso os textos não sejam lidos com
antecedência poder consultá-los não irá ajudar, pois não se terá tempo para se apropriar das
informações neles contidas. Foi muito bom, mesmo para mim que sentindo fome preferi lanchar
17
O Portfólio – Nos Bastidores das Aulas de Psicologia Institucional
antes de começar a consulta.
A realização do glossário me abriu novas perspectivas sobre a laboração dos textos que eu
precisei ler durante o curso e passou a constituir um novo recurso e ferramenta de trabalho para
uso daqui em diante.
Quanto ao portfólio, procurei fazer o melhor que pude. Acredito que é uma forma de
avaliação que podia ser mais utilizada na faculdade em geral, por ser construída pelo aluno e
registrar suas apreensões e desenvolvimento durante o curso.
ANEXOS
18
Andréa Liliam
DE
O PORTFÓLIO
“NOS BASTIDORES DAS AULAS DE
PSICOLGIA INSTITUCIONAL”
E-MAILS TROCADOS SOBRE AS REFERÊNCIAS PARA OS SEMINÁRIOS
Re: ARTIGOS PARA OS SEMINÁRIOS
19
O Portfólio – Nos Bastidores das Aulas de Psicologia Institucional
por Midori Takanaca de Decco - s do, 25 outubro 2008, 12:33
ANDRÉA E RAFAEL
Ambos escolheram o MESMO ARTIGO para o seminário de TRABALHO REPETITIVO.
Um dos dois terá que trocar. Como vocês escolhem? Um dos dois já tem outro artigo em
mente?
Re: ARTIGOS PARA OS SEMINÁRIOS
por Andréa Liliam Silva Paixão - s do, 25 outubro 2008, 13:16
Já enviei a minha segunda opção:
MONTEIRO, J. C. www.eps.ufsc.br/disserta97/monteiro/cap1.htm - 19k
Re: ARTIGOS PARA OS SEMINÁRIOS
por Andréa Liliam Silva Paixão - s do, 25 outubro 2008, 14:24
Gostaria de trocar a indicação para o seminário de 4ª feira sobre intoxicação e trabalho:
Rev. Econ. Sociol. Rural v.43 n.4 Brasília out./dez. 2005
Trabalho rural e saúde: intoxicações por agrotóxicos no município de Teresópolis - RJ1
Na verdade me identifiquei mais com este artigo.
Beijos.
E-MAILS TOCADOS SOBRE O AVISO PARA QUEM FALTOU DIA DE SEMINÁRIO
AVISOS
por Midori Takanaca de Decco - s�bado, 1 novembro 2008, 15:53
20
Andréa Liliam
Pessoal,
Lembro que :
- Fixamos um prazo máximo para a entrega do GLOSSÁRIO - 14/11
Os textos rerentes ao glóssario são o da Cláudia Osório e a Entrevista - ambos sobre o Yves
Clot.
O glossário pode ser enviado para o meu email que eu repasso para profª Rita. -
mi_decco@hotmail.com
- Os alunos que não comparecerem ao seminário, deverão entregar um resumo sobre o seu artigo,
até o final das apresentações.
- As referências dos artigos deverão ser enviadas, pelo portal, até 2 dias antes de cada apresentação.
Isto, para evitarmos artigos repetidos, como vem acontecendo.
Re: AVISOS
por Andréa Liliam Silva Paixão - domingo, 2 novembro 2008, 12:37
Olá, Midori.
Veja se entendi bem. Devo preparar um resumo sobre o assunto do seminário do dia em que eu
faltei com o texto que eu escolhi.
No último seminário como um cheguei atrazada não ficou claro o texto que Pedro utilizou. Fiz
comentário sobre a cartilha de assédio moral porque não consegui sequer ler meu texto, mas
também não sei se Pedro o-utilizou. Vou precisar entregar resumo desse dia também, e do primeiro
seminário, em que estava presente, mas também não tive tempo de laborar meu texto.
Fórum de Notícias -> AVISOS -> Re: AVISOS
por Midori Takanaca de Decco - segunda, 3 novembro 2008, 22:03
Andrea,
21
O Portfólio – Nos Bastidores das Aulas de Psicologia Institucional
Falei com a profª Rita.
Como você esteve presente no dia do seminário não precisa preparar o resumo ( mesmo que não
tenha falado sobre o seu artigo).
APENAS aqueles que FALTAREM deverão entregar seus resumos no fim do curso.
abs
Midori
RESUMO DOS TEXTOS DOS SEMINÁRIOS QUE EU FALTEI
A vida do Trabalhador Antes e Após a Lesão Por Esforço Repetitivo (LER) e Doença
Osteomuscular Relacionada ao Trabalho (DORT)12
Este trabalho resultou de uma pergunta nascida nas nossas reflexões sobre o ambiente e as
pessoas que estão diariamente conosco no trabalho. Objetivamos analisar se há mudanças na vida
do trabalhador quando ele adquire LER/DORT. Para alcançar esse objetivo delineamos um estudo
qualitativo e os depoimentos tomados nos permitiram concluir que há mudanças significativas na
vida do trabalhador ante e depois do diagnostico da LER/DORT, demonstrando assim o alcance do
nosso objetivo.
Vidas comuns, preenchidas pelas coisas do cotidiano, participativas, divididas entre o espaço
doméstico, o trabalho e o lazer, após as instalações insidiosas da doença ocasionadas pelo trabalho
que faz LER/DORT são modificadas no jeito de viver e levadas a percorrer um calvário, até
a definição do diagnóstico, sendo este calvário representado pelos sintomas, pelo preconceito, pelo
medo de perder a função ou gratificação. No entanto, a constatação do estado da doença e da perda
da qualidade de vida levou as pessoas a buscarem uma resposta a esse trabalho repetitivo,
mudando de função, aprendendo outras formas de viver, retomando os estudos e antigos prazeres
abandonados, levando-as a olhar para o futuro em busca de novos horizontes. A pesquisa através
da leitura repetida das entrevistas provocou nas pesquisadoras emoções fortes e um alento a mais
12
. A referência bibliográfica encontra-se na página 13.
22
Andréa Liliam
para enfrentar o desafio de promover na instituição discursos sobre as mudanças que o trabalho
impõe ao trabalhador tão bem descritas por Albornoz13
e Dejours14
, em busca de formas de
minimizar os efeitos de um trabalho tão estressante e de efeitos tão insidiosos. Diante de todos os
fatos vividos e mencionados concluímos que, como já se explicou, as causas de LER/DORT são
múltiplas e complexas originadas de fatores isolados e conjuntos, mas que exercem seus efeitos de
forma simultânea e interligada.
As LER/DORT resultam da superutilização do sistema osteomuscular, instalando-se
progressivamente no trabalhador sujeito a fatores de risco técnico-organizacionais. Ao se
compreender os mecanismos dessa multicausalidade, percebe-se a necessidade da abordagem
global para se prevenir as LER/DORT. Por fim, as vidas dos trabalhadores acometidas por
LER/DORT nas varas do Tribunal Regional do Trabalho de Maceió mudaram consideravelmente.
Após o diagnostico da doença, estes passaram a viver de forma que mudaram suas vidas extra
trabalho para render mais no ambiente do trabalho. Estas constatações confirmaram nossas
advertências de que o tratamento dos doentes acometidos pela LER/DORT deve objetivar,
portanto, a exploração dos potenciais remanescentes, a melhora da qualidade de vida e não apenas
o controle da dor, pois, apesar do seu alívio permitir melhora da qualidade de vida em significativa
parcela dos indivíduos, nem sempre há correlação entre ambas as condições. Componentes
biológicos, emocionais e sociais podem estar tão comprometidos devido à prolongada duração da
dor que é preciso ter uma avaliação além da dor, considerando todos os fatores mencionados
anteriormente. Por fim concluímos que a vida dos portadores da doença nas varas do Tribunal
Regional do Trabalho de Maceió mudou significativamente após o diagnóstico da LER/DORT.
Após toda a revisão de literatura e a análise dos depoimentos tomados consideramos o seguinte:
que as autoridades locais, os médicos, enfermeiros e demais profissionais envolvidos no cuidar
destes trabalhadores acometidos pela LER/DORT sejam sensíveis e encontrem formas de
minimizar as inadequações dos ambientes de trabalhos para que a prevenção da LER/DORT seja
proclamada em todos os ambientes deste Regional. Assim sendo os resultados do estudo propõem:
• Que o Tribunal Regional do Trabalho melhore as instalações físicas, elétricas e
ergonômicas dos ambientes das Varas de trabalho;
13
. ALBORNOZ, S. O que é trabalho. Rio de Janeiro (RJ): Brasiliense; 1993.
14
. DEJOURS, C. A Loucura do trabalho. 3ª ed. São Paulo (SP): Cortez; 1988.
23
O Portfólio – Nos Bastidores das Aulas de Psicologia Institucional
• Conceda a prática da ginástica laboral orientada voltada exclusivamente para
prevenção da LER/DORT;
• Que estude e identifique os trabalhadores acometidos pela referida doença juntamente
com o setor de saúde local, para que possam ser transferidos sem que haja perda
salarial;
• Que nos setores de maiores agravos sejam instalados temporizadores nos
microcomputadores para que se dê pausa necessária para o descanso do operador
deste;
• Política de sensibilização: dirigida aos chefes, diretores e gerentes, com o objetivo de
comprometê-los com a implantação de um programa de prevenção da LER/DORT;
• Política de conscientização: conjunto de tarefas informativas e orientadas visando
conscientizar-se o conjunto dos trabalhadores sobre a gravidade das LER, levando-os
a desenvolver atitudes prevencionistas. Nesse aspecto, o Programa contém sugestões
e orientações sobre mudanças na organização do trabalho, no mobiliário e nos
equipamentos, para que sejam atingidas as transformações pretendidas;
• Que sejam dados treinamentos internos para melhorar as relações interpessoais;
• Que seja estimulada a criação de grupos da referida patologia para ajudarem na
convivência com a doença.
Trabalho E Gênero No Brasil Nos Últimos Dez Anos15
Um Panorama da Situação das Mulheres no Mercado de Trabalho Brasileiro Desde
a Última Década do Século XX Até os Primeiros Anos do Novo Milênio.
As trabalhadoras têm, de um lado se tornado mais velhas, casadas e mães e de outro
permanecido com as responsabilidades pelas atividades domésticas e cuidados com os filhos e
outros familiares.
Nas últimas décadas do século XX, o país passou por importantes transformações
demográficas, culturais e sociais que tiveram grande impacto sobre o aumento do trabalho
feminino. Como por exemplo:
• a queda da taxa de fecundidade, sobretudo nas cidades e nas regiões mais
desenvolvidas do país;
15
. A referência bibliográfica encontra-se na página 13.
24
Andréa Liliam
• a redução no tamanho das famílias;
• o envelhecimento da população, com maior expectativa de vida ao nascer para as
mulheres (75,5 anos) em relação aos homens (67,9 anos);
• a sobre-presença feminina na população idosa;
• a tendência demográfica mais significativa, que vem ocorrendo desde 1980, que é
o crescimento acentuado de arranjos familiares chefiados por mulheres.
Ao longo dos anos 1970 e 1980, foi feito um sério trabalho de crítica às estatísticas oficiais,
consideradas inadequadas para mostrar a real contribuição das mulheres à sociedade. Para dar um
exemplo, nos levantamentos censitários e domiciliares do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística, o trabalho doméstico realizado no domicílio pelas donas de casa não era sequer
contabilizado como atividade econômica. As informações sobre essa categoria não eram sequer
divulgadas e o conhecimento sobre ela ficava restrito aos responsáveis por essas pesquisas oficiais,
ou na dependência de tabelas especiais ou pesquisas pontuais. Mais recentemente, a partir da
divulgação dos resultados das pesquisas do IBGE em microdados, tornou-se possível obter
informações sobre esse conjunto de atividades, que consome tempo e energia de quem as realiza e
que, na verdade, deveria ser considerado um trabalho não remunerado, e não inatividade. Já estudo
recente da UNIFEM16
chama a atenção para a ambigüidade e a variedade de termos utilizados para
tornar visíveis todos os serviços prestados e/ou trabalhos realizados pelas mulheres – trabalho
doméstico, trabalho não remunerado, trabalho reprodutivo, trabalho na unidade doméstica,
trabalho de cuidado não remunerado aos membros da família – e retoma a proposta de computar
o valor desses serviços ou trabalhos através da mensuração do tempo gasto para realizá-los.
A expansão da escolaridade, à qual as brasileiras vêm tendo cada vez mais acesso, é um dos
fatores de maior impacto sobre o ingresso das mulheres no mercado de trabalho.
A escolaridade das trabalhadoras é muito superior à dos trabalhadores, diferencial de gênero
que se verifica também na população em geral.
Nos últimos dez a 15 anos (1992-2005) as trabalhadoras brasileiras obtiveram algum
progresso no mercado de trabalho, embora tenham persistido, ao mesmo tempo, inúmeras
condições desfavoráveis. Movidas pela escolaridade, seja a de nível médio, no qual as jovens
superam os jovens, seja a de nível superior – no qual as mulheres consolidaram presença bem
mais elevada do que a dos homens – as trabalhadoras mais instruídas passaram a ocupar postos em
16
. United Nations Development Funds For Women
25
O Portfólio – Nos Bastidores das Aulas de Psicologia Institucional
profissões de prestígio – medicina, direito, magistratura, arquitetura e mesmo na engenharia,
tradicional reduto masculino – assim como cargos executivos em empresas do setor formal,
entretanto, o maior contingente de trabalhadoras, mais de 30% da força de trabalho feminina,
continua sendo composto por um grupo de ocupações precárias: empregadas domésticas – 75%
das quais sem registro em carteira – trabalhadoras não-remuneradas e aquelas que trabalham para
o próprio consumo e o consumo familiar, principalmente no setor agrícola. A persistência de traços
de segregação se revela também em outras dimensões: na esfera ocupacional, em que as
trabalhadoras continuam se localizando, em maior número, em setores, ocupações e áreas de
trabalho tradicionalmente femininas, como o setor de serviços, o social, a administração pública;
em cursos, profissões e empresas em segmentos culturais, sociais e de humanidades; no
desemprego mais elevado e nas desigualdades salariais em relação aos colegas do sexo oposto, em
todas as situações examinadas, mesmo quando as condições são semelhantes entre os sexos, como
na jornada de trabalho, no nível de escolaridade e outras. Mas as condições de desigualdade
perante os homens se revelam também na persistência da responsabilidade das mulheres e das
mães pelos afazeres domésticos e pelos cuidados com as crianças e demais familiares, como se
constatou através do elevado número semanal de horas de trabalho que elas dedicam a essas
atividades. Este perfil de força de trabalho feminina tem se mantido desde os anos oitenta do
século XX, quando começou a ser forjado: mulheres mais velhas, casadas e mães trabalham,
mesmo quando os filhos são pequenos, apesar das dificuldades para conciliar responsabilidades
domésticas, familiares e profissionais. As taxas de atividade das mães aumentaram na década
analisada, mesmo quando os filhos são muito pequenos, mas são mais elevadas quando eles
chegam aos 7 anos e elas passam a ser ajudadas pela escola.
Texto Sobre Agrotóxicos Que Eu Encontrei No Yahoo Notícias17
Como para mim foi excitante pesquisar o artigo sobre agrotóxicos para apresentá-lo no
seminário, não pude deixar passar desapercebido o texto abaixo, que exerceu sobre mim igual
atração.
17
. www.yahoo.com.br
26
Andréa Liliam
Veneno disfarçado de alimento
Qui, 20 Nov, 02h04
Por Giuliana Reginatto
São Paulo, 20 (AE) -
Atualizado em 21 de novembro
Comer frutas, legumes e verduras. O mantra da alimentação natural, protegido pela fama de
saudável, pode esconder inimigos mais perigosos que calorias em excesso. A dupla alface com
tomate, por exemplo, é inofensiva ao regime mas está entre os alimentos com o maior risco de
exposição a agrotóxicos - o mesmo vale para o morango, outro queridinho das dietas.
"De acordo com os resultados da Anvisa para 2007, o percentual de amostras insatisfatórias
entre as alfaces foi de 40%, índice que chega a 44,7% entre os tomates. Nos dois casos isso se deu
pelo uso de agrotóxicos não-autorizados", explica o biólogo Frederico Perez, doutor em saúde
pública e pesquisador da Fiocruz.
Peres lembra que os níveis elevados de amostras insatisfatórias entre os morangos têm sido
observados desde 2002. "Nos morangos foram encontrados resíduos de cinco tipos de agrotóxicos
autorizados, mas eles estavam acima do Limite Máximo de Resíduo (LMR) preconizado pela
OMS", detalha.
Tomates e morangos são espécies sensíveis, muito suscetíveis ao ataque das pragas, o que
explica o uso intensivo de pesticidas. "Após aplicar um pesticida é preciso respeitar o prazo de
carência para consumir o alimento. Como fazer isso no tomateiro, em que há frutos em diversos
estágios, de verdes a maduros? Se o agricultor esperar a carência para colher, grande parte irá se
perder", diz o ecólogo José Maria Gusman Ferraz, pesquisador do Embrapa Meio Ambiente, com
pós-doutorado em agroecologia.
Se cultivar tomates pelo método tradicional já é um processo complicado, garantir sua
produção sem pesticidas que combatam as pragas, como pede a cartilha dos alimentos orgânicos,
pode aumentar as perdas e tornar o alimento caro demais. Na Capital o quilo de tomate orgânico
chega a custar mais de R$ 13 – ante R$ 1,18 do tipo tradicional, como indica uma pesquisa
aplicada pelo Pro teste: Associação Brasileira de Defesa do Consumidor. Para quem pode pagar,
o valor compensa: entre as amostras estudadas pelo órgão, colhidas em dez estabelecimentos da
Cidade, só os produtos orgânicos apresentaram ausência de resíduos de agrotóxicos.
27
O Portfólio – Nos Bastidores das Aulas de Psicologia Institucional
Foram submetidos à análise do Pro teste, além de tomates, também morangos, maçãs e
limões. Em mais de um quarto dos hortifrútis havia resíduos de agrotóxicos. "Quase metade dos
resíduos detectados vem de pesticidas não-autorizados pela lei brasileira", comenta a bióloga
Fernanda Ribeiro, pesquisadora de alimentos do Pro Teste e coordenadora da pesquisa.
"O resultado foi melhor do que o esperado, mas isso se dá porque a legislação brasileira é muito
permissiva. O LMR, que quando respeitado não deveria provocar danos à saúde, é subjetivo
porque tem um caráter geral, desconsiderando populações frágeis, como as crianças."
O pesquisador do Embrapa argumenta que agrotóxicos mal administrados, além de agredirem
a saúde, podem atacar a natureza. "Agrotóxicos também contaminam a água. Calcula-se que os
EUA, campeões no consumo mundial de agrotóxicos, tenham gastado cerca de R$ 8 bilhões em
um ano por conta de problemas ambientais ligados a essas substâncias. O Brasil, que se alterna
com o Japão no segundo lugar do ranking, também vai pagar a conta."
Segundo Ferraz, o uso de agrotóxicos é atraente por facilitar o cultivo fora de época.
"No passado se comia morango no frio, manga no fim do ano. Hoje se encontra de tudo o ano todo.
O problema é que entre os nutrientes aplicados nas culturas está o nitrogênio, que se degrada em
nitrito e nitrato, substâncias cancerígenas. Como são elementos solúveis, absorvidos pela planta,
o agrotóxico se torna sistêmico, penetra na estrutura. Neste caso, usar vinagre como anti-séptico,
por exemplo, mata só fungos, bactérias e vermes superficiais, mas não tem efeito contra resíduos.
A saída é procurar o selo de procedência do alimento no mercado ou recorrer a orgânicos. Você
gasta mais com eles, mas poderia gastar mais na farmácia."
Na opinião de Sérgio Graff, toxicologista da disciplina clínica médica da Unifesp, as
pesquisas não justificam a mudança de hábitos alimentares. "Há confusão entre resíduo de
agrotóxico e contaminação por agrotóxico. O LMR é calculado com grande margem de segurança:
após testes em animais é estabelecida uma dose 100 vezes mais fraca para o homem. Isso significa
que ao ingerirmos essa quantidade limite de resíduos na fruta durante a vida toda não teríamos,
teoricamente, problemas. Pode ser, porém, que em alguns anos vejamos que não é bem assim."
Graff explica que os agrotóxicos permitidos no Brasil "teoricamente não podem ter indícios
de ação cancerígena". Na opinião dele, faltam estudos para estabelecer relações mais precisas entre
pesticidas e problemas de saúde. "As pessoas estão expostas a outros tipos de produtos químicos
nocivos, como os derivados de petróleo", argumenta o médico. Sob o ponto de vista do professor
doutor Angelo Trapé, coordenador de saúde ambiental da Unicamp, as irregularidades nos
28
Andréa Liliam
hortifrútis paulistanos não ameaçam a saúde. "Fica a impressão de que a pessoa está comprando
um alimento contaminado. Isso é uma perversidade porque só a classe A tem acesso a orgânicos,
vendidos a preços exorbitantes pelos mercados. O que falta é uma política pública eficiente que
ensine o pequeno agricultor a usar corretamente o pesticida, falta acesso à tecnologia e fiscalização
mais adequada", analisa Trapé.
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  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE PSICOLOGIA PSICOLOGIA INSTITUCIONAL PROFESSORA RITA LOUZADA ANDRÉA LILIAM SILVA DA PAIXÃO – DRE: 100121475 O PORTFÓLIO “NOS BASTIDORES DAS AULAS DE PSICOLGIA INSTITUCIONAL”
  • 2. O Portfólio – Nos Bastidores das Aulas de Psicologia Institucional RIO DE JANEIRO, 05 DE DEZEMBRO DE 2008 O PORTFÓLIO INTRODUÇÃO Este semestre eu termino as disciplinas necessárias para concluir o curso de Formação de Psicólogo, ALELUIA! Parece um sonho! Mas é quase um pesadelo1 . Espero que o despertador não toque, ou que alguém me belisque. Estar terminando o curso me causa uma tensão muito grande, uma ansiedade nunca sentida. Pegar uma matéria não obrigatória agora, e tendo completado os créditos das eletivas, parece um desafio, e uma carga a mais, mas já que estou a tempo demais neste curso quero aproveitar mais um pouco também as oportunidades de ter mais aulas. Imagino se este horário seria mais bem aproveitado trabalhando a monografia, mas quero arriscar. A verdade é que o tempo que não passo aqui acabo mesmo é na escola trabalhando. Por outro lado, minha carga horária acaba sempre comprometida tanto lá quanto aqui; nesta disciplina e em mais uma obrigatória, terei aula em horário de trabalho e deverei cumprir 75% da freqüência, apenas, para conciliar o horário de trabalho com o horário de faculdade. Então decidi mesmo por pegar mais uma disciplina. Caso a minha intenção de terminar a monografia fique prejudicada, terei tempo só para a monografia no final das aulas e acredito que será mais fácil terminá-la. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DO PROGRAMA Aula do dia 13/08/20082 O horário da disciplina encaixou bem entre as aulas de ética profissional e os horários de supervisão da monografia, com a mesma professora (coincidência?) foi a princípio um bom motivo para assistir as aulas de psicologia institucional. No entanto, acredito que a disciplina me será útil por seu enfoque no trabalho assim como deste na saúde do trabalhador, por uma razão que já esclareço: trabalho em instituição pública escolar; acredito que muito do que será apresentado e discutido aqui irá de encontro com as situações por mim mesma vividas ou presenciadas no ambiente de trabalho, bem, assim espero. 1 .Não se trata de forma alguma de um surto psicótico, mas da tensão de final de curso. 2 O material produzido durante a aula encontra-se em anexo 2
  • 3. Andréa Liliam UNIDADE I – REFERENCIAIS TEÓRICOS Aula do dia 15/08/2008 Metamorfoses no Mundo do Trabalho Durante o comentário sobre o texto “metamorfoses no mundo do trabalho”, o apontamento de Castel para o desmonte da sociedade salarial e a conseqüente instalação da precariedade fez me lembrar que se não tivesse que me preocupar com a falta de dinheiro e suas implicações em minha vida, muito provavelmente já teria terminado o curso de formação de psicólogo e não teria me esforçado tanto para passar em um concurso público justamente quando terminava o bacharelado, fato que tem estendido ainda mais a minha permanência na faculdade por ter menos tempo livre para as aulas. Para a realização desta etapa do portfólio, decidi selecionar o texto “metamorfoses no mundo do trabalho” de Castel por dois motivos: • Pelo que já relatei no parágrafo supracitado, tal texto causou-me certo impacto e desconforto por ter me levado a encarar uma dura realidade em minha vida: é com muito esforço que estou chegando a concluir a formação de psicólogo; • Quero ser prática, já que é o primeiro texto, pego logo esse para não ter que ficar escolhendo um depois, assim economizo energia e tempo. Resenha do texto: “As Metamorfoses no Trabalho”, de Robert Castel O compromisso social é questionado à medida que o trabalho retoma seu valor de mercadoria e uma mutação ocorre na organização do trabalho. Na sociedade salarial a maioria dos sujeitos além de receber salário possui segurança relacionada ao trabalho, como; estatuto, reconhecimento e proteção social. Mas a associação entre trabalho e segurança acaba passando por crise que levou a um esfacelamento, principalmente, devido à precarização crescente das relações de trabalho e ao desenvolvimento de um desemprego em massa. A precarização começou a substituir a estabilidade como regime dominante da organização do emprego. Já no contexto do esfacelamento da condição salarial surge a noção do que se pode chamar de “excedentes”, ou seja, indivíduos que não encontram seu lugar na sociedade; que não estão integrados e talvez não sejam integráveis no sentido de manter relações de interdependência 3
  • 4. O Portfólio – Nos Bastidores das Aulas de Psicologia Institucional associada a uma utilidade social como eram até mesmo os proletários explorados, pois os excedentes sequer são explorados. Alguns críticos dirão que provavelmente se o número de excedentes cresce, a sociedade esteja passando por um processo de mudança em seu modelo de emprego assalariado que não deve mais ser pensado como o principal vetor de integração. Mas para Castel o que há é sim uma tendência para a redução da carga horária do trabalho. Devido a precarização das relações de trabalho, o trabalhador está cada vez mais sujeito a formas de emprego que mobilizam toda a sua pessoa e deixam pouco tempo para as atividades de lazer. O sofrimento e o superinvestimento continuam sendo duas componentes essenciais das relações de trabalho atuais. Ainda mais, o aumento da precarização nas relações de trabalho também redunda no medo do trabalhador de perder o emprego. Mas é ainda sobre o trabalho, quer se o tenha, quer este falte, quer seja precário ou garantido, que continua a se desenrolar hoje em dia, o desterro da grande maioria dos atores sociais. E nesse sentido pode-se continuar a falar da centralidade do trabalho, pois este permanece positiva ou, muitas vezes, negativamente, no centro das preocupações da maior parte das pessoas. Aula do dia 17/08/2008 Pensando a Organização do Trabalho: Taylorismo, Fordismo e Toyotismo O toyotismo surge e se mostra como uma forma de trabalho consolidada, não quero falar sobre terceirização, mas a flexibilização do trabalho é algo percebido claramente no meio trabalhista. Um bom exemplo é o dos motoristas de ônibus que hoje, é cada vez mais comum, além de dirigir o ônibus, executam a tarefa de trocador e secretário (preenchendo formulários para os passageiros com direito a gratuidade, mas que não possuem o cartão vale-transporte). Há aqueles que acreditam que num futuro não muito distante, ale de dirigir e trocar dinheiro, os motorista ainda terão que tocar e cantar para o entretenimento dos passageiros, exagero? Talvez, mas com certeza demonstra como mais fluidas vem se tornando a atividade de trabalho, que não têm mais funções delimitadas ou específicas. 4
  • 5. Andréa Liliam Aula do dia 10/09/2008 Impactos do Trabalho: Acidentes e Doenças Diz um ditado popular: “O trabalho enobrece o homem”, mas eu costumo ouvir: “O trabalho enlouquece o homem”. Em uma conversa informal uma professora comentava que sua terapeuta havia lhe dado alta depois de 20 anos de terapia, ao ouvi-la sua colega complementou: – Isso está coincidindo com a sua aposentadoria. – É quando agente entra para a educação fica maluca, e quando aposenta fica boa. Existe muito de verdade na conversa das professoras, pois ainda que de maneira irreverente, as mesmas estabeleceram um nexo causal entre a atividade laborativa e a doença desenvolvida. A maioria dos professores necessita de tratamento com fonoaudiólogo, devido às aulas expositivas, as professores precisam falar para explicar a matéria aos alunos de sua classe. Geralmente os professores de nível fundamental passam o dia todo dando aulas. Alguns utilizam um pequeno amplificador de voz para resguardar mais as pregas vocais, mas é comum ouvir os professores reclamarem de dor na garganta e rouquidão. Aula do dia 17/09/2008 Psicopatologia e Psicodinâmica do Trabalho Uma professora comentou comigo, certa vez, que nuca tira licença se for motivo de problemas com sua voz. Como pretende tomar posse de outra vaga de professora e assim acumular duas matrículas na mesma prefeitura a professora sabe por ocasião da investidura no cargo, passará por avaliação médica, e um histórico de licenças por problemas nas pregas vocais poderia lhe impedir de tomar posse da desejada segunda matrícula. “... o trabalho é aquilo que implica, do ponto de vista humano, o fato de trabalhar: gestos, saber-fazer, um engajamento do corpo, a mobilização da inteligência, a capacidade de refletir, de interpretar e de reagir às situações: é o poder de sentir, de pensar e de inventar...” Dejours (2004). O que me impressiona na reflexão sobre os textos lidos é como o medo de perder o emprego, ou ocupação permeia a conduta dos trabalhadores. Na situação da professora que não tira as licenças por motivos que envolvam sua voz, é possível notar um estratagema interessante. Provavelmente depois de conseguir a segunda matrícula as preocupações com essa questão diminuam, pois a condição de servidora lhe trará alguma proteção, levando a professora a poder tirar as benditas licenças quando necessitar. 5
  • 6. O Portfólio – Nos Bastidores das Aulas de Psicologia Institucional AVALIAÇÃO DA UNIDADE I Os textos puderam proporcionar uma ambientação com questões acerca do trabalho, como contextualização histórica, que direcionaram a forma de enxergar, interpretar e exercício da atividade de trabalho atualmente e como tudo isso se relaciona com as formas de adoecimento a partir do trabalho. Os temas foram motivadores no sentido de criar curiosidade pela leitura dos textos. Ter que colher relatos sobre o mundo do trabalho me fez ter os ouvidos mais aguçados para comentários que os colegas, no meu local de trabalho, faziam – o que me levou a me posicionar num lugar mais distanciado para dar conta da escuta embora eu também estivesse inserida naquele contexto, como numa observação participante, foi um verdadeiro exercício da escuta. A entrega do relata foi negligenciada, no dia marcado estava trabalhando, não pude ir, mas também não havia preparado nada por escrito. Só consegui entregar o relato, no dia da revisão para a prova, e mesmo assim escrevi na hora, durante a aula. No entanto a escrita pareceu-me fácil e espontânea, mas não fiz uma cópia na hora para colocar no portfólio; relatei uma situação vivida por mim; por traz o contexto seria mais ou menos esse: “como o funcionário pode ser capacitado para fazer algo que seu superior desconhece”? UNIDADE II – EXPERIÊNCIAS E PESQUISAS Aula do dia 24/09/08 O Campo da Saúde Mental e Trabalho no Brasil Os riscos de desenvolver uma doença devido às condições de trabalho é um risco coletivo, e por isso a idéia de defesa coletiva através de sindicato e grupos outros que desempenhem uma função política na proteção do grupo, são importantíssimas, construir meios de controle, vigilância sobre riscos no trabalho assim como ações preventivas e promoção de saúde que incluam aspectos biológicos, psíquicos e sociais. Um amigo meu, engenheiro eletrônico especializado em micro eletrônica, com mestrado, trabalhou três anos em uma empresa onde o local de trabalho dos engenheiros se limitava a pequenos boxes individuais. Segundo Rafael Linhares a estrutura dos boxes visava impedir a comunicação entre os colegas de trabalho, para que estes só trabalhassem. Na hora do almoço, os 6
  • 7. Andréa Liliam engenheiros podiam dispor de um refeitório. Mas, adivinhem! Lá estavam os boxes também, “dessa forma os engenheiros podiam fazer a refeição sem se preocupar em ser incomodado por ninguém”, e tão logo terminassem poderiam voltar ao box de trabalho. O conforto visual também era nulo, pois a core dos boxes era branca. A cobrança era alta dos superiores e não havia reconhecimento, e nem satisfação no trabalho. Rafael acabou desenvolvendo sintomas como: cansaço recorrente, dificuldades em acordar pela manhã para ir trabalhar, dores nas pernas, depressão, a ponto de recorrer a ajuda profissional de um psiquiatra. Precisou fazer uso de psicotrópicos, mas reagiu bem ao tratamento. Rafael largou aquele emprego, e está trabalhando em uma outra empresa, é preciso mencionar que os sintomas diminuíram bastante, e em seis meses conseguiu parar com a medicação. Na empresa atual Rafael tem satisfação no trabalho. Hoje é dia 1º de outubro de 2008 Estamos assistindo ao filme: “Brigada 49” A tarefa de hoje é fazer anotações sobre o filme e relacioná-las á matéria das aulas. É para trazer na próxima aula e anexar ao portfólio. Próxima aula: • Acompanhamento do portfólio; • Trazer o que já estiver pronto para discussão. Anotações Sobre o Filme: (O filme se passa como fatos que são lembrados pelo personagem principal, enquanto este espera por socorro após um desabamento, sendo assim, no texto abaixo os trechos sublinhados referem-se ao momento atual da vida do personagem). Bombeiros precisam de equipamento de proteção que suportem o calor, precisam de equipamento de ar para não inalar a fumaça dos incêndios e ficarem intoxicados. Um desabamento no 12º andar no prédio em chamas, deixa Jack machucado, caído, esperando socorro e inalando forte cheiro. A equipe que estava com ele morre. Não há acesso fácil, a passagem está impedida pelos escombros, há fogo também e os colegas se desesperam. Labaredas caem na rua, queimando carros. O trabalho toma muito tempo e entra na vida pessoal, Jack está em um pub numa hora de folga comemorando o dia de São Patrício, fardado, com os colegas, quando recebe a notícia que 7
  • 8. O Portfólio – Nos Bastidores das Aulas de Psicologia Institucional vai ser pai. Os companheiros desconfiaram quando a esposa de Jack recusou bebida e bateram com a língua nos dentes. De repente, uma explosão, um colega é atingido pelas chamas na frente dos companheiros, e nenhum deles pode fazer nada. O desespero leva um a pular, correr em direção ao fogo para socorrer, e naturalmente é contido. A única coisa que podem fazer é baixar a bandeira em homenagem ao bombeiro morto e ir ao enterro. Depois disso é “voltar para a viatura”, assim disse o capitão para motivar os homens, “homenagear Dennis”. Ver o colega morrer em trabalho, morrer no trabalho, um risco alto na vida de um bombeiro. Jack deseja sair da função de esguicho e ir para a viatura, o capitão diz que não é uma boa idéia, não é seguro, pois ele não terá água para se proteger, a mangueira de incêndio, também protege o bombeiro. Ao chegar em casa Jack parece um pouco alegre por causa da bebida. “O álcool é uma dose de energia, mais psicológica que física, que ajuda a enfrentar as condições de trabalho” (Dejours, 1992)3 . – Você bebeu, pergunta a esposa. Ver o marido pendurado por uma corda na TV – salvando um homem de um prédio em chamas – traz uma discussão de casal: há uma criança agora, que vai precisar do pai. O local começa a ficar instável, há água caindo e desabamentos pequenos, está caindo pedras, pedaços da estrutura, tijolos. A festa de aniversário dos filhos de Jack está cheia dos colegas bombeiros com suas respectivas famílias. Até mesmo as horas de laser é compartilhada com os companheiros da brigada. “A cooperação é um meio poderoso para conjurar a solidão social temida por muitos homens e mulheres... é também uma modalidade essencial para a socialização e a integração a uma comunidade de pertencimento” (Dejours, 2004)4 . Outro colega queima o rosto com vapor que sai de um cano que arrebenta, faz enxerto de pele. O risco de vida e a preocupação interferem na vida familiar. O filho mais velho pergunta se o rosto do bombeiro derreteu, e manifesta seu temor em relação ao risco que o pai corre no trabalho de se machucar. 3 . DEJOURS, C. A Loucura do trabalho. São Paulo (SP): Cortez; 1992. 4 . DEJOURS, C. Subjetividade, trabalho e ação. Produção, vol.14, no.3. São Paulo Set./Dez, 2004. 8
  • 9. Andréa Liliam Se machucar tentando salvar vidas é o que diz ao filho. Lembrando Castel, o trabalhador está cada vez mais sujeito a formas de emprego que mobilizam toda a sua pessoa e deixam pouco tempo para as atividades de lazer. O sofrimento e o superinvestimento continuam sendo duas componentes essenciais das relações de trabalho atuais. O risco no trabalho de um bombeiro é “exterior, independente de sua vontade e coletivo” (Dejours, 1992)5 . No início Jack é mais alegre e motivado, mas vai ficando mais tenso ao decorrer do filme. Na cena do jantar com a esposa, na ocasião em que retorna da visita ao colega com o rosto queimado, tem um comportamento irritado, quase não consegue manter diálogo, quer evitar que a esposa se preocupe (preocupação com a preocupação). Prefere que a esposa não vá ao hospital fazer visita, pois mesmo se tratando de amigo íntimo, acredita que ao voltar a esposa vai ficar preocupada com ele, e vai reclamar. “Os trabalhadores não gostam de ser lembrados do que tão penosamente procuram esconjurar” (1992)6 . Aula do dia 03/10/2008 Hoje estou trabalhando, véspera de eleição, meio expediente. Fica um tanto complicado negociar o horário da manhã para ir a faculdade se não vai haver expediente à tarde. Ir à faculdade de manhã e não trabalhar em horário algum não dá. Que pena! Aula do dia 08/10/2008 Dia de prova, interessante método: fazer uma leitura, anotações, tudo em posse das perguntas de prova, e depois respondê-las. A prova por mais fácil sempre me deixa nervosa, preciso cuidar da minha homeostase para não ter muito comprometimento no desempenho, geralmente há algum, mas acho que dei conta, embora por causa do lanchinho que tive que fazer tenha perdido algum tempo para fazer uma pequena parte das anotações. Bem, era isso ou coisa pior! Eu esqueci a resposta de uma pergunta, embora não tenha tido tempo de anotar, eu havia estudado, e sabia a resposta, mas não lembrei. Aula do Dia 10/10/08 Clínica da Atividade 5 . DEJOURS, C. A Loucura do trabalho. São Paulo (SP): Cortez; 1992. 6 . DEJOURS, C. A Loucura do trabalho. São Paulo (SP): Cortez; 1992. 9
  • 10. O Portfólio – Nos Bastidores das Aulas de Psicologia Institucional A atividade não é tarefa, inclui toda a produção de subjetividade. O objetivo da clínica do trabalho não é a produtividade, mas a qualidade do trabalho, não se limita à tarefa, e interfere no trabalho. Glossário Sobre a Clínica da Atividade Conação7 é a tendência mentalsomática ao movimento ou empenho na dinamização dos processos mentais. Inclinação, tendência, intenção, esforço dirigido para realizar algo ativa e deliberadamente. Muitos psicólogos distinguem três categorias de funcionamento mental: o cognitivo (perceptivo e intelectual), o emocional e o conativo. A conação inclui instintos, impulsos, desejos, anseios etc. Protociência8 - En la filosofía de la ciencia, el término protociencia se usa para describir una nueva área de esfuerzo científico en proceso de consolidación. A veces los escépticos científicos se refieren a estos esfuerzos como ciencias patológicas. Protociencia es un término a veces usado para describir una hipótesis que aún no ha sido probada adecuadamente por el método científico, pero que es por lo demás consistente con la ciencia existente o que, donde no lo es, ofrece una razonable cantidad de inconsistencia como por ejemplo la teoría de cuerdas. O texto a seguir, em itálico, foi extraído de “ALVES, VA & CUNHA, DM. Aspectos metodológicos de uma análise situada da atividade docente: a autoconfrontação cruzada. UFMG”9 . Método do sósia - proposto por Clot é uma variação das instruções do sósia de Oddone. “No método do sósia, a compreensão da dimensão narrativa e seus recursos reflexivos é imprescindível para a realização do trabalho de análise” (Vieira, 2004, p.221). As instruções dadas pelos participantes da atividade ao analista da situação de trabalho em resposta à pergunta “Suponha que amanhã eu o substitua...” são gravadas e transcritas. Posteriormente os participantes terão um segundo encontro com o analista, onde serão confrontados com suas instruções e poderão comentá-las, inclusive, por escrito. O diálogo é voltado para a transmissão de instruções, instaurando uma situação dialógica particular que faz com que os interlocutores focalizem a descrição da ação, e não os seus motivos. No exercício do sósia, o sujeito tem a oportunidade de um contato social consigo mesmo, ele se torna um estranho a si próprio quando 7 . www.wikipedia.org 8 . www.wikipedia.org 9 . Disponível em www.google.com.br 10
  • 11. Andréa Liliam se vê diante da necessidade de instruir um sósia seu. Essa situação em que o sujeito dialoga consigo mesmo por meio do diálogo com o outro, o leva a ‘estranhar’ sua própria experiência, redescobrindo-a para então reorganizá-la sob um outro ponto de vista (Clot, 1998, p.181). Método da autoconfrontação cruzada - representa um esforço de “estabelecer a relação entre as características observáveis e dedutíveis da atividade verbal e as demais dimensões da atividade em geral” (Faïta, 2002, p.49) na análise das situações de trabalho. De acordo com Vieira (2004) e Faïta e Vieira (2003) o método se estrutura em cinco fases: I – O filme É nesse primeiro momento que se dá a constituição de um grupo de análise representativo do meio de trabalho associado à pesquisa. Constituição que deve ser precedida de um longo trabalho de observação das situações e meios profissionais. As seqüências de atividade que serão filmadas e submetidas à autoconfrontação devem ser cuidadosamente escolhidas, garantindo que os indivíduos que serão confrontados sejam trabalhadores que desempenhem funções próximas (as seqüências devem ser o mais homogêneas possíveis, retratando a atividade de trabalhadores que exerçam a mesma função, que tenham um mesmo cargo). II – Autoconfrontação simples Produção, por cada um dos protagonistas, de um discurso referente à atividade observada. O indivíduo é confrontado às imagens de sua própria atividade. Abertura de um espaço para que o indivíduo produza um discurso explicativo, narrativo ou responda às questões propostas pelo pesquisador, a fim de avançar na produção de significados concretos sobre as imagens. Esse momento também é filmado e deve ser realizado com cada um dos operadores. III – Autoconfrontação cruzada propriamente dita Produção discursiva contextualizada. Essa fase integra dois níveis de referências: a atividade filmada inicialmente e o contexto discursivo criado pela autoconfrontação simples. É o momento em que interagem os atores 1 e 2 (os dois indivíduos cujas imagens do trabalho estão sendo confrontadas) e o pesquisador. Desenvolve-se uma atividade sobre a atividade, uma atividade de análise e produção discursiva sobre a atividade de trabalho. É um “espaço-tempo”, momento “suspenso” onde o que não havia sido formulado ou sistematizado pode ser revelado em paralelo ao processo que se desenrola (o processo de pesquisa e de “atividade sobre a atividade”). Oportunidade que o indivíduo se aprofunde naquelas dimensões de sua atividade que, até então, permaneciam ocultas. 11
  • 12. O Portfólio – Nos Bastidores das Aulas de Psicologia Institucional IV – O retorno ao meio de trabalho Produção de um objeto que é resultado das fases anteriores e busca responder à questão inicial (a questão que motiva o estudo dessa situação de trabalho). O objeto ganha uma certa autonomia em relação às fases anteriores (aquelas de sua produção) e pode ser utilizado para diferentes fins: suporte para mudanças no meio de trabalho, formação, etc. V – As diferentes apropriações do objeto autoconfrontação cruzada pela equipe de pesquisa Análise específica do objeto produzido. Implicações conceituais, metodológicas, epistemológicas. O objeto propriamente dito e as referências construídas entre os diferentes estágios de sua produção podem originar novos objetos de pesquisa. “A autoconfrontação, uma vez que se constitui na produção de um discurso sobre a atividade, configura-se como uma atividade sobre a atividade. Atividade essa que não pode ocupar a centralidade da pesquisa em detrimento da atividade de trabalho propriamente dita. A autoconfrontação é um recurso por meio do qual o pesquisador busca se aproximar da atividade de trabalho. Aquilo que o sujeito diz de sua atividade não deve tomar o lugar se sua atividade real” (Faïta e Vieira, 2003, p.128). No momento da autoconfrontação cruzada, o pesquisador deve preocupar-se em manter o debate sobre a atividade. É fundamental que ele tenha a capacidade de manter o processo dialógico, aproveitando ao máximo todas as oportunidades de relacionar os enunciados produzidos e o que eles revelam efetivamente. O pesquisador deve estar atento ao seu papel, ao seu lugar no processo de autoconfrontação, não se deixando confundir com o lugar do ator observado. SEMINÁRIOS Referências Para Os Seminários BARBOSA, MS. A. & COLS (2007). A vida do trabalhador antes e após a Lesão por Esforço Repetitivo (LER) e Doença Osteomuscular Relacionada ao Trabalho (DORT). Revista brasileira de enfermagem, v.60 n.5 Brasília set./out. 2007. www.scielo.br FERENHOF, I. A. & FERENHOF, E.A. (2002) Burnout em professores. ECCOS - Revista Científica – Avaliação e mudanças – Centro Universitário Nove de Julho. São paulo, v. 4, n. 1, p 131/151. sepia.no.sapo.pt/Sepia_ECCOS_junho_2.pdf MILITÃO, A. G. & RAFAELI, E. A. (?) Neuropatias por intoxicação ocupacional. Santa Catarina: Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da UFSC. www.eps.ufsc.br. 12
  • 13. Andréa Liliam MACIEL, R. H. & COLS (2007). Auto relato de situações constrangedoras no trabalho e assédio moral nos bancários: uma fotografia. Psicologia & Sociedade, v.19 n.3 Porto Alegre set./dez. 2007. www.scielo.br KASSOUF, A. L. (2005). Trabalho infantil: causas e conseqüências. Estudo realizado para a apresentação no concurso de professor do Deptº de Economia, Administração e Sociologia da ESA/USP em 9 de novembro de 2005 www.cepea.esalg.usp.br/pdf/texto.pdf BRUSCHINI, M. C. A. (2007). Trabalho e gênero no Brasil nos últimos dez anos. Fundação Carlos Chagas, Grupo de Pesquisas Socialização de Gênero e Raça. Cadernos de Pesquisa, v.37, n.132, set/dez, 2007. cbrusch@fcc.org.br, www.oei.es/genero/trabalho-genero- trabalho.pdf VILELA, R. A. G. & COLS (2001). Experiência do Programa de Saúde do Trabalhador de Piracicaba: desafios da vigilância em acidentes do trabalho. Informe Epidemiológico do Sus, v.10, n.2, Brasilia, junho de 2001. Aula do Dia 22/10/08 O seminário de hoje é sobre BURNOUT Burnout – tornar-se exausto após excessiva demanda de energia ou força. Síndrome de exaustão emocional, despersonalização e reduzida realização profissional que pode ocorrer entre indivíduos que trabalham com pessoas. O título do texto apresentado hoje pela Vanessa é “Síndrome de Burnout em Residentes da Universidade Federal de Uberlândia” e traz uma pesquisa sobre a ocorrência de burnout entre médicos. Segundo a pesquisa, é alta a freqüência em que ocorre a síndrome no meio da classe médica. Os cirurgiões são os mais afetados pelo problema. Aula do dia 24/10/2008 Esta aula eu faltei. O tema para o seminário de hoje é: Esforço Repetitivo. Aula do dia 29/10/2008 Trabalho e Intoxicações Texto: “Trabalho Rural e Saúde: Intoxicação Por Agrotóxicos No Município de Teresópolis” Hoje o texto principal do seminário é o meu. O texto me chamou a atenção por se tratar de 13
  • 14. O Portfólio – Nos Bastidores das Aulas de Psicologia Institucional lavouras produzidas no município de Teresópolis, e por que tais lavouras acabam abastecendo o mercado nas metrópoles. Enquanto os trabalhadores se arriscam com o uso de agrotóxicos nas lavouras, nós aqui no município do Rio de Janeiro, nos arriscamos fazendo uso da alimentação. Chamou - me também muito a atenção do comentário da professora, ao mencionar que pessoas de baixa renda não têm acesso à produtos orgânicos, no entanto custo-me a acreditar que no “sujinho” as iguarias, servidas aos estudantes no campus da praia vermelha nas horas de almoço e lanches, sejam preparadas com produtos orgânicos. Referência: SOARES, W. L.; FREITAS, E. A. V. & COUTINHO, J. A. G. (2005). Trabalho Rural e Saúde: Intoxicação Por Agrotóxicos No Município de Teresópolis. Rev. Econ. Sociol. Rural, v.43, n.4, Brasília out/dez. 2005. Glossário Sobre Intoxicação Intoxicação10 : • É o estado decorrente da alteração de saúde devido a ação de um agente químico estranho ao organismo ( Militão, ?); • Consiste em uma série de efeitos sintomáticos produzidos quando uma substância tóxica é ingerida ou entra em contato com a pele, olhos, membranas mucosas, etc (Wikipedia); • Ocorre quando uma substância entra em contato com um organismo e provoca uma série de efeitos adversos, afetando a homeostase dele, rompendo o equilíbrio orgânico (infoescola); • A intoxicação por agrotóxicos normalmente ocorre por inalação dos vapores que são facilmente absorvidos pelo orgsnismo, durante a fabricação e manipulação dos produtos (infoescola). Aula do dia 31/10/2008 Assédio Moral O assunto hoje é assédio moral, eu me a trazei, deixei para a última hora para ler meu texto, e conseqüentemente, acabei por não conseguir lê-lo. Já é a segunda vez que não consigo ler o texto, preciso me esforçar mais. 10 . www.google.com.br 14
  • 15. Andréa Liliam Ao chegar à sala as discussões iam lá pela metade do tempo de aula. Felizmente, lembrei-me de uma cartilha sobre assédio moral que li há algum tempo e consegui introduzir uma questão para as discussões e fazer meu comentário. A cartilha foi elaborada com o intuito de esclarecer os trabalhadores a respeito do assédio moral, como acontece e suas conseqüências para a saúde do trabalhador e seu desempenho no trabalho. O assédio compromete o trabalhador e gera nele um mal estar que vai ter implicações até mesmo em sua vida particular. Nos dias 5 e 7 de novembro de 2008 não houve aula pois foi a semana programada para acontecer a Jornada de Iniciação Científica, evento que ocorre em toda a Universidade, onde são apresentados os trabalhos de pesquisa da UFRJ. Aula do dia 12/11/2008 Trabalho Infantil Para evitar o que ocorreu no último seminário estudei o texto que escolhi sobre o tema com duas semanas de antecedência. Basu e Van (1998) consideram que a pobreza é o que leva as famílias a colocarem seus filhos para trabalhar, e enfatizam que a intervenção legal para banir o trabalho infantil não é sempre apropriada pois em economias muito pobres é possível que a demanda por trabalho seja tão baixa que nesse caso, eliminar o trabalho infantil pode levar as crianças e seus pais a uma condição de maior pobreza e com risco de inanição. Durante a aula percebi que fui contestada veementemente pelos colegas de classe, achei que exageraram. Não perdi tempo e revidei na oportunidade certa. Quando levo algum material para comentar, é porque antes fiz alguma pesquisa, não tiro as coisas da minha cabeça e alguma consideração e respeito é indispensável. Sendo assim também não vou ficar quieta quando fizerem afirmações não comprovadas empiricamente, ou bem fundamentadas teoricamente. Mesmo porque se tratando de trabalho infantil ninguém aqui nessa turma conhece melhor do eu, que já vivi a situação. Aula do dia 14/11/2008 Hoje fui para o trabalho, não estou em aula. Minha superior está reclamando muito do meu horário. Graças a Deus falta pouco para terminar o semestre e consequentemente não terei mais 15
  • 16. O Portfólio – Nos Bastidores das Aulas de Psicologia Institucional disciplinas para fazer. AVALIAÇÃO DA UNIDADE II Nesta unidade acredito que houve maior envolvimento da minha parte, mesmo com meu problema de horário e conseqüentes faltas. Pois a formatação da apresentação dos seminários me fizeram ler diversos assuntos além do tema só do meu seminário sobre intoxicações. Na verdade estive muito envolvida com todos os temas. Mas o tema que eu escolhi me deixou muito excitada e porque não dizer hiperativa11 , devido aos artigos e textos que encontrei em minha pesquisa. No meio de tanta fartura e não sabendo o que escolher me decidi por um texto onde percebi uma linha com as seguintes palavras: As culturas de destaque são: alface, chicória, couve, jiló, couve-flor, agrião, brócolos, coentro e pimentão. Todas as dúvidas que rolavam na minha cabeça se extinguiram, pois decidi por um motivo que me lembra prazer, como comida. Ficaram marcados os riscos que mesmo uma boa alimentação pode trazer. Também não posso deixar de registrar o que a “Clínica Da Atividade” trouxe de novo para mim: uma redescoberta de Vigotsky que embora eu tenha estudado muito no meu estágio de licenciatura em psicologia, não tive a visão que tenho dele agora, que ficou limitada a atuação do professor na sala de aula. É incrível eu posso utilizar Vigotsky para a escuta no campo do trabalho em suas interfaces com a qualidade de vida, bem-estar e saúde. AVALIAÇÃO DO CURSO Aula do dia 19/11/2008 Hoje a turma fez a avaliação do curso levando em consideração os tópicos sugeridos pela Rita Louzada, como textos, seminários, portal, avaliação, portfólio, glossário e relatos do mundo do trabalho. Foi uma avaliação qualitativa que levou em conta pontos negativos e positivos. Cada aluno relatou sua impressão sobre o curso assim como suas apreensões e sugestões. Eu, particularmente, cheguei à conclusão que foi a melhor escolha ter optado por fazer a disciplina, e percebi que não foi esta a causa do meu atraso na monografia. A disciplina psicologia institucional veio a complementar o programa de outras disciplinas 11 . Para não dizer “pinto no lixo”. 16
  • 17. Andréa Liliam que eu peguei este semestre, que também abordaram a área de trabalho, como psicologia do trabalho, psicologia escolar e ética profissional, cada uma segundo sua proposta, e este período foi particularmente enriquecido devido às aulas de psicologia institucional, contribuindo principalmente para o estabelecimento da idéia de nexo entre saúde e trabalho em minha formação acadêmica. Um ponto observado por mim e que me trouxe dificuldades foi que um texto muito maior trazia dificuldades para terminar a leitura, pois me cansava. No mais pude aproveitar bem os textos e conhecer autores como Dejours, Clot e Mendes. Gostei do texto do Castel também embora já conhecesse o autor. Os seminários foram motivadores uma vez que puderam mobilizar a todos os alunos tanto com a pesquisa quanto a elaboração de pensamento crítico. O relato que elaborei para entregar foi retirado de minha própria vivência no ambiente de trabalho, não por facilitar a minha vida, mas porque além do teor catártico, como acabou tendo todo o portfólio, me levou a avaliar as relações de trabalho que vivo. Na capacitação no RH da prefeitura do Rio ficou claro que embora a função de agente educador herdasse um ranço da extinta função de inspetor, as duas funções ainda eram distintas, mas da boca da diretora eu ouvi que o agente educador é o antigo inspetor que mudou de nome, o problema aqui está numa instância que não sei se posso dar conta, mesmo porque acredito que ficarei pouco tempo no cargo apos me formar psicóloga. Mas procuro colaborar com o melhor que eu posso na formação dos alunos e não consigo só deixar pra lá. Também aproveitei relatos de outras pessoas na elaboração do portfólio, o que tem sido enriquecedor para mim. Um relato em especial foi escrito com o que venho ouvindo já a algum tempo de um amigo particular em suas reclamações catárticas, curioso que no momento em que escrevi este amigo já tivesse saído do antigo emprego e se encontrasse em um outro que lhe traz satisfação. Foi particularmente excitante para mim escrever sobre ele por que o tenho acompanhado já de longa data desde quando ainda era colega de alojamento na UFRJ. A forma de avaliação ajudou muito porque diminui a ansiedade em gravar os textos ao mesmo tempo que facilita na motivação para estudá-los. Saber que os textos poderão ser consultados por ocasião da prova diminui a tensão, mas caso os textos não sejam lidos com antecedência poder consultá-los não irá ajudar, pois não se terá tempo para se apropriar das informações neles contidas. Foi muito bom, mesmo para mim que sentindo fome preferi lanchar 17
  • 18. O Portfólio – Nos Bastidores das Aulas de Psicologia Institucional antes de começar a consulta. A realização do glossário me abriu novas perspectivas sobre a laboração dos textos que eu precisei ler durante o curso e passou a constituir um novo recurso e ferramenta de trabalho para uso daqui em diante. Quanto ao portfólio, procurei fazer o melhor que pude. Acredito que é uma forma de avaliação que podia ser mais utilizada na faculdade em geral, por ser construída pelo aluno e registrar suas apreensões e desenvolvimento durante o curso. ANEXOS 18
  • 19. Andréa Liliam DE O PORTFÓLIO “NOS BASTIDORES DAS AULAS DE PSICOLGIA INSTITUCIONAL” E-MAILS TROCADOS SOBRE AS REFERÊNCIAS PARA OS SEMINÁRIOS Re: ARTIGOS PARA OS SEMINÁRIOS 19
  • 20. O Portfólio – Nos Bastidores das Aulas de Psicologia Institucional por Midori Takanaca de Decco - s do, 25 outubro 2008, 12:33 ANDRÉA E RAFAEL Ambos escolheram o MESMO ARTIGO para o seminário de TRABALHO REPETITIVO. Um dos dois terá que trocar. Como vocês escolhem? Um dos dois já tem outro artigo em mente? Re: ARTIGOS PARA OS SEMINÁRIOS por Andréa Liliam Silva Paixão - s do, 25 outubro 2008, 13:16 Já enviei a minha segunda opção: MONTEIRO, J. C. www.eps.ufsc.br/disserta97/monteiro/cap1.htm - 19k Re: ARTIGOS PARA OS SEMINÁRIOS por Andréa Liliam Silva Paixão - s do, 25 outubro 2008, 14:24 Gostaria de trocar a indicação para o seminário de 4ª feira sobre intoxicação e trabalho: Rev. Econ. Sociol. Rural v.43 n.4 Brasília out./dez. 2005 Trabalho rural e saúde: intoxicações por agrotóxicos no município de Teresópolis - RJ1 Na verdade me identifiquei mais com este artigo. Beijos. E-MAILS TOCADOS SOBRE O AVISO PARA QUEM FALTOU DIA DE SEMINÁRIO AVISOS por Midori Takanaca de Decco - s�bado, 1 novembro 2008, 15:53 20
  • 21. Andréa Liliam Pessoal, Lembro que : - Fixamos um prazo máximo para a entrega do GLOSSÁRIO - 14/11 Os textos rerentes ao glóssario são o da Cláudia Osório e a Entrevista - ambos sobre o Yves Clot. O glossário pode ser enviado para o meu email que eu repasso para profª Rita. - mi_decco@hotmail.com - Os alunos que não comparecerem ao seminário, deverão entregar um resumo sobre o seu artigo, até o final das apresentações. - As referências dos artigos deverão ser enviadas, pelo portal, até 2 dias antes de cada apresentação. Isto, para evitarmos artigos repetidos, como vem acontecendo. Re: AVISOS por Andréa Liliam Silva Paixão - domingo, 2 novembro 2008, 12:37 Olá, Midori. Veja se entendi bem. Devo preparar um resumo sobre o assunto do seminário do dia em que eu faltei com o texto que eu escolhi. No último seminário como um cheguei atrazada não ficou claro o texto que Pedro utilizou. Fiz comentário sobre a cartilha de assédio moral porque não consegui sequer ler meu texto, mas também não sei se Pedro o-utilizou. Vou precisar entregar resumo desse dia também, e do primeiro seminário, em que estava presente, mas também não tive tempo de laborar meu texto. Fórum de Notícias -> AVISOS -> Re: AVISOS por Midori Takanaca de Decco - segunda, 3 novembro 2008, 22:03 Andrea, 21
  • 22. O Portfólio – Nos Bastidores das Aulas de Psicologia Institucional Falei com a profª Rita. Como você esteve presente no dia do seminário não precisa preparar o resumo ( mesmo que não tenha falado sobre o seu artigo). APENAS aqueles que FALTAREM deverão entregar seus resumos no fim do curso. abs Midori RESUMO DOS TEXTOS DOS SEMINÁRIOS QUE EU FALTEI A vida do Trabalhador Antes e Após a Lesão Por Esforço Repetitivo (LER) e Doença Osteomuscular Relacionada ao Trabalho (DORT)12 Este trabalho resultou de uma pergunta nascida nas nossas reflexões sobre o ambiente e as pessoas que estão diariamente conosco no trabalho. Objetivamos analisar se há mudanças na vida do trabalhador quando ele adquire LER/DORT. Para alcançar esse objetivo delineamos um estudo qualitativo e os depoimentos tomados nos permitiram concluir que há mudanças significativas na vida do trabalhador ante e depois do diagnostico da LER/DORT, demonstrando assim o alcance do nosso objetivo. Vidas comuns, preenchidas pelas coisas do cotidiano, participativas, divididas entre o espaço doméstico, o trabalho e o lazer, após as instalações insidiosas da doença ocasionadas pelo trabalho que faz LER/DORT são modificadas no jeito de viver e levadas a percorrer um calvário, até a definição do diagnóstico, sendo este calvário representado pelos sintomas, pelo preconceito, pelo medo de perder a função ou gratificação. No entanto, a constatação do estado da doença e da perda da qualidade de vida levou as pessoas a buscarem uma resposta a esse trabalho repetitivo, mudando de função, aprendendo outras formas de viver, retomando os estudos e antigos prazeres abandonados, levando-as a olhar para o futuro em busca de novos horizontes. A pesquisa através da leitura repetida das entrevistas provocou nas pesquisadoras emoções fortes e um alento a mais 12 . A referência bibliográfica encontra-se na página 13. 22
  • 23. Andréa Liliam para enfrentar o desafio de promover na instituição discursos sobre as mudanças que o trabalho impõe ao trabalhador tão bem descritas por Albornoz13 e Dejours14 , em busca de formas de minimizar os efeitos de um trabalho tão estressante e de efeitos tão insidiosos. Diante de todos os fatos vividos e mencionados concluímos que, como já se explicou, as causas de LER/DORT são múltiplas e complexas originadas de fatores isolados e conjuntos, mas que exercem seus efeitos de forma simultânea e interligada. As LER/DORT resultam da superutilização do sistema osteomuscular, instalando-se progressivamente no trabalhador sujeito a fatores de risco técnico-organizacionais. Ao se compreender os mecanismos dessa multicausalidade, percebe-se a necessidade da abordagem global para se prevenir as LER/DORT. Por fim, as vidas dos trabalhadores acometidas por LER/DORT nas varas do Tribunal Regional do Trabalho de Maceió mudaram consideravelmente. Após o diagnostico da doença, estes passaram a viver de forma que mudaram suas vidas extra trabalho para render mais no ambiente do trabalho. Estas constatações confirmaram nossas advertências de que o tratamento dos doentes acometidos pela LER/DORT deve objetivar, portanto, a exploração dos potenciais remanescentes, a melhora da qualidade de vida e não apenas o controle da dor, pois, apesar do seu alívio permitir melhora da qualidade de vida em significativa parcela dos indivíduos, nem sempre há correlação entre ambas as condições. Componentes biológicos, emocionais e sociais podem estar tão comprometidos devido à prolongada duração da dor que é preciso ter uma avaliação além da dor, considerando todos os fatores mencionados anteriormente. Por fim concluímos que a vida dos portadores da doença nas varas do Tribunal Regional do Trabalho de Maceió mudou significativamente após o diagnóstico da LER/DORT. Após toda a revisão de literatura e a análise dos depoimentos tomados consideramos o seguinte: que as autoridades locais, os médicos, enfermeiros e demais profissionais envolvidos no cuidar destes trabalhadores acometidos pela LER/DORT sejam sensíveis e encontrem formas de minimizar as inadequações dos ambientes de trabalhos para que a prevenção da LER/DORT seja proclamada em todos os ambientes deste Regional. Assim sendo os resultados do estudo propõem: • Que o Tribunal Regional do Trabalho melhore as instalações físicas, elétricas e ergonômicas dos ambientes das Varas de trabalho; 13 . ALBORNOZ, S. O que é trabalho. Rio de Janeiro (RJ): Brasiliense; 1993. 14 . DEJOURS, C. A Loucura do trabalho. 3ª ed. São Paulo (SP): Cortez; 1988. 23
  • 24. O Portfólio – Nos Bastidores das Aulas de Psicologia Institucional • Conceda a prática da ginástica laboral orientada voltada exclusivamente para prevenção da LER/DORT; • Que estude e identifique os trabalhadores acometidos pela referida doença juntamente com o setor de saúde local, para que possam ser transferidos sem que haja perda salarial; • Que nos setores de maiores agravos sejam instalados temporizadores nos microcomputadores para que se dê pausa necessária para o descanso do operador deste; • Política de sensibilização: dirigida aos chefes, diretores e gerentes, com o objetivo de comprometê-los com a implantação de um programa de prevenção da LER/DORT; • Política de conscientização: conjunto de tarefas informativas e orientadas visando conscientizar-se o conjunto dos trabalhadores sobre a gravidade das LER, levando-os a desenvolver atitudes prevencionistas. Nesse aspecto, o Programa contém sugestões e orientações sobre mudanças na organização do trabalho, no mobiliário e nos equipamentos, para que sejam atingidas as transformações pretendidas; • Que sejam dados treinamentos internos para melhorar as relações interpessoais; • Que seja estimulada a criação de grupos da referida patologia para ajudarem na convivência com a doença. Trabalho E Gênero No Brasil Nos Últimos Dez Anos15 Um Panorama da Situação das Mulheres no Mercado de Trabalho Brasileiro Desde a Última Década do Século XX Até os Primeiros Anos do Novo Milênio. As trabalhadoras têm, de um lado se tornado mais velhas, casadas e mães e de outro permanecido com as responsabilidades pelas atividades domésticas e cuidados com os filhos e outros familiares. Nas últimas décadas do século XX, o país passou por importantes transformações demográficas, culturais e sociais que tiveram grande impacto sobre o aumento do trabalho feminino. Como por exemplo: • a queda da taxa de fecundidade, sobretudo nas cidades e nas regiões mais desenvolvidas do país; 15 . A referência bibliográfica encontra-se na página 13. 24
  • 25. Andréa Liliam • a redução no tamanho das famílias; • o envelhecimento da população, com maior expectativa de vida ao nascer para as mulheres (75,5 anos) em relação aos homens (67,9 anos); • a sobre-presença feminina na população idosa; • a tendência demográfica mais significativa, que vem ocorrendo desde 1980, que é o crescimento acentuado de arranjos familiares chefiados por mulheres. Ao longo dos anos 1970 e 1980, foi feito um sério trabalho de crítica às estatísticas oficiais, consideradas inadequadas para mostrar a real contribuição das mulheres à sociedade. Para dar um exemplo, nos levantamentos censitários e domiciliares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o trabalho doméstico realizado no domicílio pelas donas de casa não era sequer contabilizado como atividade econômica. As informações sobre essa categoria não eram sequer divulgadas e o conhecimento sobre ela ficava restrito aos responsáveis por essas pesquisas oficiais, ou na dependência de tabelas especiais ou pesquisas pontuais. Mais recentemente, a partir da divulgação dos resultados das pesquisas do IBGE em microdados, tornou-se possível obter informações sobre esse conjunto de atividades, que consome tempo e energia de quem as realiza e que, na verdade, deveria ser considerado um trabalho não remunerado, e não inatividade. Já estudo recente da UNIFEM16 chama a atenção para a ambigüidade e a variedade de termos utilizados para tornar visíveis todos os serviços prestados e/ou trabalhos realizados pelas mulheres – trabalho doméstico, trabalho não remunerado, trabalho reprodutivo, trabalho na unidade doméstica, trabalho de cuidado não remunerado aos membros da família – e retoma a proposta de computar o valor desses serviços ou trabalhos através da mensuração do tempo gasto para realizá-los. A expansão da escolaridade, à qual as brasileiras vêm tendo cada vez mais acesso, é um dos fatores de maior impacto sobre o ingresso das mulheres no mercado de trabalho. A escolaridade das trabalhadoras é muito superior à dos trabalhadores, diferencial de gênero que se verifica também na população em geral. Nos últimos dez a 15 anos (1992-2005) as trabalhadoras brasileiras obtiveram algum progresso no mercado de trabalho, embora tenham persistido, ao mesmo tempo, inúmeras condições desfavoráveis. Movidas pela escolaridade, seja a de nível médio, no qual as jovens superam os jovens, seja a de nível superior – no qual as mulheres consolidaram presença bem mais elevada do que a dos homens – as trabalhadoras mais instruídas passaram a ocupar postos em 16 . United Nations Development Funds For Women 25
  • 26. O Portfólio – Nos Bastidores das Aulas de Psicologia Institucional profissões de prestígio – medicina, direito, magistratura, arquitetura e mesmo na engenharia, tradicional reduto masculino – assim como cargos executivos em empresas do setor formal, entretanto, o maior contingente de trabalhadoras, mais de 30% da força de trabalho feminina, continua sendo composto por um grupo de ocupações precárias: empregadas domésticas – 75% das quais sem registro em carteira – trabalhadoras não-remuneradas e aquelas que trabalham para o próprio consumo e o consumo familiar, principalmente no setor agrícola. A persistência de traços de segregação se revela também em outras dimensões: na esfera ocupacional, em que as trabalhadoras continuam se localizando, em maior número, em setores, ocupações e áreas de trabalho tradicionalmente femininas, como o setor de serviços, o social, a administração pública; em cursos, profissões e empresas em segmentos culturais, sociais e de humanidades; no desemprego mais elevado e nas desigualdades salariais em relação aos colegas do sexo oposto, em todas as situações examinadas, mesmo quando as condições são semelhantes entre os sexos, como na jornada de trabalho, no nível de escolaridade e outras. Mas as condições de desigualdade perante os homens se revelam também na persistência da responsabilidade das mulheres e das mães pelos afazeres domésticos e pelos cuidados com as crianças e demais familiares, como se constatou através do elevado número semanal de horas de trabalho que elas dedicam a essas atividades. Este perfil de força de trabalho feminina tem se mantido desde os anos oitenta do século XX, quando começou a ser forjado: mulheres mais velhas, casadas e mães trabalham, mesmo quando os filhos são pequenos, apesar das dificuldades para conciliar responsabilidades domésticas, familiares e profissionais. As taxas de atividade das mães aumentaram na década analisada, mesmo quando os filhos são muito pequenos, mas são mais elevadas quando eles chegam aos 7 anos e elas passam a ser ajudadas pela escola. Texto Sobre Agrotóxicos Que Eu Encontrei No Yahoo Notícias17 Como para mim foi excitante pesquisar o artigo sobre agrotóxicos para apresentá-lo no seminário, não pude deixar passar desapercebido o texto abaixo, que exerceu sobre mim igual atração. 17 . www.yahoo.com.br 26
  • 27. Andréa Liliam Veneno disfarçado de alimento Qui, 20 Nov, 02h04 Por Giuliana Reginatto São Paulo, 20 (AE) - Atualizado em 21 de novembro Comer frutas, legumes e verduras. O mantra da alimentação natural, protegido pela fama de saudável, pode esconder inimigos mais perigosos que calorias em excesso. A dupla alface com tomate, por exemplo, é inofensiva ao regime mas está entre os alimentos com o maior risco de exposição a agrotóxicos - o mesmo vale para o morango, outro queridinho das dietas. "De acordo com os resultados da Anvisa para 2007, o percentual de amostras insatisfatórias entre as alfaces foi de 40%, índice que chega a 44,7% entre os tomates. Nos dois casos isso se deu pelo uso de agrotóxicos não-autorizados", explica o biólogo Frederico Perez, doutor em saúde pública e pesquisador da Fiocruz. Peres lembra que os níveis elevados de amostras insatisfatórias entre os morangos têm sido observados desde 2002. "Nos morangos foram encontrados resíduos de cinco tipos de agrotóxicos autorizados, mas eles estavam acima do Limite Máximo de Resíduo (LMR) preconizado pela OMS", detalha. Tomates e morangos são espécies sensíveis, muito suscetíveis ao ataque das pragas, o que explica o uso intensivo de pesticidas. "Após aplicar um pesticida é preciso respeitar o prazo de carência para consumir o alimento. Como fazer isso no tomateiro, em que há frutos em diversos estágios, de verdes a maduros? Se o agricultor esperar a carência para colher, grande parte irá se perder", diz o ecólogo José Maria Gusman Ferraz, pesquisador do Embrapa Meio Ambiente, com pós-doutorado em agroecologia. Se cultivar tomates pelo método tradicional já é um processo complicado, garantir sua produção sem pesticidas que combatam as pragas, como pede a cartilha dos alimentos orgânicos, pode aumentar as perdas e tornar o alimento caro demais. Na Capital o quilo de tomate orgânico chega a custar mais de R$ 13 – ante R$ 1,18 do tipo tradicional, como indica uma pesquisa aplicada pelo Pro teste: Associação Brasileira de Defesa do Consumidor. Para quem pode pagar, o valor compensa: entre as amostras estudadas pelo órgão, colhidas em dez estabelecimentos da Cidade, só os produtos orgânicos apresentaram ausência de resíduos de agrotóxicos. 27
  • 28. O Portfólio – Nos Bastidores das Aulas de Psicologia Institucional Foram submetidos à análise do Pro teste, além de tomates, também morangos, maçãs e limões. Em mais de um quarto dos hortifrútis havia resíduos de agrotóxicos. "Quase metade dos resíduos detectados vem de pesticidas não-autorizados pela lei brasileira", comenta a bióloga Fernanda Ribeiro, pesquisadora de alimentos do Pro Teste e coordenadora da pesquisa. "O resultado foi melhor do que o esperado, mas isso se dá porque a legislação brasileira é muito permissiva. O LMR, que quando respeitado não deveria provocar danos à saúde, é subjetivo porque tem um caráter geral, desconsiderando populações frágeis, como as crianças." O pesquisador do Embrapa argumenta que agrotóxicos mal administrados, além de agredirem a saúde, podem atacar a natureza. "Agrotóxicos também contaminam a água. Calcula-se que os EUA, campeões no consumo mundial de agrotóxicos, tenham gastado cerca de R$ 8 bilhões em um ano por conta de problemas ambientais ligados a essas substâncias. O Brasil, que se alterna com o Japão no segundo lugar do ranking, também vai pagar a conta." Segundo Ferraz, o uso de agrotóxicos é atraente por facilitar o cultivo fora de época. "No passado se comia morango no frio, manga no fim do ano. Hoje se encontra de tudo o ano todo. O problema é que entre os nutrientes aplicados nas culturas está o nitrogênio, que se degrada em nitrito e nitrato, substâncias cancerígenas. Como são elementos solúveis, absorvidos pela planta, o agrotóxico se torna sistêmico, penetra na estrutura. Neste caso, usar vinagre como anti-séptico, por exemplo, mata só fungos, bactérias e vermes superficiais, mas não tem efeito contra resíduos. A saída é procurar o selo de procedência do alimento no mercado ou recorrer a orgânicos. Você gasta mais com eles, mas poderia gastar mais na farmácia." Na opinião de Sérgio Graff, toxicologista da disciplina clínica médica da Unifesp, as pesquisas não justificam a mudança de hábitos alimentares. "Há confusão entre resíduo de agrotóxico e contaminação por agrotóxico. O LMR é calculado com grande margem de segurança: após testes em animais é estabelecida uma dose 100 vezes mais fraca para o homem. Isso significa que ao ingerirmos essa quantidade limite de resíduos na fruta durante a vida toda não teríamos, teoricamente, problemas. Pode ser, porém, que em alguns anos vejamos que não é bem assim." Graff explica que os agrotóxicos permitidos no Brasil "teoricamente não podem ter indícios de ação cancerígena". Na opinião dele, faltam estudos para estabelecer relações mais precisas entre pesticidas e problemas de saúde. "As pessoas estão expostas a outros tipos de produtos químicos nocivos, como os derivados de petróleo", argumenta o médico. Sob o ponto de vista do professor doutor Angelo Trapé, coordenador de saúde ambiental da Unicamp, as irregularidades nos 28
  • 29. Andréa Liliam hortifrútis paulistanos não ameaçam a saúde. "Fica a impressão de que a pessoa está comprando um alimento contaminado. Isso é uma perversidade porque só a classe A tem acesso a orgânicos, vendidos a preços exorbitantes pelos mercados. O que falta é uma política pública eficiente que ensine o pequeno agricultor a usar corretamente o pesticida, falta acesso à tecnologia e fiscalização mais adequada", analisa Trapé. Copyright © 2008 Agência Estado. Todos os direitos reservados. 29